REPORTAGEM ESPECIAL: AUMENTO NO NÚMERO DE ACIDENTES PREOCUPA E CHAMA A ATENÇÃO DOS MORADORES; CONEXÃO FAZ LEVANTAMENTO.

Mais um acidente de trânsito foi registrado na cidade de Três Pontas nesta quarta-feira (09). De acordo com as informações apuradas pelo Conexão um caminhão da Prefeitura Municipal de Três Pontas teria avançado um cruzamento vindo a colidir com um veículo de passeio que acabou capotando. Nas últimas semanas houve um aumento de mais de 300% nos acidentes de trânsito no municípío, grande parte provocada por erros humanos.

O capotamento ocorreu no bairro Padre Vitor. Conforme a Polícia Militar, um caminhão da Prefeitura que descia pela Rua Pará, no início da tarde de hoje, não teria parado no cruzamento, vindo a atingir um automóvel Golf que trafegava pela Rua Espírito Santo, sentido trevo.

Foto Redes Sociais

Com a força da batida o veículo de passeio acabou capotando e ficando com as rodas para cima. A Polícia Militar registrou a ocorrência. Moradores disseram para nossa reportagem que o cruzamento em questão é perigoso e que frequentemente acontecem acidentes ali. Felizmente o condutor do Golf não se feriu.

Aumento dos Acidentes na Cidade

Nos últimos 30 dias houve um aumento considerável, em torno de 300% no número de acidentes, tanto dentro do perímetro urbano quanto nas proximidades das entradas da cidade, na MG 167, tanto em direção à Varginha quanto à Santana da Vargem. Inclusive com registro de morte.

Arquivo Conexão

Ainda conforme o levantamento feito por nossa reportagem nas últimas semanas foram registrados, em média, 4 acidentes a cada 7 dias, um número três vezes maior em comparação com o mesmo período do ano passado e também mais que o dobro do mês anterior. As causas são as mais variadas, porém a grande maioria apontam para a distração, a pressa, a imperícia, a imprudência e a negligência de muitos condutores. Veja os principais fatores que causam acidentes em Três Pontas:

_ Desrespeito às sinalizações de trânsito, tanto vertical (placa) quanto horizontal (inscrição no pavimento);

_ Uso de bebida alcoólica;

_ Uso de celular enquanto dirige;

_ Excesso de velocidade;

_ Não guardar distância de segurança;

_ Defeito mecânico;

_ Falta de habilitação (CNH);

_ Sinalização deficitária ou inexistente

Art. 28. (CTB) O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito.

Arquivo Conexão

Também nas últimas semanas nos deparamos com várias reclamações e flagrantes de populares informando a pane no funcionamento de alguns semáforos na Avenida Ipiranga, uma das principais vias de acesso de Três Pontas, sendo também uma das mais movimentadas. A queima da sinalização semafórica nas proximidades da antiga Fiat teria sido provocada por um reparo na iluminação pública feito por uma empresa terceirizada pela Cemig. Foram vários dias do semáforo operando apenas na sinalização de alerta (amarelo intermitente), o que, além de potencializar as chances de colisões naquele cruzamento, também gerou indignação e muitas reclamações nas redes sociais, por parte de moradores e usuários das vias.

Uma grande obra de canalização na Avenida Oswaldo Cruz, principalmente na região central da cidade, no cruzamento com a Avenida Ipiranga até em frente a empresa Mundial Tintas, tem provocado também alguns transtornos, como o fechamento da via e alguns desvios que, além de aumentarem os trajetos, aumentam, segundo especialistas em trânsito, a impaciência, os congestionamentos e o risco de novos acidentes. “Quando um motorista acaba desviando seu trajeto, refazendo uma rota, ele precisa estar muito atento, pois acaba pegando um caminho que não é muito habitual e assim precisa estar mais concentrado, o que, na maioria dos casos, não ocorre e alguns acidentes acabam ocorrendo. Motorista atento diminui drasticamente o risco de acidentes”, alertam os educadores do trânsito da Auto Escola Vitória.

Outro dado preocupante no levantamento feito pelo Conexão é o índice em elevação de acidentes envolvendo motocicletas e ciclomotores. “Veículos de duas são alvos fáceis e quando se envolvem em acidentes os danos físicos para condutor e garupa sempre são maiores se compararmos com ocupantes de veículos de quatro ou mais rodas. E vimos alguns acidentes de moto nos últimos dias, inclusive colisão de moto com moto, o que não é muito comum. E quase sempre os envolvidos em acidentes de trânsito ou estavam em alta velocidade ou ingeriram bebida alcoólica ou ainda estavam falando ao celular. A desatenção inflama, reverbera o risco de colisões”, concluem.

A imprudência dos motoristas é a principal causa de acidentes de trânsito. Destes, 30,3% ocorrem por infração às leis de trânsito, enquanto 23,4% indicam falta de atenção do condutor. A “falha humana”, portanto, é a principal causa dos acidentes nas estradas e ruas brasileiras.

Arquivo Conexão

De quem é a culpa afinal?

BATIDA NA TRASEIRA

É oportuno observar, que existe presunção de que a culpa em acidentes em que ocorre colisão traseira é do condutor que choca seu veículo na retaguarda do outro, ou seja, o motorista que abalroa por trás é, em regra, culpado, de modo que o ônus da prova é invertido, cabendo a ele a prova de desoneração de sua culpa, pois popularmente entende-se que, “quem bate na traseira” está errado.

ENGAVETAMENTO

No caso de engavetamento deve prevalecer a presunção de culpa daquele que provocou o primeiro abalroamento. Devendo ser atribuída àquele a culpa pelo evento. Os tribunais brasileiros vêm entendendo que em caso de abalroamento sequencial de veículos, o primeiro veículo a colidir é o responsável por todo o evento.

Porém é preciso lembrar que o art. 29, inciso II, do Código de Trânsito Brasileiro, estabelece que o condutor de veículo deve guardar distância de segurança frontal entre o seu e os demais veículos que seguem adiante na corrente de tráfego. Esta distância de segurança se não for observada pelo condutor, fatalmente atingirá a traseira do veículo à frente, que normalmente em um congestionamento encontra-se parado.

Muitos entendem, portanto, que não isenta da responsabilidade civil, a outra parte não estiver dirigindo com a atenção indispensável à segurança do trânsito, de acordo com o que dispõe o artigo 28 do Código Brasileiro de Trânsito.

Um relatório recente apresentado pelo Detran de São Paulo, mediante amplo estudo, trouxe as seguintes informações sobre o “perfil” dos acidentes: m relação às vítimas, 88,2% das vítimas de acidente de trânsito são homens. Os acidentes costumam acontecer nas quartas-feiras (22,4%) e aos sábados (18,4%), principalmente a noite (58,8% e 71,4%, respectivamente). O condutor de moto é a maior vítima (38,16%), seguido pelo pedestre (25%) e o condutor de veículos leves (18,4%). Os principais fatores são o excesso de velocidade, consumo de álcool, falta de habilitação, e transitar/ convergir em local proibido.

Arquivo Conexão

Os acidentes no trânsito, principalmente em rodovias federais, têm números altos no Brasil. Um estudo realizado pelo Ministério dos Transportes, Portos e Aviação mostrou que em 53,7% dos acidentes a causa é a imprudência dos motoristas. Destes, 30,3% ocorrem por infração às leis de trânsito, enquanto 23,4% indicam falta de atenção do condutor. A “falha humana”, portanto, é a principal causa dos acidentes nas estradas e ruas brasileiras.

A taxa de desrespeito às regras no trânsito indica, em números brutos, 23 mil mortes entre 2007 e 2016. Além disso, a falta de atenção causou 15 mil vítimas fatais e deixou 276 mil feridos no mesmo período.

Solução: A educação no trânsito é mais que importante!

De acordo com Flávio Freitas, da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), se as regras de trânsito fossem respeitadas, seria possível reduzir os acidentes. Atitudes simples já ajudariam, como usar o cinto de segurança, controlar a velocidade e ter maior atenção ao dirigir.

Arquivo Conexão

Freitas defende que a qualidade na formação dos motoristas no Brasil é baixa: “Fizemos um estudo de como são formados nossos motoristas e chegamos à conclusão de que não temos uma formação, mas sim de que somos adestrados a tirar a habilitação. Decoramos placas de trânsito sem saber que atitude devemos ter diante dessa sinalização. Outra coisa que notamos é que não havia nenhum vínculo entre a aula teórica e a prática”.

Especialistas terminam afirmando de forma categórica que “se os motoristas conhecessem e praticassem a Direção Defensiva (Dirigir defensivamente é conduzir um veículo automotor com a intenção clara de evitar acidentes e de respeitar todos os usuários da via de acordo com seu tamanho – maiores responsáveis pelos menores – ou categoria) as estatísticas de acidentes, com ou sem vítimas fatais, cairiam vertiginosamente, reduzindo os números em mais de 70%.”.

Pesquisas: Detran / CTB / JusBrasil

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Roger Campos

Jornalista

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