QUARTA-FEIRA ESPECIAL ABRE A QUARESMA, TEMPO DE JEJUM, PENITÊNCIA E CARIDADE.
Após os quatro dias de folia carnavalesca em todo Brasil, os católicos iniciam o Tempo da Quaresma com a celebração da Quarta-Feira de Cinzas. E aqui em Três Pontas não foi diferente. O Santuário Diocesano Nossa Senhora d’Ajuda, que abriga os restos mortais do Beato Padre Victor, recebeu um número bastante grande fiéis para a celebração da purificação com as cinzas, na Santa Missa das 18h30.
QUARTA-FEIRA DE CINZAS
De acordo com a Canção Nova, “a Quarta-Feira de Cinzas foi instituída há muito tempo na Igreja, dia que marca o início da Quaresma, tempo de penitência e oração mais intensa. Para os antigos judeus, sentar-se sobre as cinzas já significava arrependimento dos pecados e volta para Deus. As cinzas bentas e colocadas sobre as nossas cabeças nos fazem lembrar que vamos morrer, que somos pó e ao pó da terra voltaremos (cf. Gn 3, 19), para que nosso corpo seja refeito por Deus de maneira gloriosa, para não mais perecer.
A intenção desse sacramental é nos levar ao arrependimento dos pecados, é fazer-nos lembrar que não podemos nos apegar a esta vida, achando que a felicidade plena possa ser construída aqui. É uma ilusão perigosa. A morada definitiva é o céu.
Não busque construir o Céu na Terra
A maioria das pessoas, mesmo os cristãos, passa a vida lutando para ‘construir o Céu na Terra’. É um grande engano! Jamais construiremos o Céu na Terra, jamais a felicidade será perfeita no lugar que o pecado transformou num vale de lágrimas. Devemos, sim, lutar para deixar a vida na Terra cada vez melhor, mas sem a ilusão de que ficaremos sempre aqui.”
Deus dispôs tudo de modo que nada fosse sem fim nesta vida. Qual seria o desígnio do Senhor nisso? A cada dia de nossa vida, temos de renovar uma série de procedimentos, como dormir, tomar banho, cuidar da nossa alimentação etc. Tudo é precário, nada é duradouro, tudo deve ser repetido todos os dias. A própria manutenção da vida depende do bater interminável do coração e do respirar contínuo dos pulmões. Todo o organismo repete, sem cessar, suas operações para a vida se manter. Tudo é transitório, nada é eterno. Toda criança se tornará um dia adulta e, depois, idosa. Toda flor que se abre logo estará murcha; todo dia que nasce logo se esvai; e assim tudo passa, tudo é transitório.
Compra-se uma camisa nova, e logo ela já está surrada; compra-se um carro novo, e logo ele estará bastante rodado e vencido por novos modelos, e assim por diante.
Estamos de passagem na Terra
A razão inexorável dessa precariedade das coisas também está nos planos de Deus. A marca da vida é a renovação. Tudo nasce, cresce, vive, amadurece e morre. A razão profunda dessa realidade tão transitória é a lição cotidiana que o Senhor nos quer dar de que esta vida é apenas uma passagem, um aperfeiçoamento, em busca de uma vida duradoura, eterna e perene.
Em cada flor que murcha e em cada homem que falece sinto Deus nos dizer: ‘Não se prendam a esta vida transitória. Preparem-se para aquela que é eterna, quando tudo será duradouro, e nada precisará ser renovado dia a dia.’”
Isso nos mostra também que a vida está em nós, mas não é nossa. Quando vemos uma bela rosa murchar, é como se ela estivesse nos dizendo que a beleza está nela, mas não lhe pertence.
Ainda assim, mesmo com essa lição permanente que Deus nos dá, muitos de nós somos levados a viver como aquele homem rico da parábola narrada por Jesus. Ele abarrotou seus celeiros de víveres e disse à sua alma: “Descansa, come, bebe e regala-te” (Lc 12,19b); ao que o Senhor lhe disse: “Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma” (Lc 12,20).
Doar para os outros e para Deus
A efemeridade das coisas é a maneira mais prática e constante encontrada por Deus para nos dizer, a cada momento, que aquilo que não passa, que não se esvai, que não morre, é aquilo de bom que fazemos para nós mesmos, principalmente para os outros. Os talentos multiplicados no dia a dia, a perfeição da alma buscada na longa caminhada de uma vida de meditação, de oração e piedade, essas são as coisas que não passam, que o vento do tempo não leva e que, finalmente, vão nos abrir as portas da vida eterna e definitiva, quando “Deus será tudo em todos” (cf. 1 Cor 15,28).
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Se a vida na Terra fosse incorruptível, muitos de nós jamais pensaríamos em Deus e no Céu. Acontece que o Todo-Poderoso tem para nós algo mais excelente, aquela vida que levou São Paulo a exclamar:
“Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64,4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1 Cor 2,9).
Não nos conformemos com essa vida
A corruptibilidade das coisas da vida deve nos convencer de que Deus quer para nós uma vida muito melhor do que esta – uma vida junto d’Ele. E, para tal, o Senhor não quer que nos acostumemos com esta [vida], mas que busquemos a outra com alegria, onde não haverá mais sol, porque o próprio Deus será a luz, nem haverá mais choro nem lágrimas.
Aqueles que não creem na eternidade jamais se conformarão com a precariedade desta vida terrena, pois sempre sonharão com a construção do Céu nesta Terra. Para os que creem, a efemeridade tem sentido: a vida “não será tirada, mas transformada”; o “corpo corruptível se revestirá da incorruptibilidade” (cf 1Cor 15,54) em Jesus Cristo.
Santa Teresinha não se cansava de exclamar: “Tenho sede do Céu, dessa mansão bem-aventurada, onde se amará Jesus sem restrições. Mas para lá chegar é preciso sofrer e chorar. Pois bem! Quero sofrer tudo o que aprouver a meu Bem Amado, quero deixar que Ele faça de sua bolinha o que Ele quiser.”
São Paulo lembrou aos filipenses: “Nós somos cidadãos do Céu! É de lá que também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Ele transformará nosso corpo miserável, para que seja conforme o seu corpo glorioso, em virtude do poder que tem de submeter a si toda a criatura” (Fl 3, 20-21).
A esperança do Céu e da Sua glória fazia o apóstolo dizer: “Os olhos não viram nem ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64,4) o que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1 Cor 2,9).
Essa esperança lhe dava as forças necessárias para vencer as tribulações: “Tenho para mim que os sofrimentos da vida presente não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada” (Rom 8,18).
Esse é o sentido das cinzas.
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TEMPO DA QUARESMA
A Quaresma é como conhecemos o período de preparação da Páscoa que é marcado por práticas de penitência, como jejuns e obras de caridade. Tradicionalmente, entende-se a Quaresma como um período de 40 dias, mas ela tem atualmente a extensão de 44 dias. Essa prática surgiu no século IV d.C.
A Quaresma é um período de preparação que antecede a Páscoa na tradição cristã. Tradicionalmente, esse período se estende por 40 dias, iniciando-se na Quarta-Feira de Cinzas e se encerrando no Domingo de Ramos, ou seja, uma semana antes do Domingo de Páscoa.
A Quaresma, por ser um período de preparação, é enxergada, sobretudo na tradição católica, como o momento propício para a realização de jejuns, caridades e bastante oração. O objetivo da realização dessas obras é parte de um esforço para que o fiel amplie sua devoção a Deus e se arrependa dos seus pecados.
A palavra “Quaresma” vem do termo Quadragésima, que em latim significa “quarenta dias”. Essa associação do termo com os quarenta dias também está presente em outros idiomas, como no espanhol, que se refere ao período como Cuaresma; no italiano, Quaresima; e no francês, Carême.
Não se sabe exatamente o motivo pelo qual se estabeleceu a Quaresma com 40 dias de duração, mas, na tradição bíblica, diversos acontecimentos se estenderam por um período que leva o número 40:
o jejum de Jesus no deserto ocorreu em 40 dias;
o dilúvio do qual Noé sobreviveu também levou 40 dias e 40 noites;
a travessia do deserto por Moisés e os hebreus ocorreu em 40 anos, etc.
A Quaresma é uma prática realizada por fiéis de tradição católica, assim como por devotos da Igreja Ortodoxa, anglicanos e luteranos. Aqui no Brasil existe um grande número de cristãos evangélicos e, para eles, a Quaresma não é observada, uma vez que o entendimento da tradição evangélica é de que práticas como jejuns e orações não devem ser resumidas apenas aos 40 dias que antecedem a Páscoa.
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