Número de mortes por afogamento cresceu mais de 30% no Brasil em 2019

Três Pontas continua em choque e vivendo um luto pela morte de dois primos, de 11 e 17 anos, que se afogaram no Rio Verde, na região conhecida como “Prainha” no dia 15 de dezembro de 2019. Ontem, dia 08, os homens do Corpo de Bombeiros suspenderam os trabalhos de busca e aguardarão novidades para que os trabalhos possam recomeçar. A decisão foi tomada em comum acordo com a família das vítimas. Mas essa enorme tragédia não foi a única. O ano de 2019 registrou um aumento de mais de 30% em mortes por afogamento no país. Como se não bastasse tamanho perigo e mortes, uma nova denúncia, feita por leitores, levou a reportagem do Conexão Três Pontas ao Parque Municipal Vale do Sol já que, segundo relatos, inclusive de autoridades, moradores e transeuntes do local, diariamente muitos adolescentes são vistos nadando naquelas águas impróprias e perigosas.

Na última segunda-feira uma leitora entrou em contato com nossa reportagem, se dizendo muito nervosa por ter visto vários adolescentes e até crianças nadando nas águas turvas do Vale do Sol, desafiando o perigo e colocando suas próprias vidas em risco. “Precisamos fazer alguma coisa. As autoridades precisam tomar ciência e os pais também. Esses jovens não podem continuar nadando ali. O local parece estar abandonado, não há vigia ou segurança e o rio parece estar ainda mais fundo e perigoso por conta das chuvas frequentes. Não podemos esperar mais uma morte por afogamento para tomarmos providência”, relatou a leitora, que não permitiu a veiculação de sua identidade.

O Conexão se dirigiu ao local na manhã de terça-feira e nas tardes de quarta e quinta-feira. Assim que estacionamos em frente ao portão principal que, apesar de fechado, não impede a passagem de ninguém, até porque pelas laterais o ressinto está aberto, os “nadadores” saíram da água e correram. O fato se repetiu durante os dois primeiros dias. Hoje (09) ninguém foi visto por nossa reportagem nadando no Parque. Mas um rapaz chamado Bruno, que transitava pelo local, comentou que na hora do almoço de hoje havia alguns meninos “brincando na água”. “Por pouco que você não pega eles aqui nadando. Todo dia vêm muitos moleques aqui nadar. Passo sempre por aqui e vejo sempre. Eles saíram uns 10 minutos antes de vocês chegarem”, comentou.

Moradores das proximidades do Parque Municipal Vale do Sol disseram ao Conexão que a prática é comum e que piorou muito com esse calor e as férias. “Apesar da chuva esses meninos e meninas não estão nem aí. Eles vêm no Vale do Sol e como não tem ninguém cuidando eles abusam, nadam, mergulham, fazem algazarra e a gente que é mãe fica apavorada”, revelou uma moradora.

Algumas autoridades procuradas na tarde de hoje pelo Conexão Três Pontas revelaram que a prática de natação no Vale do Sol é muito comum. Segundo nossa apuração o local durante o dia, principalmente em épocas de calor e férias, é frequentado por jovens que se arriscam entrando nas águas sujas e traiçoeiras. Já a noite o problema do local seria a prostituição e o uso de drogas.

O Vale do Sol é de responsabilidade do Município. E quem faz a segurança do local é a Guarda Civil Municipal. O Comandante da GCM de Três Pontas, Alcemir Anacleto da Silva, esclareceu alguns pontos:

“De fato essa prática perigosa acontece no local e não é de hoje. A Guarda Civil Municipal faz um patrulhamento praticamente diário no Vale do Sol. Sempre que os jovens avistam nossa viatura eles saem correndo. Quando vamos embora eles retornam. A Prefeitura Municipal faz a sua parte e tem colocado placas de alerta, avisos de perigo, mas esses jovens tiram toda vez. É preciso que esses adolescentes saibam que a água ali é imprópria para a prática de natação e os riscos de afogamento são grandes. A falta de juízo é tanta que adultos também são vistos nadando ali. Mas quero aproveitar a reportagem de alerta que vocês estão fazendo para afirmar que estamos intensificando o patrulhamento após as denúncias que você nos relatou. Infelizmente para nós não tem chegado nenhuma denúncia a esse respeito”.

A GCM, que já teve 35 membros hoje trabalha com efetivo reduzido, totalizando apenas 11. A Guarda Civil Municipal conta com o Disque Denúncia através dos números 153 ou 3265-7211.

Outra autoridade procurada pelo Conexão foi o Prefeito Marcelo Chaves Garcia que se disse “extremamente preocupado com essa situação” e que tem buscado soluções para o problema:

“Quero dizer para a nossa população que essa situação do Vale do Sol realmente me preocupa muito. E tenho, desde o primeiro dia do trabalho como prefeito, buscado soluções. Infelizmente colocar vigia no local não resolve. Primeiro que precisaríamos colocar 4 ou 5 vigias pela questão de turno e escala de trabalho. E muitos não querem trabalhar lá por conta do temor, dos riscos. Nós colocamos avisos frequentemente, fechamos o local, mas os vândalos vão lá e destroem, quebram tudo e entram para nadar e outras coisas. 

Então partimos para uma tentativa que é a terceirização do local. Já tenho muitas conversas, embora ainda informais, com empresários que podem reestruturar o parque e cuidar daquela área. Outra possibilidade que cheguei a discutir foi uma possível mudança da sede da Associação Comercial para lá. Mas isso foi apenas ventilado , nada de concreto, por enquanto. Nós levamos a Secretaria de Meio Ambiente para lá e acabou sendo inviável sua permanência após aquele incêndio e também pelos riscos na questão dos documentos e materiais que a secretaria abriga. 

Com o aumento do número de moradores no entorno do Vale do Sol e com a valorização da área acho que conseguiremos em algum momento terceirizar o Vale do Sol. Estou me esforçando para isso. Mas também quero aproveitar a reportagem do Conexão Três Pontas para dizer que estamos iniciando agora uma campanha de conscientização para coibir a prática da natação no local e assim evitar afogamentos, mortes e mais tragédias, como as que estamos convivendo no momento. Mas preciso da ajuda da população, dos moradores do entorno e dos pais para que fiquem de olho e não deixem seus filhos nadarem ali. É uma situação bem difícil, mas não desistirei de encontrar, no trabalho e no diálogo, uma boa solução”.

Ainda segundo o Prefeito Marcelo Chaves Garcia por ser uma área pública não se pode impedir a circulação ali.

Quando a Pietá estava sediada no Vale do Sol o cuidado do local era evidente.

Vale lembrar que durante um breve período o Vale do Sol passou a abrigar a entidade Pietá, que assiste dependentes químicos e que cuidava com muito zelo e melhorias o Parque. Mas por decisão judicial a Pietá acabou sendo retirada do Vale do Sol e após essa atitude, considerada equivocada também pelo Prefeito Marcelo Chaves, o local, que parece abandonado, se tornou cenário de prostituição, drogas e frequente risco de morte por afogamento.

Que fique nosso alerta! Evite mais tragédias!!!

 

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Roger Campos

Jornalista

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