Um tema despertou a atenção dos trespontanos nos últimos dias depois que o Conexão Três Pontas postou uma reportagem sobre a militarização das escolas públicas, uma realidade em diversas cidades do Brasil, inclusive em Pouso Alegre, aqui no sul de Minas, que transformou m cenário de violência, drogas, vandalismo e desinteresse em escolas modelo. Diversas pessoas participaram da enquete feita pelo portal e a grande maioria se mostrou a favor. Um especialista que vivenciou a militarização de escolas, o trespontano Renato Tempesta também falou ao Conexão.
Opiniões
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Especialista, trespontano fala sobre a Militarização
“Sou suspeito para falar sobre esse assunto. Eu sou um Militar Reformado do Exército e os meus últimos 11 anos no Exército servi no COLÉGIO MILITAR DE BRASÍLIA-DF. Alguem falou sobre opressão que é feita sobre os alunos, e fico pensando que esses mais de 10.000 alunos que passaram por mim são todos meus amigos, e o mais importante é que todos tem nível superior em várias áreas do conhecimento: Médicos, Engenheiros, Advogados, Juízes, Oficiais das Forças Armadas e Forças Auxiliares, Policiais Civis, Policiais Federais, etc..
Enfim todos muito bem situados na vida e no meu caso particular, os meus três filhos estudaram no Colégio Militar sendo que o mais velho é Engenheiro agrônomo e trabalho no BB, o outro é Coronel do Corpo de Bombeiros do DF e a minha Filha trabalha no Tribunal de Justiça do DF. INFORMO QUE COLÉGIO MILITAR não Militariza ninguém e muito menos educa, simplesmente ensina aos alunos o que é disciplina e o que é hierarquia. Sem disciplina ninguém faz nada na vida e o resultado é esse que todos estão vendo aí, ou seja, alunos semianalfabetos é que espancam professores… Mas como eu disse no início sou suspeito para falar.
Quem critica, será que entrou em um Colégio Militar? Em que Colégio um menino ou menina tem oportunidade de experimentar todas as modalidades de esportes, exemplo: natação, quitação, esgrima, atletismo, futebol, basquete, etc? Eu sou da primeira turma do Colégio Estadual de Três Pontas e o ensino naquela época era excelente, não tinha diferença do ensino praticado nos Colégios Militares. Quando fui servir o Exército fiz concurso para a Escola de Sargentos das Armas e passei em 3º Lugar sem fazer cursinho.
Servindo o Exército como Sargento de infantaria eu não tinha tempo para estudar, mas quando fui para a reserva remunerada (aposentei) fiz vestibular para Engenharia e graças aos ensinamentos adquiridos com o professor Manuelzinho da Farmácia e o Professor Zino, ambos de matemática, consegui concluir o curso de Engenharia Civil em 4,5 anos. Logo a seguir fiz pós graduação em grandes estruturas e estou concluindo mais uma pós graduação em Georreferenciamento e Geoprocessamento…
Como eu nasci na roça e entrei atrasado para Escola em Três Pontas, tive que estudar muito, porém tive excelentes professores no antigo curso Ginasial e isto me guiou pela vida, pois quando eu servia o Exército com Sargento me especializei em Agrimensura e Topografia… Trabalhei 11 anos no Colégio Militar de Brasília e te digo que a Criança que estuda em um Colégio Militar tem muito mais oportunidades na vida do que aquelas que estudam em outros colégios… Todos os Anos, muitos alunos que estão formando em CM recebem Bolsas de Estudos para as Universidades Americanas, como HARVARD… As crianças que lá estudam fazem um vestibular que muitos adultos com curso superior não dão conta de passar e nenhuma criança é obrigado a ficar no Colégio Militar, pois essa vaga é disputada por milhares de crianças….
Veja nos meus contatos, a grande maioria foram meus alunos no CMB e nunca encontrei um Aluno que hoje em dia não esteja muito bem na vida”, destacou Renato Tempesta.
ESCOLA MILITARIZADA
Na prática, os militares assumem a administração da escola, enquanto a parte pedagógica (professores e métodos de ensino) segue sob a alçada da Secretaria de Educação.
Entre as funções dos militares, estão as de cunho administrativo – o comandante e o sub-comandante fazem parte do corpo diretivo – e também as de “coordenadores de disciplina”, que são responsáveis por fazer com que os alunos cumpram as regras da cartilha militar.
O dia a dia dos alunos de unidades militarizadas já começa diferente ao sair de casa para ir à escola. Antes, bastava colocar a camiseta do colégio, agora é preciso vestir o uniforme militar completo de estudante e cuidar para que tudo esteja “nos trinques” – uma camisa para fora da calça já pode gerar uma chamada de atenção.
O corte de cabelo dos meninos agora é “padrão militar”, e as meninas devem manter o seu preso. Esmalte escuro é proibido, assim como acessórios muito chamativos. Mascar chiclete, falar palavrão ou se comunicar com gírias (“velho”, “mano”, “brother”) também são práticas banidas da escola desde que ela se tornou militar.
Ao chegarem à escola, o tradicional “bom dia” foi substituído por uma continência. “Ela é a nossa saudação, para o professor ou entre os alunos, é um jeito de dizer ‘bom dia, como vai?’”, explica o capitão Santos. Daí vem o perfilamento em formação militar seguido da revista de um “coordenador de disciplina” para evitar que alguma regra seja desrespeitada. Uma vez por semana, há também a formação geral para cantar o hino nacional e o hino à bandeira, enquanto a mesma é hasteada conforme manda o protocolo militar.
Além dos novos hábitos, os alunos ganham também novas aulas. O currículo do Ministério da Educação (MEC) é mantido, mas os militares adicionam à grade aulas de música, cidadania, educação física militar, ordem unida, prevenção às drogas e Constituição Federal.
Apenas em Minas, são mais de 20 mil alunos frequentando escolas cujo uniforme remete à farda militar, divididos em 24 colégios, dois do Exército e 22 da PM – dois deles inaugurados neste ano, em Uberlândia, no Triângulo, e em Pouso Alegre, no Sul de Minas. E a intenção é continuar crescendo.
Roger Campos
Jornalista
(MTB 09816)