Tudo está mais rápido! O tempo está mais ágil. Os dias passam mais acelerados, os minutos voam. Quando olhamos, o ano já acabou. Já foi…
 
Tudo está mais frenético! Queremos algo, o queremos pra ontem. Não sabemos mais esperar. A paciência ‘vazou’! Caiu fora! Não conseguimos mais respirar fundo, contar até 10. Número, ah os números, como eles se tornaram importantes pra nossa corrida vida, e não me refiro às operações da matemática.
 
Tudo está mais acelerado, por um fio. Se anda no fio da navalha, se anda e se arrisca no fio da corda bamba pois o tempo não pára, já dizia aquele poeta ‘acelerado’ do rock. Não sabemos mais esperar. Não queremos esperar. A espera demora e queremos ação, emoção, correria, tudo a jato!
As respostas, os desacatos, as agressões verbais, o ‘bateu levou’ está cada dia mais na ponta da língua. O verbo está latente, voraz. O que vale é o agora!
 
Nossa juventude voa. Mal curtimos. Só depois é que de forma saudosista lembramos ‘como era boa’ aquela época. Que, aliás, não volta mais. Poucas coisas voltam! Na adolescência, queremos um turbilhão de coisas, milhares de descobertas numa velocidade surreal. Vem a primeira namorada, o primeiro beijo, a primeira transa, o primeiro filho… Nos dias de hoje praticamente tudo ao mesmo tempo. Não se dá mais tempo pra cada fase, pra cada acontecimento, com suas dores e gozos.
 
Vem a descoberta pela velocidade. Vem a paixão pelas máquinas com motores cada vez mais possantes que roncam e que voam sem sair do chão. Como isso atrai! Tem imã que puxa os jovens de gerações passadas e cada vez mais os de hoje.
 
Embora nossas pistas sejam pastos, nossas leis sejam ultrapassadas, nossa fiscalização bisonha e desigual. Os jovens correm. Fazem racha, sem medir qualquer risco de se rachar a cabeça. 110. 120, 160, só pra ver até quando o amor aguenta… Não é assim que diz aquela velha música rock n’ roll? E tudo aquilo que, erroneamente, pode significar trava, freio, prisão, amarra, algema, opressão, censura, são mantidos a uma grande distância, como cintos, sobriedade, respeito ao velocímetro, respeito a vida.
 
Nos tornamos tolos, marionetes nas mãos da indústria automobilística e do nosso prazer sem limites. Faca e queijo na mão.
 
O tempo voa. A vida é um sopro. Quando olhamos, ela já foi, assim, sorrateiramente, as vezes com muita ignorância, bestialidade, irresponsabilidade, falta de limites. Mas isso tudo soa careta. Hoje tudo pode, tudo é legal, tudo é permitido. Mesmo as rodovias tendo limite máximo de velocidade estipulada em 110 km/h para carros e motos, vale a adrenalina, o risco, a fissura, a loucura, a sensação incomparável de romper barreiras, inclusive aquela que é um limiar entre a vida e a morte. A 160, 200, 250 por hora. E por hora a morte chega. Pra sempre a vida acaba.
 
A vida é uma só. Deus nos deu com tanto amor. Aliás, sangrou e morreu naquela cruz pra nos dar a vida. E cremos que seja vida em abundância. Mas nossos filhos, nossos jovens estão desprezando, jogando essa dádiva exclusiva fora. “Mais vale um ano de loucura do que 10 anos de mesmice”, já dizia um alucinado motociclista, morto aos 18 anos num acidente cujo velocímetro travou em 299 km/h. “Nossa ele era fera, ele era o melhor, ele mandava muito bem”, comentavam alguns ditos coleguinhas e algumas menininhas apaixonadas por gasolina. Agora ele, o Bam Bam Bam, morreu. E nem por um segundo voltará a vida.
 
Tudo está muito veloz e eu pergunto: Compensa? Vale a pena sangrar no asfalto, moer a carne em ‘fatídicas’ colisões? Fazer um pai e uma mãe sangrar para o resto da vida (cuja saudade passa a andar devagar e assim acelerar a dor)? Muitos amigos choram, mesmo aqueles que dividiam a sensação única da velocidade. Lindas mensagens afloram nas redes sociais, numa velocidade gigantesca. Hoje choram muitos daqueles que atiçavam a correria, a disparada… Um grande contrassenso.
 
Parece que a velocidade da dita fatalidade nunca dará carona pros nossos filhos, pros nossos amigos, pras pessoas que amamos e convivemos. Mas não, a foice da morte é impiedosa quando percebe que não damos tanta importância a nossa vida.
Nada contra quem ame velocidade. Tudo contra quem comete crime no trânsito e que pode, além de se autoexterminar, matar pessoas inocentes. Seja com o tal e maldito racha, seja com a roda empinada na moto, a bebida, o celular no volante. Tunar carro não tem nada demais, rebaixar, pra quem gosta, é muito ‘maneiro brow!’ Mas nada pode substituir a prudência e o amor próprio, o amor aos outros e acima de tudo o amor à vida!
 
Queremos uma internet cada vez mais veloz. Mas não queremos assumir nossas responsabilidades nem a 10 quilômetros por hora. Queremos viver cada segundo como se fosse o último. Mas cuidado, às vezes é de fato!
 
Conheço alguns que iam de uma cidade até outra numa moto potente em 4 minutos, quando o normal seria uns 30. Alguns fizeram a última viagem de forma precoce e numa velocidade baixíssima. Afinal carro de funerária com seu caixão dentro anda muito devagar. Triste e lenta viagem!
 
Não existe fatalidade, existe imprudência de alguém; não existe azar, existe irresponsabilidade; não existe, muitas vezes, segunda chance. É rápido, como um apagar da luz. Caminhamos na velocidade da luz. Uma hora ela se apaga. É fim!
 
Aprendamos que pisar no freio é sempre bom…
 
Texto Roger Campos
Curta a página do Conexão Três Pontas no facebook

www.facebook.com/conexaotrespontas

12729255_119502638436882_132470154276352212_n

Roger Campos

Jornalista

MTB 09816

#doadorsemfronteiras

Seja Doador de Médicos sem Fronteiras

0800 941 0808

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *