O que mais ouvimos em todos os meios de comunicação, são notícias a respeito de atos de descortesia, do esculachado desdém pela pessoa do outro, da falta total dos bons modos e costumes que nos foram passados por nossos pais, sumariamente descartados em prol de uma ”modernidade” dos tempos e da inserção diária de novos de elementos tecnológicos, que, no entanto, não deveriam excluir o próprio elemento humano.
O que se vê, e a mim choca, mas não surpreende, são imensos contingentes de neo-trogloditas circulando pelas ruas e calçadas das grandes e pequenas cidades. Faz pensar se, talvez, os homens das cavernas não eram mais afáveis entre si.
Exagero? Senão, vejamos:
Uma pessoa: bem vestida, mulher jovem, altamente irritada só por ter que desviar de outras pessoas que circulam por um restaurante. Bufou, driblou, mudou de rota, faltou xingar. Nem se deu conta, talvez, de que estivesse sendo indelicada.
O que escancara, aquilo que chama à atenção de quem está em volta, é a desproporção, a exagerada intensidade de nossas ações. Sabe aquela situação em que comumente se diz “menos!”? Pois é, menos. Bem menos.
Um cidadão: chega intempestivamente numa loja, questiona um monte de coisas e simplesmente vira as costas pela mesma dura pisada em que chegou, como se tivesse sido vítima da mais grave ofensa; nem “bom dia”, nem ao menos “tchau”. Ninguém é obrigado, obviamente, a lhe comprar ou vender o quer que seja, mas há o trato; em tudo fica o trato.
Na verdade, o que fica de nós, depois que deixamos qualquer recinto, é a impressão que causamos. Se desejamos ser aguardados ansiosamente, por muitas vezes, ou se as pessoas vão nos desejar que tomemos o caminho do “corso” que nos carregue.
Essas coisas de boas maneiras, repito, nos são ensinadas ainda muito cedo. Não há maneirismos, inovações, nada que justifique o contrário. Antes, alguém podia imaginar, moradores da cidade grande, que a rudeza dos modos pudesse ser coisa de quem nasceu e sempre viveu nas roças.
Conhecendo de perto os antigos nascidos e moradores da roça, os mais humildes que sejam, são, em geral, pessoas de fino trato. A boa educação, ou a falta dela, nada tem a ver com o fato de termos cursado, ou não, 16 ou mais anos de escola, mas parece que as pessoas estão se esquecendo das mínimas regras de civilidade.
Outro caso: Uma senhora adentra pela igreja, antes parando à porta para receber o folheto da missa, mas é esbarrada rudemente por um sujeito que vem entrando e, por pouco, não a derruba ao chão. Ela se assusta, fica indignada, mas o sujeito faz uma expressão de desdém, um gesto levantando o braço, dá de ombros. (?!). Tratava-se, como disse, da entrada de uma igreja…
Falar que os motoristas não param nas esquinas e invadem a preferencial, à frente de qualquer carro que venha em qualquer velocidade, seria lugar-comum, mas todos os fatos que relatei acima foram presenciados no espaço de uma única semana, aqui mesmo na cidade de Três Pontas.
É certo mesmo que, no dia-a-dia, não somos sempre bem humorados, nem sempre somos tão gentis e, às vezes, fazemos ou dizemos algo de que não nos orgulhamos muito. É, vá lá, é humano. Com exceção de algumas pessoas iluminadas que conheço, todos somos sujeitos a esse tipo de coisa. Só que a pressa e o mal humor não são salvo-condutos para atrocidades como empurrar velhinhas em igrejas, por exemplo.
Mas podemos ser melhores, como naquela música esplêndida do JQ, esperando por dias melhores, pelo “dia em que seremos melhores”. Só que isso tem que vir por um difícil esforço diário, com a ajuda de Deus.