Cheques sem fundos atingem recorde para meses de janeiro em todo Brasil, mostra Serasa.
A proporção de cheques devolvidos por falta de fundos no país, em janeiro, atingiu 2,41%, segundo o Indicador Serasa Experian de Cheques Sem Fundos. Essa foi a maior taxa já registrada para esse mês, nos últimos 24 anos.
A série histórica começou em 1991 e, até agora, o índice mais elevado em janeiro havia sido registrado 2,29%, em 2009. Em igual período do ano passado, a devolução atingiu 2,06% do total de emissões e, em dezembro, a taxa ficou em 2,42%. Na análise dos economistas da Serasa Experian, esse resultado “é consequência direta do aprofundamento da recessão econômica, do aumento do desemprego e da queda do poder de compra da população”.
Em Três Pontas, a economia sofreu retração forte nos primeiros dois meses de 2016, que só foi amenizada pela cafeicultura, que continua tendo papel vital. O Presidente da Associação Comercial e Agroindustrial de Três Pontas, Michel Renan Simão Castro, falou ao Conexão sobre as dificuldades de janeiro e fevereiro e o que vem por aí a partir de março.
“A inadimplência cresceu no Brasil. Até novembro tínhamos uma situação confortável aqui em Três Pontas por causa do dinheiro do café. De dezembro para cá, com as vendas de natal menores, houve retração da economia, crescentes demissões em janeiro e fevereiro, fazendo que que a inadimplência crescesse. Percentuais, números de demissões, da inadimplência só em abril, por causa do levantamento do primeiro trimestre de 2016”, disse o líder do setor comercial.
Para Michel, cheques sem fundo não tem crescido substancialmente em Três Pontas porque o cartão de credito vem tomando espaço, sendo cada vez mais utilizado. A inadimplência no cartão é maior do que a crescente devolução dos cheques.
Perguntado sobre as perspectivas para o ano de 2016, a partir do m~es de março, o Presidente da Acai-TP comentou:
“Vai ser um mês de março bem retraído. Existem compras a serem pagas. A colheita vai começar mais cedo e vai dar um folego, um alivio na economia local. Sem contar que os preços do café estão mais elevados, em torno de 450 ou 500 reais a saca. No ano passado o café já ajudou muito e foi um quadro favorável. Sobre a questão de emprego, houve muita procura no balcão de empregos da Associação Comercial em em todos os segmentos. Setores de prestação de serviço, comércio, indústria e agronegócios foram demissionários de dezembro de 2015 a fevereiro de 2016”.
Sobre a geração de empregos no Município, Michel Renan disse que o empregador está mais seletivo, exige mais pré requisitos para contratar. “Há uma enorme rotatividade nas empresas e quem mudou muito de emprego nos últimos 2 ou 3 anos acaba não sendo contratado, porque o empregador entende que é caro especializar alguém e depois ter que repetir isso com outro trabalhador por conta da rotatividade. É o maior impeditivo hoje em dia. O empregador que percebe que o empregado não permanece muito tempo no trabalho, não contrata e assim o trabalhador terá dificuldade para arrumar vaga”, concluiu.
Por outro lado, para a Acai-TP, a mão de obra de Três Pontas melhorou muito em relação a anos anteriores, o que pode representar uma maior facilidade na entrada ou volta ao mercado de trabalho.