Mesmo dois anos após o fim da recessão, um quarto dos desempregados brasileiros procura trabalho há pelo menos dois anos. O chamado desemprego longo atinge 3,12 milhões de pessoas. O grupo é o que mais cresceu desde o início da crise econômica, em 2014, com acréscimo de 2 milhões de brasileiros. Os dados são referentes ao quarto trimestre do ano passado e integram a Pesquisa Pnad Contínua, do IBGE .

Segundo especialistas, esses trabalhadores estão no fim da fila do emprego e só devem conseguir uma recolocação se a economia voltar a crescer com força – o que não deve ocorrer durante o governo Bolsonaro. As expectativas do mercado para os próximos três anos são de expansão anual de 2,5% para o Produto Interno Bruto, segundo o Boletim Focus do Banco Central. A informalidade também nunca foi tão grande. Em 2018, em média 35,42 milhões de pessoas trabalhavam sem carteira de trabalho, segundo o IBGE.

São mais atingidos pelo desemprego longo trabalhadores da construção civil, o contra própria informal e outros com baixa escolaridade, que independente de conjuntura econômica já teriam dificuldade de ter uma renda. A crise foi um obstáculo a mais, explica o sociólogo e diretor técnico do Dieese Clemente Ganz Lúcio:

– São pessoas que têm poucos recursos para aproveitar o período sem emprego para se capacitar ou se reinventar.

Segundo o diretor do Dieese, o inchaço desse grupo reflete o baixo dinamismo da economia. Empresas e governo têm dificuldades de volatar a investir e gerar empregos.

– Se a economia seguir crescendo 1%, 2% ao ano, a situação desse grupo vai se agravar. Serão alijadas e ficarão sem perspectivas de retorno. A situação é dramática porque o desemprego longo gera depressão, ansiedade, aumenta a violência e desestrutura as condições de vida das famílias – ressalta o sociólogo.

Maria Andréia Parente Lameiras, economista do Ipea, ressalta que esses desempregados também são desalentados em potecial. Ou seja, estão mais propensos a desistirem de procurar emprego por falta de persperctivas de conseguir uma colocação. Hoje, o país tem 4,7 milhões de desalentados.

– Essa pessoa, em algum momento, ou vai para o desalentou ou para a informalidade. Só têm chance de voltar ao mercado com carteira após os demais desempregados, com maior qualificação, serem contratados – ressalta Maria Andréia, lembrando que o Brasil encerrou 2018 com 12,1 milhões de desempregados.

*G1

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Roger Campos

Jornalista

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