Tag: Guerra

  • Tragédia: Número de crianças mortas em Gaza supera o da Ucrânia

    Tragédia: Número de crianças mortas em Gaza supera o da Ucrânia

    Ataques causaram desabamento de prédios residenciais

    O primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrageiros do Catar, Sheikh Mohammed Bin Abdulrahman Al Thani, afirmou nesta quarta-feira (25) que o número de crianças mortas em Gaza ultrapassa o número de crianças mortas na Ucrânia.

    Para Al-Thani, “a única forma de chegar a uma solução pacífica em Gaza é manter os canais de comunicação abertos”.

    No entanto, o governante adverte contra a possibilidade de “mergulhar toda a região no caos”, o que poderá dar origem a “uma crise insuportável”.

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    Mortes em 24 horas

    O Ministério de Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas, disse que ataques aéreos israelenses mataram pelo menos 704 pessoas, a maioria mulheres e crianças, nas últimas 24 horas.

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    Em comunicado, o ministério disse que os ataques causaram o desabamento de prédios residenciais, causando em alguns casos a morte de dezenas de moradores, inclusive no Sul da Faixa de Gaza nas cidades de Rafah e Khan Younis, para onde Israel ordenou que os moradores do norte do enclave se deslocassem, alegando maior segurança.

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    Roger Campos

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  • Muito além da Ucrânia: há 70 países com guerras hoje no mundo

    Muito além da Ucrânia: há 70 países com guerras hoje no mundo

    Na Síria, 333 pessoas foram mortas só em fevereiro. Do México às Filipinas, um mapa dos conflitos atuais em todo o planeta

    Quantos são hoje os países com guerras? A guerra na Ucrânia tem ocupado as atenções globais de modo intenso desde o seu início, em 24 de fevereiro – o amplo espaço midático é facilmente compreensível porque as agressões militares partem de uma das maiores potências nucleares do mundo e, por conseguinte, acendem alarmes vermelhos para a segurança de todo o planeta.

    Entretanto, há muitos outros conflitos deflagrados no mundo, que, embora incomparavelmente menos mediáticos neste momento, não são menos graves em termos de mortes e destruição. Em total, há hoje 70 países envolvidos em guerras, bem como 869 milícias-guerrilhas e grupos terroristas-separatistas-anarquistas em ação.

    Europa: Daguestão e Chechênia

    Além da guerra entre Ucrânia e Rússia, os focos na Europa são a Chechênia e o Daguestão, ambos territórios da antiga União Soviética, pertencentes atualmente à Rússia. Nos dois casos persiste uma guerra entre o Estado russo e grupos radicais islâmicos.

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    Síria

    O conflito mais perigoso da atualidade na Ásia continua sendo o da Síria, que já ocupou amplamente as manchetes mundiais alguns anos atrás e, pouco a pouco, foi perdendo espaço na mídia – mas não no cotidiano da população. Somente em fevereiro, 333 pessoas foram mortas na guerra civil síria, que já se arrasta há cerca de 11 anos. Segundo o Observatório Nacional de Direitos Humanos na Síria, 161 das vítimas eram civis, das quais 34 crianças e adolescentes e 11 mulheres.

    Entre militares e milicianos, as vítimas foram 172, incluindo terroristas do grupo Estado Islâmico, membros das Forças Democráticas Sírias (SDF), lideradas por curdos, soldados do governo e combatentes opositores ao regime do ditador Bashar Al-Assad. O Observatório também aponta um aumento dos bombardeios na “zona de desescalada” que se estende entre os arredores de Aleppo e a província de Lattakia: mais de 1.400 mísseis foram lançados contra alvos civis e militares no período (Avvenire, 2 de março).

    Outras guerras na Ásia

    • Afeganistão: o Talibã assumiu o poder em agosto de 2021;
    • Mianmar: na antiga Birmânia, a guerra é contra grupos rebeldes;
    • Filipinas: guerra contra militantes islâmicos;
    • Paquistão: guerra contra militantes islâmicos;
    • Tailândia: há áreas de confronto derivadas do golpe de maio de 2014.
    • Iraque: guerra contra militantes do grupo Estado Islâmico;
    • Israel: guerra contra militantes islâmicos na Faixa de Gaza;
    • Iêmen: guerra contra e entre militantes islâmicos.

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    Camarões

    Na África, a situação em Camarões vem se tornando mais grave a cada dia. Na parte anglófona, situada nas regiões sudoeste e noroeste do país, há confrontos frequentes entre as forças armadas nacionais, que são francófonas, e forças separatistas locais que lutam pela independência. A guerra é conhecida como Crise Anglófona ou Guerra da Ambazônia, nome da região em conflito conforme é chamada pelos separatistas. O território abriga 20% da população camaronesa.

    O jornalista camaronês Zeta Blaise Eyong resume a situação: “A vida é quase normal aqui; lojas e bancos estão abertos. Mas há sempre o risco de que, quando você está no mercado, ou enquanto dirige, alguém detone uma bomba, você leve uma bala perdida, ou a polícia prenda você porque acha que você é cúmplice dos separatistas”. Segundo a Human Rights Watch, só em 2020 foram mortos “centenas de civis” por causa dessa guerra, além de “dezenas de milhares de pessoas” terem sido forçadas a fugir (zetaluiss.it).

    Outras guerras na África

    Há nada menos que 31 países com situações de guerra na África. Os focos mais candentes estão em:

    • Burkina Faso: confrontos entre grupos étnicos;
    • Egipto: guerra contra militantes do Estado Islâmico;
    • Líbia: guerra civil;
    • Mali: confrontos entre exército e grupos rebeldes;
    • Moçambique: confrontos com os rebeldes da RENAMO;
    • Nigéria: guerra contra militantes islâmicos;
    • República Centro-Africana: frequentes confrontos armados entre muçulmanos e cristãos;
    • República Democrática do Congo: guerra contra grupos rebeldes;
    • Somália: guerra contra militantes islâmicos do Al-Shabaab;
    • Sudão: guerra contra grupos rebeldes em Darfur;
    • Sudão do Sul: confrontos com grupos rebeldes.

    Nas Américas

    Têm status de guerra, no continente americano, dois longos e complexos cenários de violência crônica ligada ao narcotráfico em algumas regiões da Colômbia e do México, incluindo frequentes e devastadores confrontos armados entre o exército regular e grupos guerrilheiros e paramilitares armados pelos cartéis de drogas.

    Fonte Aleteia

     

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  • Reportagem Especial: Sobreviventes voltam a Auschwitz, na Polônia, 75 anos depois da libertação

    Reportagem Especial: Sobreviventes voltam a Auschwitz, na Polônia, 75 anos depois da libertação

    Mais de 1 milhão de pessoas foram mortas no campo de concentração durante o regime nazista alemão.

    Sobreviventes do regime nazista alemão voltaram nesta segunda-feira (27) ao campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, na Polônia, para a cerimônia que marca 75 anos da libertação pelas tropas soviéticas.

    Em muitos casos, eles são acompanhados por filhos, netos e até bisnetos, de acordo com a agência de notícias Associated Press.

    Com gorros e lenços listrados de azul e branco, simbolizando os uniformes dos prisioneiros no campo, os sobreviventes atravessaram, com tristeza, o célebre portal de ferro com a inscrição “Arbeit macht frei” (“O trabalho liberta”, em tradução livre do alemão para o português).

    Acompanhados do presidente polonês, Andrzej Duda, eles depositaram coroas de flores perto do “muro da morte”. Mais de 1 milhão de pessoas foram vítimas nesse campo de concentração, que é considerado um dos principais símbolos do genocídio.

    Eram esperados mais de 200 sobreviventes na cerimônia desta segunda-feira. Muitos deles são judeus vindos de vários países, como Israel, Estados Unidos, Austrália, Peru, Rússia, Eslovênia, entre outros.

    Holocausto

    Quando os nazistas chegaram ao poder na Alemanha, em 1933, iniciou-se uma perseguição aos judeus. Nessa primeira etapa da campanha para erradicar a população judaica na Europa, foram-lhes confiscados propriedades, direitos e liberdades.

    Depois da invasão alemã à Polônia em 1939, os nazistas começaram a deportar judeus da Alemanha e da Áustria para o país, onde criaram guetos para separá-los do resto da população. Em maio de 1940, Auschwitz foi transformado em uma prisão para presos políticos.

    Em 1941, durante a invasão alemã na União Soviética, os nazistas começaram de fato a campanha de extermínio.

    Seis milhões de judeus foram mortos no Holocausto e Auschwitz está no centro do genocídio. Estima-se que, em menos de quatro anos, ao menos 1,1 milhão de pessoas foram mortas no campo de concentração polonês. Quase 1 milhão era judeu.

    As vítimas levadas a campos de concentração eram mantidas em situação deplorável, trabalhavam até a morte ou eram levadas a câmaras de gás.

    Em 27 de janeiro de 1945, tropas soviéticas entraram no campo de concentração e encontraram os sobreviventes magros, torturados e exaustos.

    Apenas cerca de 7 mil prisioneiros esqueléticos e doentes terminais tinham sobrevivido, sendo que 500 deles eram crianças. Poucos conseguiam ficar de pé, muitos estavam deitados no chão, apáticos.

    HÁ EXATOS 75 ANOS, O EXÉRCITO VERMELHO LIBERTAVA O CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DE AUSCHWITZ

    No final da guerra, prevendo a vitória dos aliados, os alemães começaram a destruir crematórios e documentos enquanto evacuavam os prisioneiros de Auschwitz. Os que não conseguiam andar foram deixados lá e liberados pelo Exército Vermelho em 27 de janeiro de 1945. Lá, cerca de 1,5 milhão de pessoas morreram, a maioria em câmaras de gás.

    Arbeit machr frei (“O trabalho liberta”, em português). Era essa a inscrição na entrada do maior campo de concentração nazista. Erguido em 1940 nos subúrbios da cidade de Oswiecim, na Polônia, ele tinha três partes: Auschwitz I, a mais antiga; Auschwitz II-Birkenau, que reunia o aparato de extermínio; e Auschwitz III-Buna, com cerca de 40 subcampos de trabalho forçado.

    As primeiras vítimas do nazismo foram poloneses, seguidos de soviéticos, ciganos e prisioneiros de guerra. Em 1942, o campo voltou-se para a destruição em massa dos judeus. Os presos eram obrigados a usar insígnias nos uniformes conforme a categoria – motivo político era um triângulo vermelho; homossexual, um rosa. Muitos foram usados em experimentos médicos.

    Fornos de Hitler

    Entre as muitas vítimas estava Olga Lengyel. Uma judia que vivia com o marido e os  filhos na cidade de Cluj, capital da Transilvânia. Ao ouvirem relatos sobre as atrocidades cometidas pelos nazistas em terras ocupadas, não acreditaram que isso poderia se tornar um pesadelo real.

    Em 1944, o seu marido, que era médico, seria deportado para a Alemanha. Ela acreditava que o companheiro poderia ser enviado para suprir a falta de médicos, e assim optou por segui-lo com os filhos. Contudo, era uma emboscada. O destino final da família seria Auschwitz. No local, Olga perdeu a sua família. Entretanto, sobreviveu para contar a sua trajetória. Em Os Fornos de Hitler, Olga detalhou um dos primeiros relatos sobre o horror dos campos de extermínio nazistas.

    “(…) Os alemães deixavam vivos alguns milhares de deportados de cada vez, mas apenas para facilitar o extermínio de milhões de outros. Faziam tais vítimas executar seu trabalho sujo. Elas faziam parte do sonderkommando. Trezentas ou quatrocentas serviam em cada forno do crematório. Seu dever consistia em empurrar os condenados para dentro das câmaras de gás e, depois que o assassinato em massa tivesse sido cometido, abrir as portas e transportar os cadáveres.”

    Hoje, Auschwitz é um museu que preserva a memória do maior genocídio da História.

    Conheça a dura rotina no campo de concentração

    Seleção dos “capazes”

    Os prisioneiros chegam em trens de gado e são selecionados por médicos. Os aptos ao trabalho entram numa fila e são tatuados com um número de registro. Velhos, doentes, grávidas, crianças e a maioria dos judeus vão para outra fila, direto para a câmara de gás. Os capazes tomam banho de desinfecção (contra tifo), raspam o cabelo e deixam seus pertences.

    Trabalho escravo

    Os presos trabalham pelo menos 11 horas por dia para impulsionar a máquina de guerra alemã. Constroem prédios do campo de concentração e estradas e produzem carvão, borracha sintética, produtos químicos, armas e combustíveis em indústrias como a Krupp e a IG Farben. Embora não haja números oficiais, vários morreram de cansaço durante as obras.

    Pão e sopa no almoço

    A cozinha do campo prepara rações de comida três vezes ao dia, que em geral incluem um pedaço de pão, café e sopa de batata. Quem faz pouco esforço físico recebe cerca de 1300 calorias diárias. Os que trabalham pesado ingerem 1700 calorias. Após algumas semanas, essa dieta de fome leva à exaustão, deterioração do corpo e até morte.

    Entre ratos

    Em Auschwitz I, cerca de 20 mil presos dormem em pavilhões de tijolo. Os treliches são em número insuficiente, e um preso dorme sobre o outro. Não há banheiro nem calefação – mesmo com temperaturas abaixo de zero. Em Birkenau, os alojamentos são blocos de madeira e tijolos feitos sobre o solo úmido. Cerca de 700 pessoas ocupam cada um.

    Espera congelante

    Durante as assembleias de contagem, os presos ficam horas no frio, muitas vezes sem seus uniformes (calça comprida, camisa listrada e boina), esperando os nazistas decidirem quem será mandado à câmara de gás. Intelectuais, políticos e outras pessoas consideradas perigosas são fuzilados no Muro da Morte, nos fundos do bloco 11, ou enforcadas.

    Matemática sinistra

    Em geral, o destino de 70% dos prisioneiros é a câmara de gás. A maior parte das vítimas é trancada nua em locais fechados – os nazistas diziam que elas iam tomar banho. Dentro deles, uma tubulação expele ácido cianídrico. A morte chega, no máximo, em 10 minutos. Os corpos são depois queimados num dos cinco crematórios – juntos, podem queimar 4765 corpos por dia.

    ‘Está vendo aquela fumaça? É sua família’: o relato do brasileiro que sobreviveu a Auschwitz

    “Não é todo dia que coloco a tefilin em cima do número de Auschwitz”, diz o rabino David Weitman logo depois da breve cerimônia, em uma sinagoga na região central de São Paulo, em 11 de novembro de 2019. “E é a primeira vez que faço isso em alguém dessa idade. É muito emocionante. Os nazistas se foram, mas nós estamos aqui.”

    O tefilin citado por Weitman são tiras de couro tradicionalmente colocadas no braço de meninos judeus que, ao completar 13 anos, realizam seu bar mitzvah — cerimônia judaica que é celebrada como um rito de passagem.

    Naquele dia, porém, o bar mitzvah era para um senhor de 91 anos: Andor Stern, brasileiro de nascença que, aos 13 anos, estava escapando da perseguição na Hungria, terra natal de seus pais.

    Andor Stern acabaria capturado e viveria cerca de um ano no campo de concentração em Auschwitz, na Polônia, o maior e mais cruel símbolo do Holocausto. Os números que o identificavam no campo continuam tatuados em seu braço: 83892. Ele é tido como o único brasileiro nato a sobreviver a Auschwitz.

    Stern sobreviveu não apenas para ser homenageado, em novembro, pelo Memorial da Imigração e do Holocausto, com um bar mitzvah especial e tardio — mas também para reerguer sua vida no Brasil, criar uma família com cinco filhos (e muitos netos e bisnetos), perder tudo em uma das crises econômicas brasileiras na era Collor e manter-se ativo profissionalmente até agora. E fazer tudo isso com grande apreço pelos pequenos prazeres do cotidiano.

    ‘Minha família saía pela chaminé’

    Filho de imigrantes judeus, Stern nasceu no bairro do Bixiga, em São Paulo, em 17 de junho de 1928. Mas viveu desde cedo uma vida itinerante. Aos três anos, mudou-se com para a Índia, por conta de uma oferta de emprego ao pai, médico. Depois disso — e Stern não sabe exatamente o motivo —, em vez de voltar ao Brasil, a família decidiu passar um tempo na Europa, com parentes húngaros.

    Essa decisão selou seu destino de uma forma drástica.

    Na Hungria, como brasileiro nato, Andor passou uma infância feliz e comum, embora fosse tratado como estrangeiro. As coisas mudaram quando a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) eclodiu. No momento em que o governo de Getúlio Vargas alinhou-se com os chamados países aliados (inimigos do Eixo, então liderado pela Alemanha e do qual a Hungria fazia parte), por ser brasileiro, Stern foi detido em uma instituição como inimigo estrangeiro pelas autoridades húngaras.

    Foi uma estada breve: em poucas semanas, escapou com a ajuda de um detento americano de quem ficara amigo e, graças a isso, voltou à casa de sua família, onde passou a viver escondido. Ele tinha apenas 13 anos. Agora, o problema não era mais ele ser brasileiro: era ser judeu.

    Com a posterior ocupação nazista da Hungria, sua família toda (menos o pai, que se separara da mãe e fora embora do país em 1938) foi transportada a Auschwitz em um mesmo trem, em 1944. Foram separados na chegada ao campo de concentração.

    “Daí começou o calvário deles: meus avós, meus tios, minha tia grávida foram levados direto para a câmara de gás”, conta Stern.

    A perda da mãe marcou Stern profundamente, e a tristeza superava as dores físicas do campo de concentração.

    “Ela faz falta. Me lembro cada vestido dela. Incrível como tenho a cara dela na minha cabeça. Ela era minha maior amiga. Usei ela tão pouquinho”, diz à equipe da BBC.

    Aos 14 anos, de porte atlético por conta de esportes como o remo e a natação, o adolescente foi poupado do extermínio na câmara de gás para ser usado no trabalho forçado no campo. O processo de desumanização também foi rápido.

    “Uma mesma bacia de noite é penico e de dia é o prato em que você come. E você come como cachorro. Não tem garfo, faca, colher”, lembra.

    “Você tem eczema, sarna. A comida te causa uma eterna diarreia, o que, aliás, é uma (das causas) que mais matavam as pessoas. No inverno, abaixo de 22, 24, 26 graus, quando você está ‘vazando’, você até gosta porque é quentinho. E você não tem como tomar banho depois disso. Você aceita a sujeira, a imundície. E você perde a condição de ser humano. Devora qualquer casquinha de batata. Só o que pensa é na fome. Você vira um zumbi.”

    Quando o cerco internacional se fechava em Auschwitz, com notícias da aproximação de tropas russas, os alemães nazistas começaram a retirar a maior parte dos prisioneiros do local. Muitos foram enviados para as chamadas “Marchas da Morte” em que pessoas de todas as idades eram obrigadas a andar por quilômetros em meio ao rigoroso inverso. Milhares morreram a poucas semanas da derrota alemã na Segunda Guerra Mundial.

    Stern foi um dos transportados, primeiro a Varsóvia (capital da Polônia, na época sob ocupação nazista), para recolher tijolos das ruínas dos bombardeios de guerra, e, depois, ao campo de concentração de Dachau, no sul da Alemanha, onde chegou a fazer trabalhos forçados para a indústria bélica alemã de aviões Messerschmitt e bombas V1.

    Até que, no final de abril de 1945, o campo foi libertado pelo Exército dos EUA. Em 1º de maio, depois de quase um ano e meio sob poder dos nazistas, Stern estava livre.

    “A guerra terminou e eu sobrevivi. Estava vivo. Pesava 28 quilos, mas estava vivo. (…) Perguntei a mim mesmo: ‘o que quero da vida? Onde estarei daqui a 5, 10, 20 anos?’”.

    “Decidi o seguinte: ‘quero um par de sapatos em que não entre água e me aqueça no inverno; uma roupa isenta de qualquer bicho e que me cubra no inverno, um paletó com bolso e um relógio que eu possa olhar e dizer: ‘vou comer esse pão amanhã às 14h e vou resistir, porque não estarei passando fome’. Podendo me movimentar da esquerda para a direita, vou ser o homem mais feliz do mundo’”, conta.

    “Isso passa, e você fica cheio de frescura”, brinca. “‘O sapato tem que ser de cromo alemão’, ‘O terno tem de ser de casimira inglesa’ [Mas] eu não esqueci. Tudo isso para mim era um presente extra. Cada dia que eu vivo é uma sobremesa. Talvez isso explique essa intensidade de querer viver e que os outros vivam. Tenho o máximo respeito pela vida.”

    De volta à Hungria de seus parentes, Stern concluiu seus estudos e entrou em uma faculdade de engenharia, mas diz que começou a “sentir saudades do desconhecido”.

    Era hora de voltar para sua terra natal: o Brasil.

    Sem recordar-se de nenhuma palavra sequer de português, aos 20 anos de idade, Stern voltou à cidade onde nasceu e começou a erguer uma vida: reaprendeu a língua, teve um reencontro tardio com seu pai (que Stern achava que estava morto, mas formara nova família na Espanha), estudou engenharia e trabalhou na empresa de tecnologia IBM, experiência que o ajudou a abrir uma empresa própria.

    Casado desde 1954 com Terezinha, Stern se diz afortunado por ter “filhos maravilhosos e uma mulher que é um ser humano invejável”. Não é um homem religioso. Acompanha política brasileira pelo noticiário e acha o presidente Jair Bolsonaro “um crápula” e “um bestalhão”, embora tampouco simpatize com o PT. Tem entre seus hobbies ler e escutar discos na vitrola.

    Nesta semana, ele viajou a Auschwitz para os eventos em memória dos 75 anos de libertação do campo onde ficou detido.

    Fonte R7 / G1 / History Channel / UOL

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  • E se o Brasil apoiar os EUA na guerra? Saiba quando os reservistas vão à luta

    E se o Brasil apoiar os EUA na guerra? Saiba quando os reservistas vão à luta

    Todo homem acima de 18 anos pode ser chamado para servir em tempos de guerra, mas a convocação de civis é pouco provável nos dias de hoje; mesmo não sendo reservista, mulher também pode ser convocada.

    A escalada de violência entre Estados Unidos e Irã causou tensão em todos os cantos do mundo, especialmente pelo temor de que o conflito atinja proporções maiores. No Brasil, quando correu a notícia da morte do general Qassem Soleimani durante um ataque norte-americano no Iraque, usuários das redes sociais não demoraram a especular sobre uma Terceira Guerra Mundial , ainda que, no caso de muitos, em tom de brincadeira.

    Os sinais de apoio aos Estados Unidos emitidos pelo presidente Jair Bolsonaro estão entre as causas dessa apreensão, misturada a doses de humor, que atingiu muitos brasileiros, principalmente os homens. Isso porque o serviço militar é obrigatório no país e grande parte deles, na condição de reservista, está à disposição para engrossar o contingente em momentos de urgência.

    E se, de fato, Bolsonaro decidisse declarar guerra ao lado dos norte-americanos? Um cidadão comum teria que largar todas as suas obrigações para imediatamente atender ao chamado da pátria ou existe algum jeito de escapar da farda?

    Todo reservista pode ser convocado

    Segundo a Lei do Serviço Militar, desenvolvida durante a administração de Getúlio Vargas e em vigor desde 1939, todo brasileiro maior de 18 anos – com idade limite que seria determinada pelo governo de acordo com as circunstâncias – pode ser convocado para o combate, assim que declarado o chamado “ estado de guerra ”. Não é certo, entretanto, que os reservistas sejam chamados de imediato. O mais provável, aliás, é que eles sequer sejam acionados, ainda mais levando em conta as dinâmicas das batalhas do mundo moderno.

    Como é o processo para o Brasil entrar em estado de guerra?

    O estado de guerra modifica todo o funcionamento de um país e pressupõe regras diferentes das vigentes em tempos de paz. Antes de tudo, o presidente da República precisa declarar a guerra, sob a aprovação do Congresso Nacional, conforme o determinado pelo artigo 84 da Constituição. A partir daí, entra em funcionamento o Sistema de Mobilização Nacional , uma espécie de gabinete de crise, formado por ministérios, para determinar medidas emergenciais em todos os campos da sociedade.

    “O Sistema de Mobilização Nacional está regrado por uma lei de 2007 e um decreto de 2008, ambos do governo Lula. É basicamente uma união de vários ministérios capitaneados pela Presidência da República: Agricultura, Fazenda, Defesa, etc. Isso afeta não só a convocação do eventual contingente para se lutar, como também muda a lógica econômica do país, porque ela passa a funcionar em economia de guerra, com toda a indústria mobilizada”, explica Fernando Fabiani Capano, presidente da Comissão de Direito Militar da OAB-SP.

    Em que situação o reservista pode ser convocado?

    Diante do hipotético cenário de guerra, os critérios para convocação de reservistas seriam definidos pelos integrantes do Sistema de Mobilização Nacional, com a Lei do Serviço Militar como referência. O próprio texto de 1939 deixa essa questão em aberto, determinando apenas uma escala de ordem de convocação:

    1. Primeiro serão chamados os profissionais que fazem parte do sistema militar, sejam eles integrantes das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) ou das forças auxiliares, como a Polícia Militar, por exemplo.

    2. Depois, se necessário, o governo convocará também reservistas com formação militar, aqueles que participaram do Tiro de Guerra e tiveram treinamento básico por pelo menos seis meses.

    3. Em último caso, seria feita a convocação de reservistas sem treinamento militar. Esses são os civis que receberam a carteira de reservista e foram dispensados. Cidadãos de municípios não tributários, por exemplo, costumam ser liberados, assim como homens residentes em cidades com excesso de contingente.

    Já a faixa etária, em todos os casos citados, seria de algo entre 21 e 45 anos.

    Em tempos de guerra, quem decide sobre você é a nação

    Em tempos de paz, um cidadão pode apelar para a objeção de consciência, direito constitucional que garante que toda pessoa não seja obrigada a agir contra a própria consciência e contra princípios religiosos. Nesses casos, os objetores costumar ser redirecionados a serviços não relacionados ao combate, como ações humanitárias.

    Normalmente, também é possível conseguir a dispensa alegando ser o único responsável pelo sustento da família. Com o país em guerra, no entanto, essas regras mudariam, também de acordo com as decisões que seriam tomadas pelo Sistema de Mobilização Nacional.

    “A lógica se inverte. Em tempos de paz você leva em consideração o desejo do indivíduo versus o desejo do poder público. Em tempos de guerra, a preponderância passa a ser da nação e não do indivíduo. Nunca tivemos uma possibilidade dessas nas últimas seis sete décadas. Eu não sei se nós teríamos possibilidade de alegar objeção de consciência em tempos de guerra”, pondera Capano.

    “Muito provavelmente, haveria um regramento, partindo desse gabinete de gestão da guerra, em que eles colocariam quais os critérios para convocação e eventual dispensa. Esse critério parte do gabinete da guerra e não do indivíduo.”, completa.

    Mulher também pode ser convocada

    Na época do desenvolvimento da Lei do Serviço Militar, em 1939, mulheres sequer podiam servir as Forças Armadas voluntariamente, o que  é permitido hoje em dia. Já o serviço obrigatório jamais valeu para pessoas do sexo feminino. Ainda assim, em caso de guerra, mulheres civis poderiam ser chamadas para cumprir outros tipos de função.

    Haveria um regramento novo que substituiria esse regramento de 39. Pelo regramento de 39 elas seriam convocadas pelo serviço militar impróprio, que são atividades de apoio dentro da indústria ou do sistema médico. Áreas do profissional de saúde, aliás, teriam com todo certeza um regramento distinto”, explica Capano.

    Reservista convocado vai à guerra ou à prisão

    Dentro do estado de guerra, o Código Penal Militar passa a valer para civis. Alguns crimes cometidos neste contexto, inclusive, podem ser punidos com pena de morte por fuzilamento, segundo o próprio código e o inciso 47 da constituição. A punição seria avaliada em casos de traição, covardia, incitar a desobediência contra a hierarquia militar, desertar o posto na frente do inimigo, entre outros.

    Recusar-se a atender à convocação para participar da guerra não entra na lista da pena de morte. O castigo, nesse caso, seria passar um período na prisão, conforme o explicado por Capano.

    “Não seria uma insubordinação, seria não atender a convocação. Todos esses crimes, essas condutas, são capitanias do código penal militar. Ele vigoraria em detrimento do próprio código penal, em que não existe essa figura de crime militar. Nesse contexto, os convocados que resistirem podem ser punidos com o cárcere”, explicou o advogado.

    Qual chance de reservistas serem convocados para uma guerra?

    Apesar da Lei do Serviço Militar deixar claro que os reservistas estão sujeitos ao chamado para defender o país em tempos de guerra , a possibilidade de que isso seja necessário é baixa. Segundo Capano, o modus operandi das batalhas dos tempos modernos não exige tantos homens quanto exigia antigamente, de maneira que o mais sensato é apostar que, no caso de uma guerra, o contingente do sistema militar bastaria.

    “Em termos de Segunda Guerra Mundial, por incrível que pareça, meio milhões de pessoas não era nada. Só na Alemanha, tivemos divisões que tinha mais de um milhão. Hoje em dia, não se parte de pressuposto de guerra se baseando em número de pessoas à disposição. Você não precisa de pessoas em campo aberto para conquistar território, basta você contratar hackers, sabotar todo o sistema do inimigo. Então, você manda uma tropa de elite para tomar pontos centrais e o resto você joga com drones, como aconteceu agora na história do Irã com os Estados Unidos. Não tiveram que disponibilizar sequer um piloto de avião”, avalia Capano.

    “Hoje em dia, eu não acredito, sinceramente, que exista menor possibilidade de que a gente tenha uma convocação gigantesca que ultrapassasse o número de pessoas que já estão no sistema militar. Não é porque não há essa possibilidade, porque até há. A questão é que não se lutam mais guerras desse tipo”, completa.

    Um levantamento feito pelo site especializado Global Fire Power coloca o Brasil como a 13ª maior força militar do mundo, até porque a pesquisa leva em conta o material humano disponível, inclusive os reservistas. Esse total de pessoas que podem ser utilizadas em uma guerra é de 1.674.500. Entre eles, 1.340.000 são reservistas e 334.500 são militares na ativa.

    Fonte: Último Segundo – iG 

     

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    Roger Campos

    Jornalista

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  • VOCÊ SE IMPORTA? A tragédia de um país resumida em uma foto

    VOCÊ SE IMPORTA? A tragédia de um país resumida em uma foto

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    É impressionante que Saida Ahmad Baghili consiga sustentar seu corpo, sentada em uma cama do Hospital Al-Thawra, em Sanaa, a capital do Iêmen. Seus membros, de tão finos, parecem vergar.

    Na verdade, é um milagre que Saida, de 18 anos, esteja viva – ou que estivesse há cerca de uma semana, quando a imagem captada por um profissional da agência de notícia Reuters correu o mundo e se tornou o símbolo da brutal guerra civil que assola o país do Oriente Médio.

    O conflito, iniciado por uma rebelião de um movimento político-religioso conhecido como houthi, arrasta-se há mais de um ano e meio, agravado pela intervenção da vizinha Arábia Saudita, que apoia o regime do presidente Abdrabbuh Mansur Hadi – os houthis, por sua vez, contam com apoio do Irã, inimigo dos sauditas. Os dois países estão entre os mais importantes em termos econômicos e militares do Oriente Médio.

    Além de se envolver diretamente no combate aos houthis, os sauditas comandam um bloqueio naval que complicou o fornecimento de comida, água e medicamentos para os 2,5 milhões de iemenitas desabrigados.

    Segundo um recente relatório das Nações Unidas, pelo menos 14 milhões de pessoas – mais da metada da população do país – enfrentam a escassez de alimentos.

    Gente como Saida. Ela foi hospitalizada no último dia 21, devastada pela fome e uma severa má-nutrição. De acordo com um artigo da agência de notícias Reuters, a jovem estava tão fraca que sequer conseguia comer, sobrevivendo com uma dieta de suco, leite e chá, segundo sua família.

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    Em entrevista ao programa de rádio Outside Source, do Serviço Mundial da BBC, Russell Boyce, que comanda o serviço de fotografia da Reuters no Oriente Médio, disse que o fotógrafo que fez as imagens de Saida obteve permissão da mãe da menina e explicou que as fotos iriam correr o mundo.

    “Explicamos para os parentes de Saida o que poderia acontecer. E, apesar de toda sua fragilidade, ela mostrou muita dignidade ao posar. E sentimos que a família tinha esperança em uma melhora”, contou Boyce.

    De acordo com o jornal britânico The Independent, Saida vem de um vilarejo pobre nos arredores de Hodeida, cidade próxima ao Mar Vermelho e controlada pelos houthis. O jornal entrevistou uma tia da jovem, também chamada Saida. Ela contou que a sobrinha está doente há cinco anos, sem entrar em detalhes, mas uma enfermeira do Al-Thawra disse à Reuters que a desnutrição é o principal problem de Saida.

    No final de agosto, a ONU estimou em 10 mil o número de pessoas mortas nos 18 meses de conflito da guerra civil do Iêmen.

     

    (Fonte Bol)