Aos 16 anos tive meu primeiro contato com a filosofia de Friedrich Nietzsche, me impressionou como uma perspectiva que à princípio parece ser tão materialista, transcende a concepções materialistas tradicionais, metafísicas, e até mesmo com o niilismo trazendo uma nova visão sobre o homem e sobre o mundo, fazendo companhia junto à Schopenhauer com o que alguns vieram a chamar de “metafísica ateísta”. Após a leitura de Origem da Tragédia, Crepúsculo dos Ídolos, Além do Bem e do Mal, Assim Falava Zaratrusta e um pequeno livreto com a biografia de Nietzsche em HQ de Onfray Leroy fui acometido por insights que me levaram a escrever a seguinte poesia:

Nietzsche
Nas entrelinhas sou o estopim da Segunda Guerra,
Sou Maldita alma que vagou sobre a Terra
O Camelo é o homem no chão,
O leão é aquele que saiu da prisão
E a criança… o homem pleno, sereno, feliz e brincalhão
É preciso trocar o homem pelo super-homem
Pois o homem é vulgar e há quem tome o seu lugar
Não sou nem frio e nem morno, e o corpo é apenas uma máquina para o Eterno Retorno
O mundo se tornou ateu, Deus Morreu, e dizem que o culpado fui eu
Sou pessimista e há quem me critique
São muitas pesadas as verdades que eu disse
Se me perguntarem quem sou…
Meu nome é Nietzsche
Não sou um homem, mas sim uma dinamite…

À princípio, mesmo que parecendo apenas um jogo de palavras, até incompreensível, tal poema tem um poder de transformação na vida de todos os seres humanos. Na primeira estrofe remeto ao conceito que Nietzsche apresenta em sua obra como “vontade de potência”, conceito libertador, mas ao mesmo tempo perigoso, pois como o próprio nome já diz é uma perquirição das forças que movem o universo e as potencialidades da humanidade. Tal conceito pode ser extraviado e causar danos como uma “aristocracia de raça”, deturpação feita por Elisabeth Föster Nietzsche, irmã de Friedrich Nietzsche e amiga de Hitler que vinculou as idéias de seu irmão ao nazismo e ao anti-semitismo.

Na realidade a realização da vontade de potência seria relativamente como o alcance do ápice de toda a capacidade do indivíduo, lutando pelo que acredita e tornando-se “senhor de si mesmo”, se há algum conceito aristocrático em Nietzsche que seja do a do indivíduo e dos povos, mas nunca de uma raça em específica, a “vontade de potência” é um convite à soberania das nações, não da sobreposição de uma sobre outra, pois grandes homens é que farão um grande país, independente das fronteiras e diferenças étnicas.

Na segunda estrofe há a reflexão acerca do caminho do caminho solitário para a realização da vontade de potência observado em “Assim falava Zaratrusta” onde temos as analogias ao camelo, ao leão e a criança.

O camelo seria como o “homem primordial” e por vezes grosseiro, fadado ao destino de carregar seus fardos sem a força de contestação e reivindicação dos seus direitos para o bem viver.

Após esta fase o homem se encontra como o leão, despertou de sua condição como “mais um dentre o rebanho” e deseja mostrar para o mundo e seus algozes que também é um ser dotado de força e poder para conquistar o que bem entende, tem voz e não precisa mais das muletas que a ele foram oferecidas assim caminhando com seus próprios pés. Também renuncia aos sedativos de sua percepção e não nega mais à suas dores, mas sim as aceita e continua a lutar como um bravo guerreiro. Mas no estágio de leão há uma ilusão que é a do ego, o ressentimento do passado sofrido e a necessidade da afirmação de si.

Assim, com o desenrolar dos véus da ilusão, o homem atinge seu ápice sendo como uma criança, como “um novo indivíduo”, livre dos ressentimentos do passado, sorridente e indo sempre adiante e portadora da esperança de um futuro melhor.

Depois de passar por estes três estágios o homem transcende o estágio comum de humanidade alcançando assim o seu nível de “super-homem” (em alemão ubermensch).

Na quarta estrofe aparece um conceito já muito antigo presente nas filosofias orientais que é o de Eterno Retorno, o conhecido ciclo de reencarnações, porém Nietzsche nos apresenta essa ideia sob uma ótica materialista onde nos traz a seguinte reflexão: Se a sua vida repetisse infinitas vezes, isto seria o seu inferno ou o seu céu terreno? Isto seria motivo de prazer ou de dor? Pressupondo que você está fadado à esta repetição eterna viva bem, viva intensamente, viva como o senhor de suas vontades pois esta é a única realidade possível.

Juntamente já é abarcado a temática do ateísmo e da “morte de Deus”, reflexão que pode ser fragmentada sob duas perspectivas: A primeira é dependemos da religião mesmo para ser bons, ou de nós mesmo? Fazemos o que é certo porque é certo ou porque tememos o inferno? Isto não é uma afronta aos valores religiosos, antes o convite a uma nova moral e a ética dos homens do novo mundo.

A segunda é a percepção de que a humanidade cada vez mais tem se extraviado dos caminhos da religião e de uma vida simples, vivendo cada vez mais pelo hedonismo e tecnicismo científico, a ciência por sua vez se tornou o novo artifício da fé. Sendo assim, não que Deus realmente tenha morrido, mas qual a atual a influência da crença dele em nossas vidas?

Depois de todas essas reflexões, pensamos o quão pesadas elas são… seriamos nós capazes de nos livrar de toda ideia pré-concebidas, das dicotomias políticas como a dualidade esquerda-direita, e de nossas crenças limitantes para fazer um futuro glorioso?

Caso a humanidade seja capaz de dar este salto vejo nas idéias de Nietzsche o caminho para edificar o mundo de homens-reis, mulheres-rainhas e o estopim de uma dinamite que eclodiria para o nascimento de uma sociedade triunfante. Por isso digo caros leitores: “Para frente, sempre mais alto! Esse mundo e a existência apenas serão suportáveis se trilharmos o caminho íngreme que leva às às alturas! – Friedrich Nietzsche”

Gabriel Delfino é Estudante de Filosofia e apaixonado por espiritualidade, política e poesia.

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