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Ferreira Gullar é considerado um dos maiores poetas brasileiros, nasceu no dia 10 de setembro de 1930, na cidade de São Luiz capital do Maranhão. Filho de Alzira Ribeiro Goulart e de Newton Ferreira, Gullar tinha dez irmãos.

Em entrevista ao portal do jornal Tribuna do Norte, Gullar explicou a utilização do sobre nome do pai e da mãe para criação do seu pseudônimo. Segundo ele, seu nome de origem, Ribamar é muito popular no Maranhão, então decidiu pegar o último sobrenome do pai e soma- lo a grafia alterada do último nome da mãe, que passou de Goulart para Gullar.

“Como a vida é inventada eu inventei o meu nome “, Afirmou Gullar.

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O primeiro livro de poesia Uma alma no Chão, foi publicado em 1949 quando o poeta tinha apenas dezenove anos. Nessa fase Gullar em período de formação, mostrou-se influenciado pela estética simbolística e parnasianas, no inicio da década de 1950, escreveu os poemas ” A Luta Corporal” livro no qual é possível notar certa semelhança com a poesia dos poetas paulistas que em 1956, lançaram o concretismo. Explorando propriedades gráficas e vocais das palavras, rompendo com a ortografia e com convenções da lírica.
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Ferreira Gullar integrou de maneira circunstancial o movimento concretista, do qual se afastou por causa de discordância em relação as suas propostas teóricas. Ele foi um dos criadores do neoconcretismo e produziu obras em diversas áreas como ensaio, tradução, biografia, critica de arte e poesia.

O movimento neoconcreto surgiu em 1959, com um manifesto escrito por Gullar, seguido na teoria na teoria de não objeto, este dois textos fazem hoje parte da história da arte brasileira pelo que trouxeram de original e revolucionário, são expressões da arte neoconcreta aos olhos de Lygia Clark e Hélio Oiticica.

Gullar, por sua vez, levou suas experiências poéticas ao limite da expressão, criando o livro Poema e depois, o Poema especial, e finalmente, o Poema Enterrado. Este consiste em uma sala no subsolo o que se tem acesso por uma escada, após penetrar no poema, deparamos- nos com cubo vermelho, ao levantarmos este cubo, encontramos outro, verde, e sob este ainda outro, branco, que tem escrito numa das faces a palavra “rejuvenesça”.

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Nessa mesma época 1960 a poesia de Ferreira Gullar, já mostrou um estado de alta tensão psíquica e ideológica, ele abandona as experiências de vanguarda e engajou- se na política por meio do Centro Popular de Cultura (CPC) no Rio de Janeiro, cujo objetivo era defender o caráter coletivo e didático da obra de arte, bem como o engajamento político do artista. Seus textos, independentemente do tema abordado, são participantes isto é engajados, evidenciando a preocupação do poeta com as mazelas suciais e sobre tudo, a preocupação em contribuir para a transformação da sociedade brasileira.

Gullar foi perseguido pela ditadura militar e no exílio na Argentina, escreveu o Poema Sujo, considerado uma obra prima da literatura brasileira. Gravado em uma fita cassete, o poema foi trazido para o Brasil pelo amigo, o também poeta Vinicius de Moraes e no ano de 1976 foi finalmente publicado.
Curiosamente, o reconhecimento da importância de sua obra aconteceu apenas na década de 1990, periodo em que foi agraciado com diversos prêmios e homenagens, entre os quais o Prêmio Jabuti (o mais importante premio literário do Brasil) o premio Machado de Assis (oferecido pela Academia Brasileira de Letras) e o premio Camões (concedido pelo o governo do Brasil e Portugal) alem de uma indicação ao prêmio Nobel de Literatura no ano de 2002.
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Paralelamente a produção poética, Gullar construiu uma solida obra teórica e critica no campo das artes visuais, na qual reviu antigas posições (principalmente em relação ao uso da poesia como conscientização social) e tratou de questões referentes a arte contemporânea produzida no Brasil e em outros países.
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A morte de Gullar marcou o fim de uma era, Gullar foi o último representante relevante de uma época em que escritores artistas e intelectuais tinham a obrigação moral de se associar incondicionalmente a esquerda. Gullar foi um dos poucos que entenderam o que aconteceu no Brasil e no mundo, em termos de ideologia.
E pagou um preço alto por sua independência, critico contumaz do rumo que a esquerda tomou no país nas ultimas décadas, foi jogado para escanteio pela ” inteligência ligado ao campo no poder”, inatacável em sua poesia e pelo seu passado, foi militante do PCB e, exilado pela ditadura militar, viveu na União Soviética, na Argentina e no chile. Gullar se tornou uma presença incomoda para muita gente.
Quando,em uma entrevista um pouco antes da sua morte, lhe perguntaram se ele tinha passado para a direita, Ferreira Gullar respondeu: “Eu, de direita? Era só o que faltava. A questão é muito clara, quando ser de esquerda dava cadeia, ninguém era, agora que da prêmio, todo mundo é.
Ferreira Gullar – A Necessidade da Arte – YouTube –
Adriana Macedo

Universitária

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