Estava marcado para o próximo dia 28 de outubro, com início previsto para as 08h30, no Fórum de Três Pontas, o julgamento que ocasionou as mortes de pai e filha, Aguinaldo e Lívia, um bebê de apenas 2 anos. O acidente ocorreu há 6 anos e a trespontana Liliana Miranda, que perdeu marido e uma filha, travou uma grande luta para que o julgamento do causador do acidente, ocorrido na MG 167, entre Três Pontas e Santana da Vargem, fosse realizado em Três Pontas e que ele, um homem de nome André, que estaria embriagado, fosse condenado.
Mas, quando todos se preparavam para o julgamento, com ampla divulgação na mídia por ser o primeiro julgamento deste tipo na Comarca, veio a ducha de água fria. O julgamento acabou sendo adiado e transferido para outra cidade.
Na página que Liliana criou nas redes sociais para divulgar o crime e o julgamento, diversas pessoas se manifestaram. Uma delas deixou o seguinte texto: “Três Pontas não tem capacidade para suportar esse julgamento, já que todos estão envolvidos, comovidos e querendo apenas que a JUSTIÇA seja feita. A principal mensagem que gostaríamos que chegasse a todos é de que beber e dirigir não compensa, e tenho certeza que com nosso movimento em prol de JUSTIÇA a família da Liliane Miranda, que foi vítima dessa mistura, conseguimos que chegasse em muitas pessoas. Peço que mesmo assim não deixem de compartilhar os vídeos, reportagens, para que esse caso e outros envolvendo bebida e direção não caia no esquecimento. Fomos capazes de movimentar uma cidade inteira com nossa campanha, e não importa se mudaram o dia, o local e a hora, seja quando e onde for marcado o próximo, o movimento será o mesmo ou muito maior. Esta foi mais uma batalha Liliane Miranda e Lara Miranda, uma batalha que deixou de ser de vocês, da família de vocês e acabou se tornando nossa também. Contem com agente sempre”, descreveu Vivi Marques.
A própria Liliana postou no facebook seu desabafo após a notícia do adiamento e novo destino do julgamento: “É com muita INDIGNAÇÃO QUE POSTO ESTA DURA REALIDADE , acabamos de receber a notícia que por força de decisão do Tribunal de Justiça, em Belo Horizonte, o julgamento marcado para o dia 28/10 foi adiado. Infelizmente foi interposto um novo recurso defensivo que vem a impedir momentaneamente o julgamento. Uma triste realidade que vivemos é a sensação de impunidade por conta de leis ultrapassadas. Mas, nova data será designada e avisarei a todos. É como muita dor no coração que peço que não esqueçam desde caso. O julgamento do dia 28/10/2015 que seria na próxima quarta-feira no Fórum de Três Pontas foi CANCELADO, isso mesmo CANCELADO”, pontuou.
O ACIDENTE
Em 2009, de acordo com relato de Liliane Miranda, ela e outras quatro pessoas de sua família, estavam indo para Santana da Vargem quando foram surpreendidos por um veículo na contramão e em alta velocidade que acabou provocando uma colisão gravíssima, vindo a ceifar a vida de duas pessoas, pai e filha. Liliana e uma outra filha, então com sete anos de idade, sobreviveram e além de outra pessoa. Ela carrega as cicatrizes do acidente trágico.
Um exame de sangue no causador do acidente teria comprovado o alto índice de álcool no sangue, configurando a embriaguez. O homem de nome André continua solto.
Esse julgamento seria o primeiro caso de crime doloso, quando há intenção de matar, provocado no trânsito, que seria julgado em Três Pontas.