Provedor tenta contratar novos médicos, mas afirma que ninguém quer trabalhar num Hospital que não está pagando.
A situação financeira do Hospital São Francisco de Assis parece se agravar a cada dia, apesar de todos os imensuráveis esforços da nova diretoria e, principalmente, do provedor Michel Renan Simão Castro, vistos pela comunidade trespontana. Na semana passada ele anunciou que se nada fosse feito a Santa Casa seria fechada por trabalhar no vermelho. E agora os médicos plantonistas decidiram, aos poucos, não de uma vez, pedir demissão por falta de pagamento de honorários. Com isso, restaram apenas dois para os sete dias, o que é inviável. Decidiu-se portanto que a partir de ontem (05) o HSFA não internaria mais ninguém pelo SUS.
As informações apuradas pelo Conexão dão conta de que os médicos plantonistas, aqueles que trabalham em regime de 12 horas no Hospital São Francisco de Assis, sendo responsáveis pela clínica geral, pelo acompanhamento de pacientes internados pelo SUS, foram, aos poucos saindo. E como só restaram dois, Dr. Marcus Vinicius e Dr. Eduardo, a solução foi interromper a internação dos pacientes.
Apenas aqueles que foram internados de forma particular e que o médico particular se comprometer a acompanhar seu paciente durante a internação ainda serão aceitos. Uma situação caótica, que mostra a que ponto nossa Santa Casa está chegando.
No regime de internação ficava sempre um médico por plantão.
Pronto Atendimento
Quanto ao atendimento via PAM (Pronto Atendimento Municipal), apuramos que caso seja necessária alguma internação será feita através do programa SUS Fácil e se aguardará vaga disponível em algum hospital da região, já que Três Pontas, como foi explicado, no momento não está recebendo ninguém pelo Sistema Único de Saúde.
Dívida
De acordo com um dos médicos que deixou de atender no plantão do Hospital devido aos débitos de honorários que teria a receber, há médicos que já entraram na Justiça e que têm valores perto dos 100 mil reais trabalhados.
Com os médicos que o Conexão conversou, foi mostrada uma grande preocupação quanto ao quadro caótico das finanças do HSFA. “Nenhum médico gostaria de sair assim, de deixar a Santa Casa e também de trabalhar meses e meses sem receber. Dependemos disso, temos família e chegou num ponto insustentável”, disse um deles.
E agora?
O provedor Michel Renan Simão Castro, que tem sido um verdadeiro herói, segundo a comunidade, tentando salvar o Hospital, disse que recebeu essa informação do fim dos plantões com muita tristeza. “Todos sabem o quanto estou lutando pra tentar salvar junto com nossa diretoria e nossa cidade o Hospital. Mas as coisas estão bem difíceis. Os médicos estão no direito deles, afinal estavam trabalhando e não estavam recebendo.
Mas quero deixar claro aos leitores do Conexão que os médicos reclamam, com razão, passivos de antes de nós assumirmos a Santa Casa. Nós pagamos os dois meses que estamos a frente do Hospital e eles estão com esses débitos anteriores a nossa chegada.
Se o Estado, se o Governo de Minas não fizer esses repasses atrasados e eu imploro para que o Governador Pimentel faça isso, toda região será afetada, o Hospital realmente será fechado. Eu não desisto e vou brigar até o fim. Eu tenho uma grande responsabilidade e vou lutar pela nossa comunidade, mesmo que tenha que ir onde for necessário. Infelizmente as ajudas só são da boca pra fora. Eu estou deixando minha vida particular de lado, estou vivendo a luta desse Hospital e penso que chegou a hora da comunidade fazer mais e criticar menos.
Quando aos plantões nós estamos correndo atrás de outros médicos, mesmo sem ter dinheiro. Ninguém quer trabalhar num hospital que não paga. Mas eu tenho que tentar trazer outros profissionais. Mas reafirmo que se o Governo de Minas não liberar nossos repasses que estão atrasados e se a comunidade de Três Pontas realmente não acordar e ajudar, não haverá outra saída. Acabaremos fechando o Hospital com imensa tristeza”, declarou o provedor Michel Renan Simão Castro.
Na noite desta terça-feira uma nova reunião, agora no auditório da Cocatrel, às 19 hs, mostrará mais uma vez a situação da Santa Casa, através de balanços e demonstrativos. Mas a luz no fim do túnel ainda não foi vista.
A Santa Casa de Misericórdia do Hospital São Francisco de Assis tem uma dívida de 19 milhões de reais. O deficit mensal é da ordem dos 500 mil reais. O que agrava tudo isso é o fato dos repasses do Governo de Minas Gerais não estarem sendo feitos.
Roger Campos
Jornalista
(MTB 09816)