Sou paulistano, acostumado com a violência dos grandes centros. Não sou tão velho assim, mas sou de uma época, já morando no interior, em que os carros podiam ficar abertos e com as chaves no contato, as casas destrancadas e as pessoas sentadas na calçada jogando conversa fora com toda tranquilidade. Sou de um período, não tão longínquo assim, em que se podia ficar até tarde na rua, onde os pais tinham a certeza de que os filhos voltariam para casa em segurança. Mas isso é passado, não existe mais.

A violência globalizada não escolhe metrópoles ou cidades pequenas, outrora pacatas e bucólicas. Todos estamos na alça de mira da criminalidade. Todos somos reféns dentro de nossas próprias casas enquanto os marginais ganham as ruas, seja pela ineficiência do sistema, seja pela ousadia dos bandidos. Aqui a Justiça injusta solta o bandido de alto grau de periculosidade como solta o do colarinho branco. As tais “saidinhas”, embora constitucionais são vergonhosas e revoltantes. A polícia capenga (sem salário decente, sem armamento pesado para o enfrentamento, sem estrutura e sem reconhecimento) até que prende. Mas vêm os juízes escorados num Código Penal arcaico, obsoleto e põem os marginais novamente no convívio da sociedade.

Quando um policial cumpre seu fiel dever e mata um delinquente ele é, muitas vezes, processado, retirado das ruas, penalizado. Ao meu ver deveria ser condecorado e promovido.

Quando um bandido é alvejado vem um tal de Direitos Humanos e o trata como coitadinho, como vítima do capitalismo, da sociedade cruel e dos poderes macroeconômicos. O curioso é que quando um policial, que muitas vezes tem como colete apenas o próprio peito, morre em operações de alto risco ou emboscadas, não aparece ninguém desse tal “direito dus mano”.

O que aconteceu essa madrugada em Machado não é raridade, caso isolado. É cada vez mais comum, a violência está inserida no seio da sociedade. Três Pontas também já passou por esse terror. Uma agência bancária foi explodida. Eu, no afã de informar meu leitor, fui o primeiro chegar, inclusive antes da polícia. Pude ver o que foi tudo aquilo in loco. Senti o cheiro da pólvora, dos tiros, da destruição. Felizmente não havia cheiro de sangue. Mas nem sempre é assim!

Explosão da Caixa em Três Pontas. Nossa reportagem chegou minutos após a ação de terror.

Aí, como se nada disso bastasse, a hipocrisia berra nessa época eleitoral. Não se pode esperar outra coisa de um militar a não ser querer combater a violência com rigor, com peso, com arma. Precisamos é disso! Ou alguém, numa situação dessa como na foto, espera resolver a questão com flores ou com diálogo? Claro que não! Flores em situações assim só são usadas para enterrar vítimas inocentes, crianças, pais e mães, trabalhadores alvejados por criminosos que não estão nem aí com nada, pois sabem da impunidade que lhes aguarda e até riem da cara da sociedade. Se mata por um relógio, um celular. Menos! Se matar por 5 reais. Menos ainda! Se mata apenas para se ver o buraco da bala.

Não falo de achismo ou opinião vazia. Trago embasamento, dados para a livre conscientização de cada um. Somente nos primeiros seis meses deste ano 26 mil pessoas foram assassinadas no Brasil. Segundo o Atlas da Violência, o Brasil tem taxa de homicídio 30 vezes maior do que a Europa.

Segundo o relatório, mais de meio milhão de pessoas foram assassinadas no país na última década.

Em 2016, pela primeira vez na história, o número de homicídios no Brasil superou a casa dos 60 mil em um ano.

Os homicídios, segundo o Ipea, equivalem à queda de um Boieng 737 lotado diariamente. Representam quase 10% do total das mortes no país e atingem principalmente os homens jovens:  56,5% de óbitos dos brasileiros entre 15 e 19 anos foram mortes violentas.

O número de mortes violentas é também um retrato da desigualdade racial no país, onde 71,5% das pessoas assassinadas são negras ou pardas.

O impacto das armas de fogo nas mãos de bandidos também chega a níveis elevados no país, que tem medições sobre mortes causadas por disparos desde 1980. Se naquela época a proporção dos homicídios causados por armas de fogo girava na casa dos 40%, desde 2003 o número se mantém em 71,6%. E aí, o que vamos fazer? Esperar que um policial com uma 38 enferrujada na cintura enfrente dez criminosos armados de pistola, fuzil e similares, até os dentes, é utopia, devaneio. Será que uma nova campanha de desarmamento, como foi feita recentemente, resolveria? Se tiraria mais uma vez a arma do cidadão de bem e o bandido continuaria com a posse. “Ôh Seu Criminoso, será que o senhor, por obséquio, poderia se dirigir a uma base policial mais próxima e voluntariamente entregar sua arma de fogo?”. Faz-me rir!

Dentre os afetados pela crescente no número de homicídios no Brasil, um grupo de destaca: o dos jovens. Representando 53,7% das vítimas totais no país. Na década entre 2006 e 2016, o Brasil assistiu a um aumento de 23,3% nos assassinatos de seus jovens. Homicídio é a causa de 49,1% das mortes de jovens entre 15 e 19 anos, e 46% das mortes entre 20 a 24 anos.

Por ano são mais de 500 policiais mortos no Brasil. Somente no primeiro semestre deste ano 70 policiais foram assassinados no Rio de Janeiro. Um policial é morto no Rio a cada três dias. Menos que isso!

Enfim, falta investimento, apoio político. Faltam leis mais eficazes, mais fiscalização e efetivo policial. Faltam presídios e um sistema que recupere parte dos encarcerados, que não os “gradue no mundo do crime”, como verdadeiras faculdades do mal. Pra mim, falta sim o empoderamento da sociedade. Falta mostrar para os marginais e suas facções que não seremos tão vulneráveis para eles. Que resistiremos e que devolveremos na mesma moeda se for preciso. Claro que reagir na maioria das vezes é a pior escolha. Claro que não sou a favor de arma na mão de qualquer pessoa. Exames, treinamento criterioso e todas as condições para deixar o cidadão de bem preparado são vitais.

Para aqueles que não concordam com os que defendem a tese de políticos, militares e simpatizantes, como eu, sugiro que apresentem uma melhor solução, rápida e eficaz. Que saia do campo filosófico, das promessas de campanha e que venha pra rua, agora, já!

Quero minha liberdade de volta. Quero minha cidade e meu país mais seguros. Quero que, como nos filmes, o mocinho sempre vença o bandido. Que o sol renasça a cada dia, lindo para o trabalhador e suas famílias. E quadrado para os marginais.

Não se trata de pregar a violência. Quero o fim dela!

Quero nossos filhos crescendo, produzindo riquezas para a nação e envelhecendo, cumprindo o ciclo natural da vida.

O bem precisa vencer o mal.

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Roger Campos

Jornalista

MTB 09816

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