INTRODUÇÃO

O Brasil estava se reabrindo para a democracia. Os brasileiros foram às urnas e sedentos por uma guinada na política nacional, viram em Fernando Collor de Mello, então Governador de Alagoas, um político bem diferente dos demais para a sua época. 

Estamos falando de meados de 1989. Collor era jovem, considerado bonito, um esportista de apenas 39 anos de idade, que fazia cooper, andava de jet ski, estampava frases de impacto e que prometia acabar com os marajás. Por tudo isso, Fernando Collor de Mello foi eleito Presidente da República, empossado em 15 de março de 1990, dando início ao que na época foi chamado de “A Era Collor”. 

Após graves escândalos de corrupção, para evitar o seu impeachment, Collor renunciou em 29 de dezembro de 1992.

Todo o processo gerou inúmeras especulações, teorias de conspiração, lendas urbanas que ainda geram dúvidas e interesse até os dias atuais. Por isso, resolvemos mergulhar nos calabouços do Governo Collor de Mello.

ARTIGO DE OPINIÃO

JOGO DE VAIDADES: TRIUNFO E DERROCADA DE UM “PRESIDENTE DE APARÊNCIAS”

Vaidade: substantivo feminino

  1. qualidade do que é vão, vazio, firmado sobre aparência ilusória.
  2. valorização que se atribui à própria aparência, ou quaisquer outras qualidades físicas ou intelectuais, fundamentada no desejo de que sejam reconhecidas ou admiradas pelos outros.

Há 28 anos, o primeiro presidente eleito após o fim do regime militar, perdia o seu cargo. Em 29 de setembro de 1992 a Câmara Federal aprovava o afastamento do então Presidente da República Fernando Collor de Mello, homem declaradamente vaidoso, após graves denúncias de corrupção. E para evitar o impeachment, renunciou no final de dezembro daquele ano.

Fernando Collor de Mello, representava a expectativa de mudança na política nacional e os anseios de milhões de brasileiros, que viram nele não apenas um homem jovem e vaidoso, mas principalmente alguém que trazia um discurso incisivo contra os os chamados marajás.

Talvez o “feitiço tenha virado contra o feiticeiro” e como peixe, Collor acabou “morrendo pela boca”. Naquilo que ele mais combatia, acabou se lambuzando. A começar que, segundo José Bonifácio, diretor da Rede Globo, a emissora “tramou contra Lula, seu principal adversário, no último debate eleitoral da emissora, feito todo com ‘cartas marcadas’”. Ou seja, Collor era apresentado ao universo das manipulações e do jogo de interesses do qual não seria apenas uma peça de xadrez, mas o verdadeiro Rei. Um rei com suas ambições e vaidades.

A Era Collor, na minha opinião, começou a desmoronar quando a mesma imprensa que o apoiava, acabou retratando-o como inimigo n.º 1 da República nas páginas de jornais e revistas e também na televisão.

Para piorar, teve ainda a condução polêmica da economia, através da então Ministra Zélia Cardoso de Mello, que confiscou a poupança dos brasileiros do dia para a noite. Teve também os escândalos do então tesoureiro, PC Farias, que mais tarde seria assassinado. Mas a cereja do bolo abatumado foi o desentendimento, seguido de graves denúncias feitas pelo próprio irmão de Fernando, Pedro Collor. Briga de irmãos (Caim e Abel), briga de vaidades exposta à Nação.

O então presidente do Supremo, Sidney Sanches, preside comissão de impeachment no Senado para julgar se Collor cometeu crime de responsabilidade.

Hoje, quase três décadas após o fim da Era Collor, um dos principais capítulos da história da política brasileira, muitas lições ainda servem de espelho para que outros presidentes não caiam nos mesmos erros e armadilhas, principalmente na tal vaidade a frente do cargo. Vaidade e ambição que podem enfraquecer os pilares de um aparente governo sólido.

A conclusão que eu chego é que tudo poderia ter sido diferente se Collor não tivesse, através da sua vaidade gritante, desafiado e incomodado tanta gente, de todos os lados, inclusive ex-aliados.

Talvez ele tivesse boas intenções. Mas isso se perdeu diante de um mar aberto e cheio de oportunidades (escusas) que aquele “verão” lhe propiciou. Collor deveria ter pensado menos na sua imagem física e mais na imagem “corporativa”, de todo o seu governo.

Hoje, Collor, ao olhar no espelho, deve enxergar o quanto toda aquela “maquiagem” lhe custou não apenas o cargo máximo da Nação, mas a moral, a história imaculada e a popularidade galopante.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A minha reflexão sobre a política brasileira ainda remonta os anos que formaram a Era Collor. Collor, de queridinho de todos, virou persona non grata, alguém que teve que se acostumar não com os elogios e aplausos, mas com as críticas, a desconfiança e as acusações de corrupção. O caçador de marajás estava na alça de mira, no pelotão de fuzilamento da opinião pública. E como foi duro pra ele ter que, literalmente, manter aquele topete impecável, a pose de um homem correto e de virtudes. Fernando lutou, isso não se pode negar. E talvez algo que deva ser salientado é que a companheira Rosane Collor sempre se manteve ali, ao lado, literalmente de mãos dadas, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, no poder ou fora dele.

Collor passou, mas as marcas ficaram e certamente muitos aprendizados. Como diria o grande e saudoso empresário Antônio Ermírio de Moraes, “política no Brasil é a arte de pedir dinheiro aos ricos, voto aos pobres e depois de eleito enganar a ambos”.

A política no Brasil – que deveria ser simplesmente instrumento de transformação e desenvolvimento – é, sem dúvida, algo extremamente controverso e de certa forma mal utilizado tanto pelos eleitores que preferem trocar os seus votos por favores pessoais, quanto pelos políticos que, após o êxito nas urnas, parecem se esquecer de suas promessas, de seus planos de governo, tornando-se “mais do mesmo”, “farinha do mesmo saco”, na eterna ciranda político-eleitoral onde se muda candidatos e partidos mas não o modus operandi da velha e acéfala, em muitos momentos, política tupiniquim.

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Roger Campos

Jornalista

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