Três Pontas, sul de Minas, recebe no dia 12 de agosto um grande encontro de nomes do Clube da Esquina e MPB, o Feira Moderna. O festival, que ocorrerá na Fazenda Pedra Negra, patrimônio histórico da cidade, contará com shows de Lô Borges, Beto Guedes, Wagner Tiso, Nelson Ângelo, Francis Hime, Azymuth, Daniel Gonzaga, Compasso Lunnar convidando Frederah e a banda Marginália. O evento e a escolha dos artistas homenageiam os 40 anos do lendário “Show do Paraíso”, encampado por Milton Nascimento em sua terra natal em 1977, lembrado como o “woodstock mineiro”, e que colocou Três Pontas no mapa da música mundial pela revista Billboard.
R$ 5 de cada ingresso solidário e mais o kg de alimento exigido para essa modalidade de entrada serão destinados à Santa Casa de Três Pontas, que passa por graves problemas financeiros.
O MEGA EVENTO
“Feira Moderna – um Woodstock Mineiro” promove shows de Lô Borges, Beto Guedes, Wagner Tiso, Francis Hime e Azymuth dia 12 agosto em fazenda histórica de Três Pontas
Festival, que acontecerá na Fazenda Pedra Negra, a céu aberto, homenageia os 40 anos do lendário show do Paraíso; dentre as atrações ainda estão Nelson Ângelo, Daniel Gonzaga, Marginália, Quarteto Sentinela, Compasso Lunnar e o guitarrista Frederah
No dia 12 de agosto (sábado), Três Pontas (MG) escreverá mais uma página de sua íntima relação com a música brasileira. A primeira edição do projeto “Feira Moderna” homenageará os 40 anos de realização do show do Paraíso, promovido por Milton Nascimento em 1977. A majestosaFazenda Pedra Negra, patrimônio histórico da cidade, receberá em seus terreiros de café 12 horas de shows com apresentações de Lô Borges (relembrando o épico “Disco do Tênis”), Beto Guedes, Wagner Tiso, Francis Hime, Nelson Ângelo e o grupo instrumental Azymulth – nomes do Clube da Esquina e da rica cena do país da década de 1970 que estiveram naquele que ficou conhecido como o “Woodstock Mineiro”.
Homenageando uma das grandes vozes que estiveram no show do Paraíso e que já nos deixou, Gonzaguinha, o Feira Moderna também contará com show de seu filho, Daniel Gonzaga. E o palco do festival ainda receberá performances dos grupos trespontanos Marginália e Compasso Lunnar– este recebendo a participação especial do lendário guitarrista Frederah, que também esteve no encontro de 1977 na mesma cidade. O encerramento do festival será com a banda Quartetto Sentinela, de Alfenas, que faz uma celebração do cancioneiro do Clube da Esquina.
Ao celebrar o passado e valorizar o presente da rica música brasileira, uma nova história surge com o Feira Moderna sob os trilhos do imaginário artístico pavimentado em Três Pontas, celeiro de amizades, da criação artística e da cultura mineira.
O festival contará com estrutura para atender um público de até 3 mil pessoas, incluindo festival de Food Trucks, banheiros, duas áreas de pista e camarotes – este com open food, open bar. O evento estimula o uso de transporte coletivo: vans sairão de Três Pontas e Varginha a cada meia hora, além do aeroporto de Três Pontas, próximo à fazenda, onde é possível deixar os veículos em estacionamento. O hotel-fazenda, que não fará reservas durante o evento, contará com área de camping.
A realização do Feira Moderna conta com parceria da Prefeitura de Três Pontas.
Ingresso Solidário em prol da Santa Casa de Três Pontas
Além da promoção da cultura, o festival também busca chamar a atenção para a situação crítica vivenciada pela Santa Casa de Três Pontas. Nesse sentido, R$ 5 de cada ingresso solidário vendido serão repassados ao hospital, além do quilo de alimento exigido ao se adquirir tal entrada com valor especial (R$ 105).
A Santa Casa de Três Pontas tem 80 anos de história e serviços prestados à população. Atualmente é referência para cinco municípios e possui parceria com outras 18 cidades da região. No entanto, a situação financeira tem colocado em risco todo o funcionamento da estrutura, segundo Michel Renan Simão Castro, provedor da instituição. “O Estado nos deve 1,8 milhões de reais, estamos feridos de morte, uma situação sem precedentes. Quando assumimos, em março deste ano, o intuito foi o de não deixar o hospital fechar, estava faltando de tudo”, conta o provedor.
Ainda que o repasse represente uma parcela pequena frente ao imenso déficit da instituição, o apoio do festival caminha no sentido de dar visibilidade a tal situação junto à população da região, artistas de todo o país e autoridades. “Toda ajuda é bem-vinda. E é uma via de mão dupla ao agregar a possibilidade das pessoas virem ao festival através do ingresso solidário dando visibilidade a essa questão social urgente”, afirma o provedor da Santa Casa de Três Pontas.
Festival do Paraíso – 1977
Em 30 de julho de 1977, a trajetória de Milton Nascimento foi reconhecida em Três Pontas com a instituição do nome “Travessia” para a praça localizada em frente à casa de seus pais. A homenagem acabou por motivá-lo a convidar grandes artistas e amigos com quem mantinha convívio intenso à época para uma retribuição com um show especial em sua terra. Foi assim que desembarcaram na cidade nomes como Chico Buarque, Fafá de Belém, Simone, Gonzaguinha, Clementina de Jesus, o grupo chileno Água, Francis Hime e integrantes do já consagrado Clube da Esquina, como Beto Guedes, Lô Borges, o trespontano Wagner Tiso e Nelson Ângelo, dentre outros. Os dois dias de shows, que aconteceram num imenso descampado da fazenda Paraíso (terreno hoje utilizado para plantação de café), atraíram uma multidão de jovens que chegavam de toda a região e mesmo de estados como Rio de Janeiro e Bahia. Realizado em plena ditadura militar, com a presença de astros da MPB com forte engajamento político e um público que respirava novos comportamentos e ideais, o show ficou lembrado como o “woodstock mineiro” – em alusão ao lendário festival que ocorrera oito anos antes, em 1969, na cidade americana de Bethel, no estado de Nova York. A improvisação na produção do festival – patrocínio de um alambique local, pão com mortadela distribuído pela cidade para suprimir o esgotamento de alimentos, carros enguiçados pelas estradas de terra – passou a ser uma lembrança saudosa de um evento histórico, que tinha como elemento principal a amizade entre os artistas e a paixão do público por uma música que espelhava os dilemas e sonhos de uma geração.
Feira Moderna
O projeto, idealizado pela Gesto Produtora, apresenta-se como um festival itinerante. A cada ano uma cidade, de diferentes estados, será escolhida para receber apresentações musicais com homenagens a shows e eventos históricos que tenham ocorrido em tal localidade, a exemplo do “Woodstock mineiro” de 1977 em Três Pontas.
Fazenda Pedra Negra
Localizada a 7km de Três Pontas e a 17 km de Varginha, a Pedra Negra é um dos mais belos exemplares da arquitetura colonial na região, totalmente preservada e com estrutura de hospedagem, além de ser sede do Museu do Café. Os shows do Feira Moderna ocorrerão em alguns dos seis terreiros de café da fazenda, que é Patrimônio Histórico de Três Pontas.
Serviço
Feira Moderna – Um Woodstock Mineiro
Atrações: Lô Borges, Beto Guedes, Francis Hime, Azymuth, Nelson Ângelo, Wagner Tiso, Compasso Lunnar e Fredera, Daniel Gonzaga e Marginália.
Quando: 12 de agosto (sábado) *Abertura dos portões às 12h. Início dos shows às 14h. Fechamento dos portões às 02h da manhã.
Onde: Fazenda Pedra Negra – Três Pontas. *estrada para Varginha (7 km de Três Pontas e 17 km de Varginha).
Quanto:
Camarote – 1° Lote: R$ 300 (valor único)
Pista – R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia)
Pista – Solidário: R$ 105 + 1kg de alimento não perecível
Fonte: João Marcos Veiga
Roger Campos
Jornalista
(MTB 09816)