No frio da madrugada, minha mente é um fio de espada.
Na noite Calada, a linha de caderno se torna estrada.
Na atmosfera densa, vem a solitude que se torna um estado de plenitude, que ao passar pela caneta quer se tornar virtude.
Em tal estado de paz, nada há a me atordoar…
Sinto o frio do ar, que de maneira peculiar vem me queimar.
A lua está a brilhar, cães a uivar
e eu… apenas a contemplar.
Nesse estado de contemplação, observo o que chamam de criação.
Se me perguntarem o que realmente aconteceu…
Over-dose de niilismo

Os nossos tempos de pandemia, no qual o afastamento e algumas vezes a solidão se faz necessária, me fez refletir acerca da solidão. Solidão, sentimento devastador, a percepção de que estamos sozinhos é realmente algo pavoroso, afinal, o homem é por natureza um “animal” social. O contato social se faz sempre necessário nos nossos cotidianos, seja desde pequenas e simples demonstrações de carinho e afeto até relações comerciais e políticas. Quando nos vemos obrigados a deixar o contato social de lado, temos a sensação de que algo está incompleto, é como se cada indivíduo fosse uma peça de um quebra cabeça cujo o sentido está no conjunto harmonioso de todas as peças.

Este sentimento, a solidão pode se tornar algo bom? A resposta é sim. Quando vivenciada da maneira saudável, a solidão se torna solitude, sensação relativamente mórbida, mas também muito agradável. A solitude é a sensação de estar e ser completo em si e por si, sem a necessidade de outrem. A experiência de se alegrar e estar satisfeito apenas com sua própria companhia. Os momentos de solitude são os mais necessários no nosso atual cenário, e eles que nos fazem dar uma pausa para dedicar um tempo a nós mesmos e pegarmos o instrumento musical esquecido, tocarmos algumas notas ou alguns acordes, vemos que ainda sabemos tocar, e isso nos traz alegria, momentos em que tomamos uma taça de vinho e colocamos uma musica suave, e isto nos traz alegria, ou ainda momentos em que decidimos assistir um filme ou ler um livro no conforto de nossas casas e aquilo se torna um momento alegre e de paz.

A solitude também pode trazer insights de inspiração e algumas catarses, o que pode nos levar a criação de algo novo, como a poesia que escrevi e coloquei no inicio deste artigo.

Esta poesia se deu como um grito silencioso da solitude manifesta em minha experiência pessoal numa noite onde a minha mente se tornou turbulenta e afiada, o que indicava a necessidade de escrever e descrever tal sensação. Neste instante as linhas do caderno que iriam dar origem a tal poema pareciam uma estrada e cada verso escrito se tornava como parte do caminho que eu já tinha percorrido. Relato todas as experiências sensoriais de modo intenso como apenas a solitude pode ocasionar onde a paz se faz presente de um modo metafísico. Parece que nos momentos de silencio a lua se torna mais brilhosa e mais encantadora, e a criação, o mundo e por fim o universo se tornam maiores e mais belos quando nos distanciamos da correria do trabalho, do barulho constante e das festas, como se finalmente percebemos a real dimensão do que se passa despercebido em nossos cotidianos.

Por fim o que a solitude me levou nestes versos e naquele instante? A sensação quase embriagante de um “niilismo de indivíduo”, como se eu fosse o único ser humano de toda a Terra e isso era bom. Que possamos aproveitar o cenário mundial para a introspecção e vivenciarmos a solitude, sabendo que somos as estrelas de nossas vidas, que mesmo sozinhas não deixam de brilhar, que a nossa luz, que tão tímida se manifesta apenas nesses momentos onde ninguém a vê venha à tona como a criação de novas idéias seja para o trabalho, para os relacionamentos ou até mesmo a arte e assim, para o futuro vindouro este brilho venha a encantar e cativar a todos. Fique na paz meu leitor, e com a esperança de que este é um momento de reclusão, mas que depois que tudo isto acabar, novas idéias surgirão para um novo cenário mundial, idéias que foram frutos da solitude.

Gabriel Delfino é Estudante de Filosofia e apaixonado por espiritualidade, política e poesia.

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