Se fosse apenas por um dia, uma única vez, que me desse aquele irreversível desejo de viver, olhar, sentir, respirar e ouvir dentro dos primeiros tempos, onde os primeiros sons sejam eles quais tenham sido, surgiram de um momento, movimento ou motivo qualquer… Algo que soou simples, puro, suave, sutil, verdadeiro, único, eterno, exato…  Se fosse apenas essa saudade do que não vivi, não ouvi, não senti, não guardei. Se fosse apenas a curiosidade perversa da possibilidade de ter sido bom, agradável aos sentidos…

Não! Não é! Não é, não! Os poros dos meus ouvidos se abrem cronicamente inquietos sedentos de respostas… Quem foi que um dia determinou o que é bom som ou mau som? Quem foi que um dia determinou quem executa bem e quem executa mau a música? Quem foi que um dia determinou quem ama e quem não ama a música? Quem foi que um dia determinou quem respeita e quem não respeita a música?

Sim! Eu quero, sim! Eu quero saber quem foi que deu plenos poderes aos primeiros ditadores do meio fonográfico, a decidirem quem pode, quem tem o direito, quem está apto ou quem tem permissão para adentrar o universo “cubicular” dos “bem vindos ao mercado” da música?

Sim! Eu quero saber onde iremos acordar depois desse pesadelo torturante, onde milhões de pérolas estão soltas, desamparadas, magoadas, desvalorizadas, desmotivadas… Um caldeirão de gente DA PESADA, compositores, arranjadores, musicistas, cantores, etc… Abandonados, órfãos…

E se a mídia com essa ganância, com esse movimento déspota, com essa ignorância, com esse egoísmo, conseguir esgotar os resistentes, sobreviventes, desesperados que ainda trazem suas milagrosas bagagens? E se essas bagagens forem extraviadas no tempo?

Será que a mídia por acaso tem algum critério de qualidade?

Aliás, o que é mesmo qualidade???

INDIA TISO

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