O Processo de Beatificação do Anjo Tutelar Padre Victor há mais de duas décadas vem sensibilizando e colocando a comunidade católica de Três Pontas e de vários lugares do Brasil em constante oração. Muito já se falou, mas é preciso colocar alguns pingos nos “is”, reconhecer algumas coisas, principalmente uma mulher que tanto fez para que houvesse êxito nesse processo: Dona Maria Rogéria de Mesquita.

O “Fala Sério” número 13 tem a intenção de fazer justiça e reconhecer o que todos sabem, mas, estranhamente, poucos falam. Mas antes, vamos resumir a luta do processo de beatificação de Padre Victor:

Tramita no Vaticano desde 1992, o processo de canonização de Padre Victor. Em maio de 2012, o decreto que concedeu o título de Venerável a Padre Victor foi assinado pelo Papa Bento XVI, em Roma, na Itália, sendo-lhe concedido pela Igreja o titulo de Servo de Deus, o primeiro dos dois títulos que antecedem a canonização.

Em 02/06/2015, os Cardeais aprovaram no Vaticano, por unanimidade, um milagre atribuído a Padre Victor. O milagre reconhecido foi a gravidez inexplicável de Maria Isabel Figueiredo. No dia 06/06/2015 o Papa Francisco assinou o decreto, aprovando a beatificação de Padre Victor, restando agora a comprovação de mais um milagre para que Padre Victor seja canonizado. Ele pode ser o primeiro santo negro brasileiro.

Mas voltando a figura de Dona Rogéria. Se hoje Três Pontas comemora a beatificação é porque lá atrás essa guerreira, essa mulher honrada, honesta e austera se dedicou intensamente a essa causa, assim como o postulador Paolo Vilotta e a Irmã Célia Cadorin. A saudosa Lourdes Vilela e o saudoso paulo também merecem destaque. Eu mesmo entrevistei Dona Rogéria, em sua casa humilde, várias vezes, o mesmo acontecendo com a Irmã Célia. Fala sério, era sempre uma aula, um aprendizado entrevistar Dona Rogéria.

Mas quem foi essa mulher?

Maria Rogéria de Mesquita nasceu em 10 de abril de 1934 em Três Pontas. Filha de Francisco Antônio Rabello e Amélia Prósperi de Mesquita. Estudou no grupo escolar Cônego Vítor, Ginásio São Luís e Coração de Jesus. Com um perfil de garra, coragem e determinação, enfrentou as dificuldades financeiras e cursou Ciências e Estudos Sociais na faculdade de Filosofia de Três Corações e posteriormente, o curso de Direito da Faculdade de Direito de Varginha.

Dedicou-se a arte do ensino. É reconhecida até os dias de hoje como uma notável e exemplar educadora por muitos daqueles que que tiveram o privilégio de ser aluno de Dona Rogéria.

Atuou na Escola Cônego Victor, como professora e auxiliar na diretoria. Na Escola Jacy Junqueira Gazola, como professora e na Escola Coração de Jesus, como professora e vice diretora, tendo também trabalhado na Escola Estadual Deputado Teodósio Bandeira e na extinta Escola de Comércio Nossa Senhora d’ Ajuda. Ainda como escrevente e suboficial, atuou no Cartório do Registro Civil.

Sempre foi um exemplo e com um esteio para seus familiares, através de seu carinho, generosidade, conhecimento e visão de futuro.

Simples, despojada, crítica, desprendida, firme, determinada e extremamente honesta também ajudou durante a crise da Santa Casa em 1994, através de seus profundos conhecimentos juntamente com outros benfeitores.

No processo de beatificação e canonização de Padre Victor foi notaria e fez parte da comissão de história. Em 1996, participou da fundação da Associação Padre Victor de Três Pontas. (Aliás, acho que na Associação Padre Victor deveria ter uma foto enorme da Dona Rogéria no hall de entrada, pra todos verem.) Foi fundamental e determinante para que o Anjo Tutelar de Três Pontas tivesse seu processo em estágio adiantado, chegando recentemente ao título de venerável e agora beato, Bem Aventurado. Ao lado da Irmã Célia Cadorin, vice-postuladora da Causa, Dona Rogéria é a maior responsável pela divulgação e resultados obtidos em todo o processo de beatificação. Não posso esquecer de Paulo Fontes e Lourdes Vilela.

Dona Rogéria não era unanimidade. Mas nem Jesus foi. Fala sério! Ela incomodava algumas pessoas, principalmente aquelas que só queriam levar vantagens pessoais, que primavam pelo torto, pelo nefasto, pelo vergonhoso, pelo errado.

Maria Rogéria de Mesquita faleceu no dia 07 de julho de 2010.

A melhor forma de definir Maria Rogéria de Mesquita, ou simplesmente Dona Rogéria, mulher de caridade e muita fé, é usando as palavras do Apóstolo Paulo (2 Timóteo 4, 7-8): “Combati o bom combate, terminei a minha corrida, guardei a fé. Desde agora, está reservado para mim o prêmio da justiça que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia, não somente a mim, mas a todos que tiverem esperado com amor a sua manifestação”.

Recentemente a Câmara Municipal homenageou Dona Rogéria. O Legislativo aprovou recentemente a criação da Escola do Legislativo que merecidamente levam o nome da Professora Maria Rogéria de Mesquita “Dona Rogéria”.

Fala sério, uma sociedade que não preserva sua memória, seu passado, tem um presente distorcido e um futuro totalmente comprometido. Se estamos todos nós, católicos, felizes com a beatificação de Padre Victor, deveríamos reverenciar, ao menos aplaudir, ou melhor, fazer uma oração ao Beato Padre Victor para que continue olhando por essa mulher exemplar, que hoje se encontrar na Casa do Pai, ao lado de Deus e do próprio Anjo Tutelar.

Obrigado Dona Rogéria!!!

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