Três Pontas se despediu com muita tristeza na tarde desta sexta-feira (06) de sua mãe mais idosa. Clemência Amorim da Silva, acreditem, de 108 anos de idade, faleceu de causa não revelada, embora não tivesse nenhum problema de saúde grave. O Conexão Três Pontas teve a honra de entrevistá-la com exclusividade em novembro do ano passado, em decorrência da indicação que recebeu do vereador Vítor Bárbara como Cidadã Honorária Trespontana. Nosso portal presta uma justa homenagem, na semana das mães, a essa mulher exemplar, trabalhadora incansável, humilde e de muita fé  em Deus e na Igreja Católica, que, apesar das dificuldades criou com muito amor toda uma família. Relembre a reportagem:

20/11/2015

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Muitos já nos perguntamos uma vez ou outra qual é o segredo da longevidade. O fato é que, mais do que um simples segredo, trata-se de manter bons hábitos que façam a diferença e que nos ajudem a manter um organismo mais saudável para aumentar nossos anos de vida. Aqui em Três Pontas, uma senhora de 107 anos de vida (não é piada) mostra uma lucidez incrível e uma vitalidade para o trabalho de dar inveja para muito jovem preguiçoso. Dona Clemência Amorim da Silva foi indicada e recebeu O Título de Cidadania Honorária Trespontana, sob a indicação do vereador Vítor Bárbara, na Câmara Municipal de Três Pontas.

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Nossa reportagem esteve na casa de Dona Clemência e se surpreendeu com a lucidez dessa centenária idosa, muito bem disposta:

“Eu vou falar uma coisa pra você: eu tenho essa idade toda porque eu sempre trabalhei, sempre tive vontade de trabalhar, tinha e tenho ainda muita disposição. Esse negócio de ficar parada comigo não serve. Toda vez que olho pela janela a turma de apanhadores indo pra lavoura me dá uma saudade e uma inveja danada. Só não vou porque minha família não me deixa mais. Mas tenho certeza que se alguém me levar, já que tenho alguma dificuldade pra andar, apanharei muito mais café que muito novinho que tem lá”, comentou terminando o pensamento com uma grande e gostosa risada.

Dona Clemência conta que trabalhou no café mesmo com mais de 100 anos e que, além do trabalho, outras duas receitas são infalíveis:

“Eu como de tudo e não tenho frescura com alimentação não. Outra coisa que me ajuda muito é a minha fé em Deus. Sou católica e o meu Deus é o Deus certo, porque tem muita gente que hoje em dia corre atrás do Deus do dinheiro e isso é um atraso de vida”, concluiu.

Perfil

Clemência Amorim da Silva nasceu em Virgem da Lapa (MG) em 28 de julho de 1908, filha de José Santos das Neves e de Maria Amorim das Neves. Casou-se em 23 de setembro de 1938, Dia do Padre Victor, com Daniel Santiago da Silva. Na época ela tinha 30 anos e ele 23 e tiveram 2 filhos e mais quatro de criação e são eles: Antônio Osmar, Maria Luzia, José Daniel, Valdirene, Suze Kelly e Patrícia Amorim.

Morando em Três Pontas há mais de 46 anos, Dona Clemência, hoje com 107 anos de idade, merece esta honraria, pois trabalhou durante toda a sua vida na lavoura. Mesmo tendo se aposentado em 1996 por auxílio doença, não deixou a vida de labuta de lado. Pessoa querida por todos, não dispensou até hoje os costumes antigos. Andar descalça e sempre acompanhada de seu cigarro de palha.

Mesmo passando por grandes dificuldades na vida, sempre manteve a fé em Deus e criou seus filhos com dedicação e carinho. Até o ano passado, Dona Clemência continuava fazendo uns bicos na “panha” de café. Coisa que ama fazer. Clemência Amorim da Silva, uma trespontana que não nasceu aqui, mas agora é merecedora deste reconhecimento por todos nós.

Sepultamento

Dona Clemência está sendo velada em casa, na Rua Vereador João Caetano do Couto 239, no bairro Jardim das Acácias. O seu sepultamento acontecerá neste sábado, véspera de Dia das Mães, às 9h no Cemitério Municipal.

Nossa Homenagem

A fé é como uma bússola que direciona os navios incertos para o mar da serenidade. Neste momento de despedida, é a fé que nos fortalece, para a continuidade de nosso cotidiano, entregando a Deus os nossos passos e tendo a certeza da existência da vida eterna, na Casa do Pai.
As pessoas boas não morrem, ficam encantadas”, disse Guimarães Rosa. É assim, encantada, que permanece nossa Dona Clemência. Seus gestos e seu riso estão encantados e podem ser vistos em cada filho, em cada descendente, em cada um teve a honra de conviver ou de simplesmente conhecê-la.
Sua despedida nos remete a complexa mistura de pranto e riso. Nosso pranto é de dor e de saudade mas a lembrança mais forte que essa guerreira nos deixa é de riso, de alegria, de felicidade, a fé e a coragem no trabalho. A força de viver!
A alegria de Dona Clemência sempre foi intensa em todos os momentos e ela soube deixar entre nós a marca de uma personalidade ímpar, inesquecível. Será lembrada por todos os trespontanos, porque soube ser amiga de todas as gerações, desde a criança até o idoso; e alegria de ver pela janela cada amanhecer, foi sua maior lição deixada aqui na terra.
Siga em paz, segura na mão de Deus! Seja acolhida pelo Menino Jesus e pela Mãe do Céu. Sua missão foi cumprida e sua lembrança está eternizada em nosso coração. Parabéns grande mãe! parabéns mulher centenária, cidadã honorária trespontana, cidadã do mundo, exemplo pra todos…

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