Francisco de Paula Victor (12 de abril de 1827 – 23 de setembro de 1905) nasceu escravo em Campanha (MG) e, contra todos os preconceitos da época, conseguiu realizar o sonho de ser padre.

Padre Victor foi batizado, em 20 de abril do mesmo ano, pelo padre Antônio Manoel Teixeira. Era filho da escrava Lourença Maria de Jesus. Sua madrinha de Batismo foi a senhora Marianna Bárbara Ferreira.

Pregou, pelo exemplo, a fé, a esperança, a justiça, a obediência e sobretudo, a caridade. Amava a Deus na pessoa do seu semelhante, de modo especial nos mais pobres. Os paroquianos, em suas necessidades, recorriam a ele. Padre Victor vivia de esmolas e dava esmolas.

Paroquiou Três Pontas, por cinquenta e três anos. Faleceu no dia 23 de setembro de 1905. A notícia abalou a cidade e toda a região, que já o venerava. A população chorou a morte de seu líder, de seu protetor, do mensageiro entre Deus e os homens. Ficou insepulto três dias e, de seu corpo, exalava perfume. Tendo em vista o grande número de pessoas que compareceram ao sepultamento, fez-se necessário fazer uma procissão pelas ruas da cidade, voltando novamente à Matriz, por ele construída, onde foi enterrado.

Restos mortais de Padre Victor expostos durante a Missa de Beatificação na Igreja Matriz em Três Pontas.

Padre Victor fundou a primeira escola da cidade, que formou pessoas que tiveram importante papel na região, como o primeiro bispo de Campanha, dom João de Almeida Ferrão, e o médico Samuel Libânio, que dá nome a um hospital de Pouso Alegre (MG).

A fama de pessoa caridosa transcendeu o período em que viveu, dando a Padre Victor milhares de devotos, que durante décadas peregrinaram até Três Pontas para pedir e agradecer bênçãos. E foi uma dessas histórias de fé que permitiu sua beatificação em 2015.

SINAIS DE SANTIDADE PARA OS CATÓLICOS

A beatificação é uma permissão de culto da Igreja Católica a uma pessoa que teve uma vida considerada “santa” e passa a interceder por outras. Para que a pessoa tenha esse título, é preciso ter um milagre associado a ela, ou seja, um acontecimento que não possa ser explicado cientificamente. A comprovação de um segundo milagre, eleva o beato a santo.

No caso de Padre Victor, o marco é a história de Maria Isabel de Figueiredo, que engravidou mesmo depois de ter a possibilidade descartada pelos médicos. Ao ouvir o diagnóstico em 2009, ela pediu intercessão do então venerável (título que o padre possuía antes de se tornar beato) e teve a primeira gravidez constatada em 2010. A filha Sofia nasceu em março de 2011. Isabel e o marido, José Maurício Silvério, ainda tiveram uma segunda menina, Alice, em 2015.

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Roger Campos

Jornalista

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