CONEXÃO EXPLICA OS DETALHES DESSE TEMPO DE RESGATE ÀS COISAS DO ALTO.
Com a Quarta-Feira de Cinzas, começa oficialmente o tempo da Quaresma e o Ciclo Pascal. Quaresma é um tempo forte na caminhada do ano eclesiástico. Convite e apelo para o silêncio, a prece, a conversão.
A palavra quaresma deriva do latim quadragésima, isto é: o quadragésimo (40°) dia antes da páscoa. É tempo de preparação para a celebração anual do mistério pascal. Tem a duração de quarenta dias, sem contar os domingos, nos quais não se faz penitência. Começa na Quarta-Feira de Cinzas e vai até a manhã da Quinta-Feira Santa, com a celebração da Bênção dos Santos Óleos.
40 (QUARENTA)
O número quarenta tem, na bíblia, grande força simbólica: quarenta anos transcorridos pelo povo no deserto; quarenta dias em que Moisés e Elias se prepararam para encontrar-se com Deus no Monte Horeb; quarenta dias e quarenta noites: duração do dilúvio; por quarenta dias Jonas pregou a penitência aos habitantes de Nínive; o próprio Jesus passou quarenta dias no deserto, lutando contra as tentações e preparando-se para a missão. Quarenta indica tempo de caminhada, purificação, renovação espiritual.
Com a Quaresma, inicia-se o ciclo pascal, cujo ponto mais alto é o tríduo pascal (Sexta-Feira Santa,
Sábado Santo e Domingo da Ressurreição), e se prolonga até a solenidade de Pentecostes.
Os domingos do tempo quaresmal são chamados de i, li, iii, iv e v domingos da Quaresma. O sexto domingo, no qual se inicia a semana santa, chama-se Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor.
Características do tempo quaresmal:
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) oferece-nos clara síntese das características do tempo quaresmal: mais do que simples preparação para a Páscoa, a Quaresma é tempo de grande convocação para que toda a Igreja se deixe “purificar do velho fermento para ser uma massa nova, levedada pela verdade”.
“É tempo de nos convertermos ao projeto de Deus, ouvindo e acolhendo Sua palavra sempre viva e eficaz, que nos faz retomar o que fizemos no batismo: a opção fundamental de nossa fé. Dedicando mais tempo à oração, vamos fortalecendo as razões de nossa esperança e assumindo o verdadeiro e mais agradável jejum: a prática do perdão, da justiça e da caridade como compromisso de ‘volta ao primeiro amor’, selado na fonte batismal”, diz a CNBB.
Quaresma: aspectos simbólicos e pastorais
- cor roxa. Tem sentido penitencial. No 4° domingo, porém, por ser considerado domingo da alegria, pode-se usar a cor rosa.
- imposição das cinzas. Na bíblia, como na maioria das religiões antigas, as cinzas simbolizam a insignificância humana. Diante de deus, o ser humano é frágil e pecador. Por isso, a liturgia das cinzas, na quarta-feira, lembra aos fiéis sua condição de criaturas pecadoras e a necessidade de conversão.
- celebração penitencial. A comunidade reúne-se para ouvir a palavra de Deus, que convida à conversão e anuncia a nossa libertação do pecado pela morte e ressurreição de Cristo. O ritual da penitência propõe dois esquemas de celebração penitencial adequados ao tempo da Quaresma.
- sacramento da reconciliação. Além das celebrações penitenciais, nem sempre acompanhadas do sacramento da reconciliação, a Igreja incentiva a prática da confissão sacramental. É ocasião favorável para o discípulo de Cristo voltar-se para Deus. Esta conversão interior, que compreende o arrependimento do pecado e o propósito de uma vida nova, expressa-se “pela confissão feita à Igreja, pela necessária satisfação e pela mudança de vida”.
- jejum. QUARTA-FEIRA DE CINZAS e SEXTA-FEIRA SANTA: Todo católico a partir de 14 anos deve fazer abstinência de carne obrigatória nestes dias. Católicos a partir de 18 anos devem fazer JEJUM, além da abstinência de carne vermelha ou de aves. Para fazer isso, basta renunciar a uma das principais refeições do dia (almoço ou jantar). Pode tomar água à vontade. Pessoas com problemas de saúde e grávidas podem substituir o jejum por outros atos de piedade e caridade. Quem quiser e puder fazer um jejum mais rigoroso, pode passar o dia todo a pão e água. DURANTE TODA A QUARESMA – exceto aos domingos: A Igreja recomenda (mas não obriga) que façamos abstinência parcial e jejum. Ou seja, se a pessoa costuma comer carne no almoço e no jantar, deve comer carne somente em uma das refeições principais. Quanto ao jejum, deve renunciar a algum tipo de alimento que o ajude a se mortificar (não comer chocolate durante toda a Quaresma, por exemplo). NAS SEXTAS-FEIRAS DA QUARESMA: A Igreja recomenda (mas não obriga) que façamos abstinência de carne e jejum.
- oração. Os cristãos são convidados a intensificar a oração pessoal e comunitária, como expressões de intimidade com Deus e desejo profundo de realizar a sua vontade.
- prática da caridade. Os fiéis são incentivados, pelas diversas orações, à prática da justiça e do amor fraterno. O 3° prefácio da Quaresma convida-nos a quebrar nosso orgulho e imitar a misericórdia de Deus, repartindo o pão com os necessitados.
- palavra de Deus. A Igreja oferece um verdadeiro “banquete” de textos bíblicos apropriados à Quaresma, e incentiva os fiéis a ouvir com mais freqüência a palavra de Deus.
- ausência do aleluia. Durante a quaresma, a igreja deixa de proclamar o aleluia, para entoá-lo solenemente na vigília pascal, enfatizando assim a importância e o caráter festivo da Páscoa.
O tempo por excelência para viver a oração, a caridade e o jejum e se preparar para a Páscoa é a quaresma. “O sacrifício é para educar o corpo, a caridade para sair de si e ir ao encontro do outro e a oração é essa experiência de Jesus no deserto, de falar com Deus e contemplar a Deus”, explicou o padre Carlos Eduardo da Silva, da arquidiocese de Niterói.
De acordo com o padre Carlos Eduardo, a oração é importante para receber de Deus toda a graça necessária para perseverar nesse tempo e realmente mudar de vida. É um tempo de “rasgar o coração”, como relembra o profeta Joel na primeira leitura da quarta-feira de cinzas. “O tempo da quaresma na espiritualidade própria é um tempo de rasgar as vestes, um tempo em que a Igreja nos possibilita recordar a nossa miséria e nossa condição de pecador, mas não parar aí”, ressaltou.
É importante viver o chamado à conversão por excelência e compreender que esse tempo de deserto, de rasgar as vestes também pode haver a tentação. “É o Espírito também que nos conduz a essa conversão mesmo, que sejamos tentados pelo demônio, mas para sair dali como Cristo: vencendo o demônio”, disse.
Páscoa e conversão
A ressurreição de Jesus e a Páscoa são o ápice da fé e dá sentido a todos os tempos litúrgicos. “É a partir da Páscoa que todo o restante ganha o seu sentido, inclusive a Quaresma dentro desse ciclo litúrgico”, explicou padre Carlos Eduardo. O Ressuscitado que passou pela cruz é que dá sentido a todos os tempos litúrgicos porque Ele é o “verbo divino, que não só se fez carne, mas morreu por nós”.
Assim como no advento, a cor litúrgica da quaresma é o roxo. No entanto, há uma diferença importante entre os dois períodos. “O advento é aquela chamada de atenção de vamos nos preparar para o Senhor que vem e a Quaresma a experiência da conversão propriamente dita na radicalidade do tempo próprio”, ressaltou.
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Roger Campos
Jornalista
MTB 09816
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