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FALA SÉRIO Por ROGER CAMPOS – Alguma coisa está fora da ordem
As coisas no mundo são muito “interessantes” e sempre se abrem novos temas para discussão. Quando invadiram o jornal francês Charlie Hebdo e mataram os colegas jornalistas o mundo parou e protestou. Quando o terrorismo em Paris fez novas vítimas recentemente de novo vimos manifestações. Inclusive aqui no Brasil. E tá certo protestar sim pela liberdade de expressão e fim do terror.O problema é que acontecem coisas gravíssimas debaixo dos nossos narizes aqui no Brasil, com nossa gente e ninguém faz nada, fingimos não ver, as tevês não dão destaque e tudo fica no esquecimento. Mataram ontem um médico de 35 anos que saia do plantão, mas certamente por ser chamado de “coxinha”, membro da tal “elite branca” ninguém fez nada, nenhum protesto.Mataram o menininho indígena, verdadeiro herdeiro dessas terras. E de novo não vi nenhum manifesto. Cadê os black Blocs? cadê os cara-pintadas? Cadê o patriotismo? Cadê a compaixão e a coragem?A questão minha gente é que aqui no Brasil brancos e pretos, pobres e ricos, homens ou mulheres são mortos diariamente e ninguém faz nada, apenas computam nas estatísticas, que não servem para praticamente nada. E quantos policiais estão sendo mortos por bandidos? Ah, mas se um bandido é preso ou morto a família tem a cara de pau de pedir indenização e até processar quem atingiu o marginal.É comum vermos o tal Direitos Humanos reivindicando o direito dos vagabundos, dos marginais, mas não vejo defender o trabalhador honesto que sai para a labuta diária e fica pelo caminho, alvejado por balas ou perfurado por lâminas, deixando esposa e filhos órfãos.Eu não vi o mundo lamentar a tragédia da lama da Samarco em Mariana, que ceifou vidas, destruiu sonhos, paralisou projetos, acabou com o futuro de muitos. Aliás, o que tem de caso escabroso sendo esquecido no Brasil diante dos escândalos frenéticos de corrupção é realmente de assustar.Precisamos passar a olhar melhor pro nosso próprio umbigo, perceber que tem gente do nosso lado, na nossa rua, na nossa cidade, no nosso país passando fome, morrendo todo dia por mazelas, doenças e violência.Precisamos parar de estereotipar as pessoas, parar de fingir que não é com a gente. Não precisamos virar as costas para o que ocorre lá fora, mas devemos primeiro fazer o dever de casa. Pra aquilo que está realmente ao alcance das mãos.Jornalista Roger Campos10/01/2016 -
FALA SÉRIO por Roger Campos: A INTOLERÂNCIA TOMOU CONTA
Fala sério! Infelizmente a palavra da moda é a INTOLERÂNCIA. No dicionário significa: atitude mental caracterizada pela falta de habilidade ou vontade em reconhecer e respeitar diferenças em crenças e opiniões. Ou seja, as pessoas não respeitam as opiniões dos outros. Isso está muito visível, latente nos dias de hoje.
O filósofo Leonardo Boff pontuou recentemente esse tema: “O assassinato dos chargistas franceses do Charlie Hebdo recentemente e a última eleição presidencial no Brasil trouxeram à luz um preconceito latente no mundo e na cultura brasileira: a intolerância.”
O povo brasileiro é passional. Quer resolver tudo no grito, na marra, na força. Observamos diariamente vários exemplos.
A intolerância racial talvez seja uma das mais antigas e ainda fortemente presente nos dias de hoje. Ser negro no Brasil, para alguns ou muitos, ainda significa ser menor, ser de uma linhagem inferior. Sempre ouvimos dizer: “eu não sou racista…” Mas essa situação degradante em desfavor dos negros está infiltrada até do seio das polícias. Numa abordagem de dois homens, sendo um branco e um negro, certamente, na maioria dos casos, o negro será o principal suspeito, apenas e tão somente por ter a pele escura.
Há aqueles que agridem fisicamente e até matam homossexuais simplesmente porque se acham nesse direito. São chamados de homofóbicos, aqueles que têm total aversão aos gays, lésbicas, bissexuais e simpatizantes.
Mas a que mais cresce é a intolerância religiosa. Essa está contaminando o mundo de tal forma que já se teme uma terceira guerra mundial. O exemplo mais extremo, nos dias de hoje, é o EI (Estado Islâmico) que mata e mostra a crueldade das mortes em filmagens para que todos vejam do que eles são capazes. Afogam, queimam vivos, decapitam, fuzilam, esquartejam, empurram de cima prédios, enforcam, crucificam, etc… Tudo em nome de um suposto deus. Os cristãos são os grandes alvos. Nem crianças escapam.
Na política então, a intolerância ganha contornos ainda mais perigosos. Tucanos e petistas têm travado verdadeiros conflitos tantos no campo das palavras quanto nas vias de fato através de seus militantes. Aqui em Três Pontas é comum troca de acusações pesadas, xingamentos, atitudes baixas que mostram o nível em que a política se encontra, praticamente rasteira e que desagrada a grande maioria da população. O ego acaba falando mais alto. Já pensou se os grupos deixassem a rivalidade e se unissem verdadeiramente em prol da cidade de Três Pontas? Não, isso não vai acontecer, é utopia.
Outro tipo de intolerância que preocupa muito, aqui no Brasil, é a intolerância nas escolas, onde os professores deixaram de ser os mestres do saber e viraram saco de pancadas de alunos e verdadeiras quadrilhas juvenis. O bullying (termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder) praticado nas escolas ultrapassou todas as esferas da racionalidade. Em Três Pontas, assim como em outras partes do Brasil é comum diariamente vermos gangs de meninas de digladiando nos arredores das escolas. Hoje mesmo eu flagrei meninas trocando socos e pontapés em frente ao Supermercado do Moacyr e uma plateia de alunos incentivando a briga ao invés de separar.
Por fim, é preciso falar da intolerância ao verbo, ao direito da livre opinião. Pessoas que têm opiniões contundentes, claras e corajosas, são alvos da ira e da indignação de pessoas que por terem opiniões contrárias não sabem respeitar as divergências de ideias, apesar de pregarem o livre direito de expressão. Ou seja, pregam uma coisa e agem na contramão do que falam. Não se respeita mais a opinião distinta. E o que mais se percebe são pessoas que querem expor suas ideias, querem falar, mas temem, se calam diante de represálias causadas por essa palavrinha da moda: a intolerância.
Fala sério! Se vivemos num país democrático e miscigenado, culturalmente multifacetado, a intolerância deveria ser reprimida com a mesma veemência e voracidade com que erguem algumas bandeiras. Se as pessoas têm o direito de achar o azul mais bonito, outros deveriam ser livres e respeitadas por achar o rosa o mais belo.
O ser humano está à flor da pele, está mais sensível, pronto para o embate por mais irrelevante que sejam os temas e questões. Hoje, infelizmente, muitas pessoas, por mero prazer ou inveja, ódio ou algum sentimento perverso incutido na índole e na formação do caráter, preferem atirar gasolina ao invés de tentar apagar a fogueira da intolerância.
Como diria Renato Russo: ““É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã…”
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RETRUCANDO por Roger Campos: OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE
Vou dizer uma coisa: eu tenho minhas convicções e como vivemos num país falsamente democrático, se quisesse delatar, seria duramente criticado, já que todos querem ter suas opiniões respeitadas mas não se lembram de respeitar a do próximo…
Mas eu sempre fui e sou a favor da polícia e contra o bandido. E muitas vezes, principalmente em casos hediondos, de grande repercussão e comoção pública, também por ter conhecido pessoalmente o Coronel Conte Lopes, um dos militares mais linhas dura e famosos do Brasil, autor da frase “Bandido bom e bandido morto”, acabei concordando com essa tese…
Mas a vida sempre nos mostra outros caminhos, oportunidades de nos autoquestionar. Rever conceitos. Continuo a favor do trabalhador, de quem está dentro da lei. Mas cenas como essa que vimos hoje, de um assaltante, bandido, criminoso, meliante, vagabundo, como queiram chamar, (porém SER HUMANO) ser amarrado num poste, agredido brutalmente com socos, chutes, pauladas, pedradas e até garrafadas, nu, até a morte, é muito pra minha cabeça… E se for um engano? E se ele for inocente? Como vão voltar atrás?
Acusado de roubo foi severamente agredido, despido, amarrado e assassinado. Mesmo sendo religioso, católico praticante, seguidor dos ensinamentos de Jesus, também erro, sou pecador… E sou a favor da pena de morte. E nem acho isso eu erro. Mas olho por olho, dente por dente não… Lembram o que fizeram com aquela coitada, aquela dona de casa que foi confundida com uma criminosa que fazia rituais de magia negra contra crianças? Se não lembra, a foto pode te “refrescar a memória”:
A dona de casa foi linchada por várias pessoas com socos, pontapés, pauladas, pedradas, foi arrastada em praça pública, agonizou e morreu, sendo inocente. Falo de Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, agredida por dezenas de moradores de uma comunidade em Guarujá, no litoral de São Paulo. Ela morreu no dia 5 de maio de 2014 após ficar dois dias internada no Hospital Santo Amaro. Fabiane foi atacada por uma multidão depois da publicação de um retrato falado em uma página no Facebook de uma mulher que realizava rituais de magia negra com crianças sequestradas. Foi provado que não era ela, ela era inocente, morreu brutalmente sem dever nada…
Infelizmente nossas leis no Brasil são uma piada… A PM prende a a justiça manda soltar. O menor dirige sem carteira, vota, engravida as menininhas, fuma maconha, rouba, estupra, mata e é visto apenas como “criança”. O Código de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente está cheio de distorções.
No Brasil quem rouba um pão pra matar a fome mofa na cadeira. Já quem rouba milhões tem benefícios, regalias, cumpre, no máximo, prisão domiciliar e daquelas pra inglês ver, ou seja, por pouco tempo… Não estou fazendo apologia à prática de pequenos furtos ou coisa do tipo, defendendo quem rouba um pão. Todos devem pagar, mas de acordo com o que cometeram. Nos rigores da lei, com total justiça e direito de defesa, afinal a quem acusa cabe o ônus da prova.
Xilindró aqui é como se diz popularmente: é pra PPP (preto, pobre, prostituta). E não estou sendo preconceituoso não, antes que alguém acione o grupo de defesa sei lá de quem… É uma constatação!
Precisamos de uma reforma política, de uma reforma do Código Penal, novas leis, leis que sejam aplicadas e fiscalizadas na raiz. Mas precisamos mesmo é de uma revisão de conceitos, de posturas, de caráter. Precisamos nos libertar das prisões interiores e da demagogia. Não podemos voltar à Era Medieval. Novos comportamentos, mais consciência e menos bandeiras (vazias) erguidas, sendo que, muitas vezes, nem sabem o que defendem, apenas seguram o mastro pra sair bem na foto. Antes de rótulos, etiquetas, moral, acusações, é preciso lembrar que a vida é o item mais valioso. O ser humano deve ser respeitado em sua essência. Os animais também.
Por isso, chega de irracionalidade…
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Fala Sério por Roger Campos – O POETA NÃO MORREU: Após 25 anos de sua morte, Cazuza segue vivo em festas, rádios e shows
Cantor e compositor carioca morreu em 7 de julho de 1990, vítima de complicações decorrentes da aids
O poeta não está mais vivo, mas sua poesia, sim. Há exatos 25 anos, uma das figuras mais populares e talentosas da música brasileira morria precocemente. Agenor de Miranda Araújo Neto, o Cazuza, faleceu em 7 de julho de 1990, vítima de complicações decorrentes da aids, mas sua música ainda é tocada em festas, shows e rádios.
A relevância de Cazuza ainda hoje pode ser quantificada em números: um quarto de século depois de morrer, ele ainda figura nas listas dos cem maiores arrecadadores do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad). Na contagem que calcula arrecadamento de direitos em música ao vivo, o carioca figura na 25ª posição. Para o comunicador do Grupo RBS Márcio Paz, a explicação pode estar no fato de que, em todo esse tempo, não houve alguém que preenchesse o vazio deixado com a morte do poeta. Acho que os fãs ficaram órfãos, porque não surgiu nenhum substituto.
A emoção acabou,
que coincidência é o amor,
a nossa música nunca mais tocou…
25 ANOS SEM CAZUZA – 25 MOTIVOS PARA CONINUARMOS REVERENCIANDO O POETA DO ROCK
Há exatos 25 anos, silenciava um dos artistas mais emblemáticos do rock brasileiro. Com língua presa e poesias cortantes, das letras românticas ao achincalhamento da burguesia, Cazuza cantou temas tabus e reclamou direitos aos marginalizados – ele próprio, apesar de filho de classe média, era bissexual e morreu de Aids, aos 32 anos. Expôs a própria vida. Exagerou. Cravou o nome na história da musicografia brasileira. Neste aniversário, lembramos 25 razões por que não esquecê-lo.
- CD de inéditas
Será lançado disco com letras de Cazuza, musicadas por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Rogério Flausino, Baby do Brasil, Seu Jorge e Bebel Gilberto, amiga de infância dele. Ele deixou 65 letras inéditas.
- Exagerado
Em apenas nove anos de carreira artística, ele compôs 190 obras e 229 fonogramas, diz o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição. Exagerado é a mais tocada (nos últimos cinco anos), seguida por Bete balanço e Malandragem.
- Instituição
Criada por Lucinha Araújo três meses após a morte do filho – e, portanto, às vésperas de completar 25 anos -, a Sociedade Viva Cazuza fornece medicamentos, exames e assistência a portadores de HIV. São atendidos 140 pacientes.
Eu quero a sorte de um amor tranquilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva- Exposição
Sediada no bairro Laranjeiras, a Viva Cazuza tem uma mostra permanente, com os discos de ouro recebidos por ele, instrumentos musicais e objetos pessoais, como uma máquina de escrever, presente da avó materna.
- Resgate
Só as mães são felizes (1997), de Lucinha Araújo em parceria com a jornalista Regina Echeverria, com mais de 100 mil exemplares vendidos e esgotado, será reeditado e ampliado neste ano.
- Livros
Entrevistei o Barão Vermelho e o grande parceiro de Cazuza, o vocalista Roberto Frejat, por duas vezes e nesta fiz um especial sobre o poeta maior do rock brasileiro. A dupla fez Eu preciso dizer que te amo (Globo, esgotado), com letras e poesias, inclusive inéditas. O tempo não para: Viva Cazuza (Globo, R$ 39,90), da mãe, tem depoimentos de Ney Matogrosso, com quem ele namorou, Sandra de Sá e Frejat. Ambos devem ser relançados.
- Política
O teor político de algumas letras, como Ideologia e Burguesia, reforça a atualidade das composições. Brasil, com George Israel, do Kid Abelha e vencedora do Prêmio Sharp em 1988, foi eleito como um dos hinos dos protestos de junho de 2013.
- Romantismo
Poesias de amor rasgado são marcantes no cancioneiro do compositor carioca. Além da apaixonadíssima Exagerado, destacam-se Preciso dizer que te amo, Todo o amor que houver nessa vida e O nosso amor a gente inventa.
Amor da minha vida
Daqui até a eternidade
Nossos destinos
Foram traçados na maternidade09. Diálogo
Essencialmente roqueiro, dialogou com outros gêneros, como bossa nova (Faz parte do meu show é um exemplo), samba (era fã de Lupicínio Rodrigues e Cartola) e MPB (Caetano Veloso foi um dos primeiros a cantar Todo amor que houver nessa vida).
- Digitalização
Em fase de captação de recursos, um projeto orçado em R$ 660 mil deve viabilizar a catalogação, digitalização e o acondicionamento de mais de 10 mil itens. A previsão é que seja disponibilizado online no segundo semestre de 2016.
- Regravações
Codinome beija-for é campeã de versões, com 65. Depois, vêm Brasil (56), Pro dia nascer feliz (53), Exagerado (51), que ganhou recentemente um novo clipe, e Bete balanço (49). Para comparar: Garota de Ipanema, a recordista do país, tem 240 gravações.
- Vozes
Lobão também foi um grande amigo e parceiro musical. Composições dele foram regravadas por centenas de artistas, como Gal Costa (Brasil), Cássia Eller (Malandragem), escrita para Ângela Ro Ro, que a deixou na gaveta por anos, e Adriana Calcanhotto (Mais feliz).
A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas ideias não correspondem aos fatos
O tempo não pára- Filme
Protagonizado por Daniel Oliveira e com direção de Sandra Werneck e Walter Carvalho, Cazuza: O tempo não para mostra a trajetória artística e os dramas pessoais.
- Musical
Visto por mais de 200 mil pessoas, Cazuza: Pro dia nascer feliz, com direção de João Fonseca e texto de Aloisio de Abreu, é protagonizado por Emílio Dantas. O roteiro mostra a vida dele, embalado pelas canções. No Recife, foi encenado em junho.
- Barão
Entrevista com o Barão Vermelho. Faz tempo!!! Com Frejat, Guto Goffi, Maurício Barros e Dé, formou das bandas mais influentes da década de ouro do rock brasileiro, junto com Titãs, Paralamas e Legião Urbana. Maior abandonado e Bete balanço foram hits.
- Rock in Rio
“Que o dia nasça lindo pra todo mundo amanhã. Com um Brasil novo, com a rapaziada esperta”, disse Cazuza. Era 15 de janeiro, show do Barão Vermelho no primeiro Rock in Rio (virou CD e DVD).
Confundo as tuas coxas com as de outras moças
Te mostro toda a dor
Te faço um filho
Te dou outra vida pra te mostrar quem sou- Libertário
“Tudo aquilo contra o que ele lutou está voltando”, acredita Lucinha Araújo, sobre a onda de preconceito e desigualdades – tão presentes no Brasil atual – que ele criticou em Blues da piedade, Brasil e Um trem para as estrelas.
- Discografia
Apesar da importância, os cinco discos lançados em vida – Exagerado (1985), Só se for a dois (1987), Ideologia (1988), que vendeu 2 milhões de cópias, O tempo não para (1988) e Burguesia (1989) – e os dois póstumos – Por aí (1991) e O poeta está vivo (2005) – estão esgotados.
- Tributo
A solução é se “contentar” com o tributo Agenor: Canções de Cazuza (Tratore, R$ 20), com participações de cantores da nova geração, como os pernambucanos Mombojó (na faixa Vem comigo) e Catarina Dee Jah (Largado no mundo).
Meus heróis
Morreram de overdose
Meus inimigos
Estão no poder
Ideologia!
Eu quero uma pra viver- Igualdade
Ainda necessária, a discussão sobre respeito à comunidade LGBT foi tema de várias canções de Cazuza, bissexual assumido, desde Por que a gente é assim (1984), do Barão. Só as mães são felizes, Guerra civil a O tempo não para.
- Aids
Cazuza foi um dos primeiros artistas a assumir publicamente ter Aids, em 1989. “Ele pediu para o Brasil mostrar a cara, como ele não ia mostrar a dele?”, diz a mãe. Renato Russo, por exemplo, nunca assumiu.
- Trilhas
Composições dele estão nos filmes Bete balanço (1984), de Lael Rodrigues (nome da canção que titulou um compacto do Barão e foi incluída no LP Maior abandonado), e Um trem para as estrelas (1987), de Cacá Diegues. Ele atuou em ambos.
Brasil!
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim- Clipes
A MTV – e a popularização dos videoclipes – chegou ao Brasil em 1990, ano em que morreu. Apesar disso, ele deixou como legado Ideologia, considerado um clássico, além de O tempo não para e Exagerado.
- Persistência
Doente, não esmoreceu. Gravou Burguesia na cadeira de rodas, assim como foi ao Prêmio Sharp, em abril de 1989. Na noite, Marília Pêra leu manifesto contra a capa da Veja (Uma vítima da Aids agoniza em praça pública), que o fez passar mal.
- Adeus, Pernambuco
Os desabafos e confusões eram constantes. No último show da carreira, no Centro de Convenções de Pernambuco, em 24 de janeiro de 1989, ele começou a falar em inglês sobre o sucesso no exterior, foi vaiado pela plateia e respondeu com insultos e palavrões. Foi tirado do palco e precisou receber oxigênio.
Vida louca vida
Vida breve
Já que eu não posso te levar
Quero que você me leveCazuza sempre estará vivo entre nós. Em 7 de julho de 1990 eu sentei na calçada e chorei copiosamente quando anunciada sua morte. Hoje, 25 anos depois, relembro desse cara que saudade e agradecimento por toda a incomparável obra deixada. E sempre o homenagearei, porque, como ele mesmo dizia, o tempo não pára…
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FALA SÉRIO por Roger Campos: TU ÉS PEDRO
“Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”. A emocionante descoberta dos ossos de São Pedro no Vaticano
Hoje, 29 de junho, é o Dia de São Pedro e também de São Paulo. O Fala Sério vai falar de fé, algo não palpável, mas que sabemos é um grande alimento contra o desânimo, a derrota, a frustração, a amargura, a depressão e o medo. Cada um crê naquilo que quiser, não quero fazer apologia a nada e nem tentar influenciar alguém. O meu propósito com esse texto é mostrar algo que acredito, que mudou a minha vida e disso eu não abro mão.
As divinas palavras de Jesus concedendo o primado a São Pedro convidam os católicos de todos os tempos a se interessar, cheios de veneração, por tudo o que se refira ao primeiro Papa.
E, pelo contrário, os anticatólicos tendem a atacar o quanto podem o primado do Príncipe dos Apóstolos. Alguns protestantes chegaram a impugnar gratuitamente até a autenticidade daquelas palavras de Nosso Senhor a São Pedro. Negaram mesmo, junto com racionalistas e comunistas, que ele tenha estado em Roma e, portanto, que tenha exercido lá o papado.
Mas através dos séculos foram surgindo documentos provenientes dos mais diversos pontos da cristandade primitiva, confirmando a tradição católica. As provas foram tão acachapantes, que os anticatólicos praticamente ficaram reduzidos ao silêncio quanto a esses pontos.
Cristo dá as chaves á Sao Pedro Um dos principais historiadores protestantes, A. Harvach, reconheceu que já não merece o nome de historiador quem puser em dúvida que São Pedro tenha exercido seu ministério em Roma. Persistia, porém, entre muitos historiadores uma questão: O túmulo do Vigário de Cristo realmente está sob o magnífico altar-mor da Basílica de São Pedro?
Fala sério! Sobre este assunto há um silêncio quase total nos documentos dos primeiros séculos da História da Igreja. A tradição católica é bem precisa: São Pedro, já idoso, foi crucificado de cabeça para baixo na colina Vaticana, no ano de 68 (segundo alguns, 64), após ter exercido o papado em Roma por 25 anos. Seu corpo foi sepultado perto do local do martírio, num cemitério pagão existente na colina Vaticana, em frente ao circo de Nero.
Sao Pedro paramentado A tradição aponta ainda o lugar exato da sepultura – a chamada “confissão de São Pedro” –, veneradíssimo desde tempos imemoriais. Tendo em vista a antiguidade e a universalidade dessa tradição, a Igreja a aceitou.
Nos 250 anos que vão desde a morte de São Pedro até a liberdade da Igreja concedida por Constantino mediante o Edito de Milão (ano 313), apenas dois documentos referem-se ao túmulo do Apóstolo.
Um diz que o Papa Santo Anacleto ergueu no local um monumento fúnebre, aproximadamente vinte anos após a morte do Chefe da Igreja. Outro, mais seguro, é uma carta do sacerdote Gaius de Roma, no ano 200, afirmando que no local havia um τρόπαιον – monumento fúnebre (a palavra portuguesa “troféu” não corresponde exatamente ao sentido da palavra grega τρόπαιον).
Ossos de Sao Pedro no Altar da Confissao no Vaticano Assim que foi concedida liberdade aos cristãos, multidões de fiéis começaram a afluir de todas as partes para venerar as relíquias do Príncipe dos Apóstolos.
Por volta do ano 330, o Imperador Constantino e o Papa São Silvestre ergueram naquele local magnífica e enorme Basílica. O próprio Imperador trabalhou na obra, carregando doze cestos de terra em homenagem aos Apóstolos.
O local era sumamente inconveniente para a construção, pois o subsolo era mole e cheio de água, e o terreno em declive necessitava aterros colossais. Além disso, pelas leis romanas, o cemitério era inviolável, não se podendo retirar os ossos de nenhuma sepultura.
Somente a persuasão de estar o lugar ligado a um ponto fixo intransferível – o túmulo de São Pedro, que devia tornar-se o centro da grande Basílica – pôde ter levado Constantino a enfrentar tantas dificuldades técnicas, jurídicas e psicológicas que se opunham à construção em local tão impróprio. Mais tarde, na Renascença, a atual e ainda maior Basílica de São Pedro foi construída no mesmo sítio, mas sem interferência nas construções anteriores, erguendo-se num plano mais elevado.
Urna com os ossos de Sao Pedro no Altar da Confissao no Vaticano Assim, sobre o túmulo primitivo ergueram-se as construções constantinianas, e acima delas as da Renascença. Em diversas épocas houve reformas em torno do túmulo, mas – fato notável – não consta que ele tenha sido aberto em 1600 anos de história.
Um interessante livro, The Bones of St. Peter (“Os ossos de São Pedro”), de John E. Walsh (Doubleday, N.Y., 1982) narra, pela primeira vez, as pesquisas científicas realizadas no túmulo nos últimos anos.
Portanto, não há como negar a história de Pedro, primeiro Papa da Igreja, grande Pescador Homens. Pedro negou Cristo por três vezes e eu, Roger, por 33 anos. Fomos teimosos, mas descobrimos aquilo que se tornaria vital em nossas vidas.
Hoje, 29 de junho, é o Dia de Pedro. Paulo levou a mensagem de Cristo pelos quatro cantos da Terra. Pedro fundou a Sua Igreja. Dois alicerces fundamentais na história e na fé. Viva São Pedro, Viva São Paulo!
Dados extraídos de Juan Miguel Montes, da obra “Catolicismo”.