Há bem poucos anos, pessoas viajavam pelo mundo e traziam, de outros lugares, amuletos, quadros, lembranças que lhes atraíam pelo exotismo e pelo que não sabiam da existência. E não era com surpresa e admiração que para aqueles a quem elas exibiam a comprovação das suas viagens, os objetos, as fotos, as imagens de outros povos mais do que acentuavam a curiosidade, a vontade de conhecer e principalmente entrar em contato com o diferente. E o que era ou é o diferente? O que você imaginava ou imagina, aquilo com quem você entrava ou entra em contato e surpreende. Mas, como é hoje o ser diferente?
Com a rapidez das comunicações, principalmente a rede de computadores, a língua, barreira para o conhecimento das diferenças e dos porquês, tende a desmoronar. O Google Tradutor, a língua oficial do mundo, aproxima povos, e mostra que o diferente não é o diferencial da humanidade, mas cada vez mais o outro em sua plenitude de igualdade. Ser igual não é ter a mesma identidade, e ser diferente não deve implicar em existir a superioridade sobre uma suposta inferioridade.
A internet estabelece, como o instrumento moderno de aproximação dos homens, o canal da identidade, da procura pelo diferente. Com o mundo globalizado as diferenças diminuem com os povos adotando formas de comportamento de outros, criando células comportamentais em culturas diferentes, como, por exemplo, membros de uma comunidade que resolvem adotar uma religião oriental, mesmo que a maioria seja cristã. Comportamentos alimentares, estranhos em uma comunidade, como vegetarianos, veganos e outros. O que é ser diferente, no mundo de hoje, se a procura do ser humano pelo diferente se extingue com a aproximação entre os povos?
Ele talvez esteja no oculto. Naquilo que não podemos tocar, cheirar, ver, ouvir. Está no imaginário, está na crença de que existe algo mais, além dos nossos sentidos normais de perceber o então diferente no fazer humano, como o objeto, o perfume, a essência, o visual não conformado com os nossos hábitos, com a música, o instrumento de composição além dos nossos sons do dia a dia.
Em um mundo tão supostamente em busca da igualdade, onde os indianos em suas vestes tradicionais se misturam aos jeans ocidentais, e os paladares exóticos do oriente se ambientam em nossas mesas, a busca do diferente continua, dessa vez naquilo que a ciência não consegue explicar, mas que não deve ser cega diante da falta de religião, ou da religião que paralisa porque se recusa a aceitar que tudo aquilo que a ciência pode explicar é factível de existir, como já disse Albert Einstein.
Com o tempo, e o crescimento dos sentimentos de hostilidade entre classes, o diferente passou a estar nos portadores daqueles que acreditam na igualdade, fraternidade; o diferente passou a ser o que procura ser igual
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