Gustavo Mesquita, de 28 anos, venceu nacional nas categorias aro 20 e cruiser de BMX, além de ter conquistado Mundial em 2011
Sete vezes campeão brasileiro. Quatro vezes campeão mineiro. Quatro vezes campeão paulista. Duas vezes panamericano e duas vezes sulamericano. Campeão mundial em 2011. Vice-campeão mundial em 2016. O currículo do ciclista Gustavo Mesquita impressiona. Aos 28 anos, o atleta de Três Pontas, coleciona títulos e medalhas. Neste ano, além do vice no Mundial, venceu todas as provas nas categorias Aro 20 e Cruiser do Campeonato Brasileiro de BMX. Mas nem sempre foi assim.
Gustavo começou a pedalar em 2002, aos 14 anos, “como uma brincadeira”, como costuma destacar. Em vez de pistas de treino profissionais, montinhos de terra nas ruas e em terreiros para poder saltar. Modesto, ele diz que não levava jeito para o esporte.
– Eu fui criando gosto pela bicicross e foi com muita luta, porque eu não tinha muito jeito com a bike. Tem dois jeitos de você se destacar no esporte. Um é tendo talento, trabalhando esse talento. E o outro é gostar desse negócio e correr atrás até ficar bom. Como eu não tinha esse talento, eu tive que ir na raça. Foi um caminho um pouco mais longo, mas que me ajudou muito a nunca desistir do sonho de me tornar um atleta de nível – conta.
Com o BMX ainda pouco conhecido na região, Gustavo conta que sofreu com a falta de locais para treinos e teve que enfrentar até a desconfiança da própria família.
– No começo, eles não gostavam muito, porque achavam que era uma besteira, que não tinha futuro. Mas como eu nunca desisti, agora eles sentem orgulho e me apoiam. Foi uma satisfação para mim. Nem eu acreditava muito no começo e agora estou disputando títulos importantes, viajando pelo mundo – diz o atleta.
A “falta de talento”, no entanto, não impediu que o atleta logo fizesse sucesso nas pistas. O primeiro título no Mineiro veio em 2005. A conquista se repetiu em 2007, 2014 e agora em 2016. O primeiro brasileiro veio em 2008, seguido da conquista em duas modalidades em 2010, uma em 2011, uma em 2013 e duas neste ano.
– A luta foi muito grande, porque na região não tinha muito incentivo, não tinha pista de nível. Para chegar no nível nacional, foi bem difícil.
Tanto na final da categoria Aro 20 quanto na da Cruiser, Gustavo abriu vantagem logo na primeira reta, deixou os adversários para trás e dominou a prova. O estilo é treinado à exaustão, na maioria das vezes sozinho, em uma pista municipal em Varginha, que fica a cerca de 30 km de Três Pontas.
– Praticamente 75% do treino é a primeira reta, porque você virar a curva em primeiro aumenta muito as chances de você ter uma vitória. Eu consegui chegar bem e eu consigo fazer a minha pista bem rápido. O treino encaixou bem, eu treinei muito. O segredo é treinar e ter a confiança, porque não adianta nada você estar super preparado se a sua confiança não estiver no mesmo nível.
O atleta sul-mineiro agora tem mais um objetivo, se sagrar bicampeão mundial na Aro 20, categoria em que venceu a disputa em 2011, em Copenhague, na Dinamarca. Neste ano, em Medellín, na Colômbia, Gustavo ficou com o vice-campeonato.
– Eu cheguei na competição sem apoio nenhum. Comecei a correr atrás, fiz até uma vaquinha online e, graças a Deus, consegui ir. Agora a meta para o ano que vem é focar o mundial. É o campeonato mais importante e esse ano faltou um pouquinho, bateu na trave. Então para o ano que vem o foco vai ser o mundial nos EUA, onde começou o bicicross – destaca.
Para isso, Gustavo sabe que não dá para pensar na preparação mesmo quando está de férias e dá uma dica para quem, assim como ele, deseja chegar longe no esporte.
– Pra mim, o esporte é tudo. Você treina, se prepara para uma competição e quando você vence ela tem um gosto inexplicável. Aquele gostinho da vitória não tem dinheiro nenhum que pague. O segredo é dedicar e confiar no seu treinamento.
Fonte G1 Sul de Minas