O que levou milhares de anos para ser ricamente construído, foi completamente arruinado em alguns dias. Parece paradoxal, mas é lastimoso fato concreto.
Assim ocorreu com o bioma (conjunto de seres vivos) da Bacia do Rio Doce, reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a Cultura, Ciências e Educação (Unesco) como Reserva da Biosfera e Patrimônio da Humanidade, figurando na lista dos Sítios Ramsar – zonas úmidas.
Pelo que consta, mais de nove toneladas de peixes – uma quantidade de proporção estarrecedora – foram cruelmente exterminadas pelo assolador ‘tsunami de lama tóxica’, da mineradora Samarco, causando drástico e insólito desequilíbrio ambiental, dor e desespero às populações ribeirinhas, que tinham na pesca sua única fonte de sobrevivência.
Mais de oitocentos extensos quilômetros de curso de água do Rio Doce, até a foz, no Espírito Santo, foram devastados, naquele que é considerado ‘o maior e mais horrendo desastre ambiental já visto no país’.
O que não pode ser desconsiderado é que o estado é o corpo e que as regiões atingidas pela tragédia tipificam-se como um membro vital desse corpo. Assim, é incontroverso que toda Minas Gerais foi duramente afligida pelo trágico evento.
O que não pode ocorrer, de modo algum, é o desvão do esquecimento, pena de incentivo ao flagelo, como tal, doloroso e lesivo.
Além de todo o imensurável rastro de destruição do ecossistema, que se assemelha, em verdade, a um ‘cenário de guerra’, não se pode esquecer de que vidas humanas se perderam no município de Mariana, cidade mais antiga das Gerais e sua primeira capital.
Indispensável é que o meio ambiente seja, finalmente, reverenciado como essência da vida, devendo ser pranteado enquanto vítima do desprezo e sujidade humanos, como agora acontece, tristemente.
ATÉ A PRÓXIMA!!!
O articulista deste segmento é José Maurício Girardelli Lopes, advogado, radialista e jornalista.
Trajetória profissional: Rádio Três Pontas A.M., Rádio Cultura de Alfenas, EPTV Sul de Minas.