Nossa Mãe, Adriene e Ucha mudaram os destinos da nossa terra

Muitos, ainda hoje, apesar da globalização da comunicação, do mega fluxo de informações, não entendem muito o valor desta data, o 8 de Março. Uns acham a data piegas e a menosprezam. Tudo porque, quer seja no ambiente familiar, universitário ou do trabalho, muitas mulheres recebem um ‘parabéns’, uma rosa vermelha e nada muito além disso. Virou um rito, algo quase que obrigatório e robotizado na cabeça de muitas pessoas. O 8 de Março é, na verdade, um marco, um símbolo de lutas e de vitórias, de busca por espaço e por conquista de direitos. Não é querer ser mais que os homens, é apenas querer ser igual! Em direitos e deveres.

Todas as gerações de mulheres que antecederam as mulheres de hoje devem ser lembradas e reverenciadas, pois ajudaram a tirar a mulher do hoje daquela caixinha que o machismo sempre as colocou, usurpando seu espaço, calando sua voz e impedindo que elas crescessem, mostrassem seu talento e capacidade.

Mulher pode ser o que ela quiser, ir onde achar que deve, olhar de igual para igual com um homem, ser livre e respeitada.

Gerações de mulheres trabalharam para proporcionar a todas as mulheres o direito de estudar, de votar, de ter uma profissão, de ter uma carreira, mas sobretudo de ter o direito de sonhar em ser quem quiser ser. A todas elas, do passado, e a cada uma delas, do presente, nossa homenagem, respeito, apoio e admiração.

E para homenagear todas as mulheres, o Conexão Três Pontas escreve esta reportagem especial destacando três figuras ímpares, históricas e absolutamente relevantes para o desenvolvimento de Três Pontas. Nos baseamos em três vertentes: a fé, a política (que engloba cultura, arte e acesso às necessidades básicas) e o café. Falaremos de Nossa Mãe, de Adriene Barbosa e de Carmem Lúcia, a ‘Ucha’. Mas também poderíamos falar de outras três mulheres geniais, certamente de trinta ou até mais. Bem mais…

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NOSSA MÃE

Madre Tereza é natural de Borda da Mata, no Sul de Minas. Ela é uma das fundadoras do Carmelo São José, em Três Pontas (MG), cidade onde faleceu, anos 89 anos, em 2005. A carmelita ficou conhecida como “Nossa Mãe” em virtude do acolhimento, orações e conselhos que destinava aos que a procuravam.

Era a quinta filha de Francisco Marques da Costa Júnior e D. Mariana Resende Costa.  Foi batizada na igreja de Nossa Senhora do Carmo em 10 de fevereiro de 1916.

Os pais desejavam que os filhos pudessem estudar. Impôs-se a urgência de procurar uma residência em cidade maior. Assim a família transferiu-se para a cidade de Cruzeiro no Estado de São Paulo, com escolas maiores e com mais recursos. Vence a resistência paterna, e aos 29 de maio de 1937, como postulante entra no Carmelo de Mogi das Cruzes.  Em 20 de Junho, apenas vinte dias após a entrada no Carmelo, é atingida por uma grande dor por causa da morte de seu pai.

Ao receber o hábito de noviça recebeu o nome de Tereza Margarida Coração de Maria. Sua constante oração: “Mãe, que o vosso Coração, seja o lugar da união, de Jesus com Tereza Margarida”.

Madre Tereza Margarida do Coração de Maria morreu em 14 de novembro de 2005, em Três Pontas.

O processo para a beatificação de Madre Tereza foi aberto em março de 2012. A declaração de venerável pelo Vaticano é a primeira etapa deste processo. Depois disso, para ser considerada santa perante os católicos, há a beatificação e canonização. As duas etapas exigem a comprovação de um milagre.

Dentre os milagres atribuídos à Madre Tereza, relatados no site que pede a beatificação dela, estão casos de curas de tumor e outras doenças, graças alcançadas pela intercessão dela, dentre outros testemunhos. Eles estão sendo analisados pelo Vaticano.

ADRIENE BARBOSA DE FARIA ANDRADE

Adriene Barbosa de Faria Andrade, ex-prefeita de Três Pontas (2001-2004) e ex-presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM), começou a escrever seu nome na história de Três Pontas através de um trabalho destacado e impressionante à frente da Apae local. Carismática, competente e querida por todos, foi a responsável direta pelo crescimento da entidade que hoje vive seguidas expansões e gestões absolutamente elogiadas. Mas tudo isso que se vê hoje não seria realidade sem tudo aquilo que Adriene plantou e adubou com muito trabalho, amor e dedicação lá atrás.

Graduada em Direito pela Faculdade Milton Campos, ocupou diversos cargos públicos relevantes, dentre eles, o de prefeita do município de Três Pontas e de presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM), por dois mandatos. Foi presidente da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Três Pontas, além de delegada regional e membro do Conselho de Administração da Federação Estadual de APAEs, atuando por 14 anos em defesa de políticas públicas para pessoas com deficiência.

Ela foi a primeira mulher a ocupar o cargo de conselheira e presidente no TCE mineiro.

Ao longo de sua vida pública, Adriene Barbosa de Faria Andrade foi condecorada com importantes insígnias, entre elas, o Colar do Mérito da Corte de Contas Ministro José Maria de Alkmim, a Medalha da Ordem do Mérito Legislativo e a Medalha do Grande Mérito Municipalista.

Nomeada conselheira do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, Adriene Barbosa de Faria Andrade tomou posse no dia 10 de novembro de 2006. Foi corregedora da Corte no biênio 2009/2010 e vice-presidente no biênio 2011/2012.  Ela foi a primeira mulher nomeada conselheira do TCE-MG e também a primeira presidir o Tribunal de Contas mineiro, em 2013 e 2014.

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Na política trespontana foi a responsável pela realização de inúmeras obras, conquistas indeléveis que aportaram em Três Pontas graças ao seu trabalho. Ações que serão notadas, sentidas e celebradas por muitas gerações. Para citar apenas um exemplo: Fateps, a tão sonhada faculdade em Três Pontas, que era utopia, sonho distante, hoje é realidade, muito disso graças a ela.

Então esposa do ex-senador Clésio Soares de Andrade, faleceu em decorrência de um câncer no dia 16 de abril de 2018, aos 53 anos. Ela deixou dois filhos do primeiro casamento: Diego Barbosa de Faria Brio e Bruna Barbosa de Faria Brito.

CARMEM LÚCIA ‘UCHA’

O café é uma das principais riquezas do país e segue escrevendo páginas de desenvolvimento em Três Pontas ao longo de sua história. Pessoas, famílias, gerações dedicadas ao ‘ouro verde’. E uma das pessoas, dotada de um know-how absolutamente incomparável, é Carmem Lúcia Chaves de Brito, a ‘Ucha do Café’, a ‘Ucha de Três Pontas’, a ‘Ucha que transforma vidas!’

Ela é a primeira mulher a assumir a presidência da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA). Uma profissional reconhecida no Brasil e no mundo por sua liderança e também por sua sensibilidade, seu feeling no sentido de vislumbrar e sempre achar os melhores caminhos para o setor cafeeiro.

Além de toda a representatividade que Ucha tem, ela também segue com três objetivos claros: expandir e qualificar o mercado de cafés especiais; manter o legado de sua família tradicional em torno do café e ainda seguir transformando vidas através da cafeicultura.

Carmem Lúcia é hoje uma das principais vozes do café e vem de uma família que produz café arábica há mais de um século. Sendo criada no meio das lavouras, aos 16 anos ela optou por estudar no Rio de Janeiro. Se formou em Educação Física e também em Psicologia. Voltou para Minas Gerais no ano de 2006. Após o falecimento de seu pai decidiu abraçar novamente a cafeicultura e manter o legado de sua família.

Carmem Lúcia, a Ucha, primeira mulher a presidir a BSCA, de Três Pontas para o mundo, administra duas fazendas da sua família: a Caxambu e Aracaçu. Locais onde se trabalha vislumbrando a mais alta qualidade ao mesmo tempo em que se distribui carinho e atenção, onde os trabalhadores são realmente valorizados e onde os grãos repousam em uma área com pouca luminosidade e até com música clássica. Uma forma lúdica e ao mesmo tempo real de dar um merecido descanso a esse grão, apaixonadamente sagrado.

Carmem Lúcia segue seu caminho de liderança, levando e elevando o nome de Três Pontas, fortalecendo sua principal riqueza e auxiliando de forma direta no desenvolvimento do município, da cafeicultura e de cada trabalhador que tem os pés fincados na lavoura e as mãos erguidas ao céu em forma de agradecimento, fé e esperança.

Ah essas três mulheres!

Três ‘pontas afiadas’, desbravando o impossível, extirpando o comodismo, resistindo às dificuldades e cravando seus nomes, seus verdadeiros legados!

Que lindas histórias, quanta contribuição para nossa gente!

Nos resta agradecer e aplaudir…

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Roger Campos

Jornalista / Editor Chefe

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