O Conexão Três Pontas recebeu uma denúncia de uma leitora que prefere não se identificar. Segundo ela, a Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Três Pontas, teria entrado na justiça contra a Prefeitura Municipal de Três Pontas para conseguir encerrar as atividades da Área Azul, onde é feita a cobrança de estacionamento rotativo por parte de agentes credenciados pela Apae, que ficaria com os lucros para ajudar em suas despesas. O problema, segundo informações, é que a Área Azul estaria dando prejuízo. Essa leitora do Conexão falou mais:
“A Apae tem um contrato de prestação e serviço da Área Azul com a Prefeitura, mas como está dando prejuízo a entidade preferiu pagar a multa contratual e encerrar essas atividades. O que estava sendo arrecadado não estava dando nem pra pagar os agentes que ganhavam salário comercial. Foram feitas reuniões na Prefeitura, mas sem sucesso. Tentou-se até que os agentes de trânsito (Guardas Municipais) iniciassem a aplicação de multas para quem não quisesse pagar a Área Azul, mas não deu certo. O número de agentes foi reduzido e hoje só existem 4. Eu sou mãe de uma ex-funcionária da Área Azul e sei o que estou falando. A situação está complicada e peço que o Conexão Três Pontas faça uma reportagem sobre isso”, disse a denunciante.
Nós fomos até a Apae e conversamos com a presidente Rosilda Gama Reis. Ela falou da polêmica da Área Azul:
“A Apae criou a Área Azul pensando especificamente nos nossos deficientes com mais de 18 anos, pensando na empregabilidade. Aproveitando, quero dizer que nós hoje temos 42 meninos incluídos no mercado de trabalho formal. São muitas vezes eles quem mantem seus lares. Eram muitas vezes rejeitados e hoje alguns sustentam suas famílias. Graças a Deus.
A Área Azul foi criada com o propósito de empregar nossos alunos acima de dezoito anos ou familiares, pensando justamente na renda, porque lamentavelmente nossa clientela é carente, então se tiver um por cento dos usuários da instituição que tenha condição é muito. São pessoas muito carentes que precisam de tudo, por isso a Apae tem vários projetos sociais que ajudam muito, acho que estes projetos ajudam até o próprio Município a desafogar as questões sociais. E esta proposta foi por água baixo, porque os próprios motoristas não aderiram a este projeto, nós tínhamos um objetivo, mas muitas vezes nossos meninos eram criticados, eram ameaçados, tive caso de um deles ter que fazer tratamento com psicóloga, porque era ameaçado todos os dias. Até isso aconteceu.
E estamos agora num processo de negociação dessa situação com o Governo Municipal. Nós começamos com 26 agentes, depois reduzimos para 12 e agora temos apenas 6 trabalhando. Se as coisas continuarem assim nossa intenção é diminuir gradativamente até zerar.
Para que houvesse aplicação e multa para os motoristas que não quisessem pagar a taxa da Área Azul era necessário que se criasse uma Jari (Junta Administrativa de Recursos de Infração) no Município. A Jari prevê a cobrança de multa, o que hoje em dia não ocorre infelizmente”, explicou.
Procurado por nossa reportagem, o prefeito de Três Pontas Paulo Luís Rabello também falou sobre essa situação:
“Primeiramente quero dizer que as pessoas deveriam colaborar. Não há má vontade política e nem má vontade da Apae. Se as pessoas não têm educação para estacionar o seu veiculo, chamar o fiscal e pagar o valor da Área Azul, é impossível continuar com esse trabalho. O Prefeito não tem condições de ficar vigiando e levando cada motorista até o fiscal para que ele pegue a tarifa e comprar o seu cartão de estacionamento.
As pessoas precisam ter mais consciência com as coisas. Engraçado que quando as pessoas têm algum doente na família, algum problema com fisioterapia, etc, recorrem a Apae, mas na hora de ajudar viram as costas. As pessoas precisam ajudar mais e deixar de criticar. Precisam ajudar a Casa Pietá, a Vila Vicentina e outras entidades, como Hospital São Francisco de Assis. Quem vai ajudar os velhinhos da Vila Vicentina? Muito poucos!
Caso a Apae encerre o convênio, nós teremos que fazer a licitação, dentro da Lei 8.666, conforme determina a lei, tudo correto. Qualquer outra empresa que venha participar ou requerer terá que participar do processo licitatório, inclusive entidades.
O município não tem como cuidar dos estacionamentos privados. O que precisa ser feito e já estou vendo isso em alguns locais é que as pessoas que moram no centro da cidade e que possuam de espaço que abram seus terrenos e transformem em estacionamentos privativos e isso gerará emprego e deixará divisas em Três Pontas”, ressaltou.