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Acne é uma doença inflamatória da pele, muito frequente, que acomete principalmente adolescentes e jovens, mas pode ocorrer na idade adulta. Na adolescência atinge principalmente o sexo masculino, já na idade adulta é mais frequente nas mulheres.

O local preciso de instalação da acne é a unidade pilossebácea, que é constituída por folículo piloso, glândula sebácea e pelo do tipo vellus (pelo mais fino). Alguns locais da pele, como face, pescoço e tórax são mais predispostos a desenvolver acne por conter maior número glândulas sebáceas.

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Aproximadamente aos nove anos de idade, as glândulas supra-renais começam a produzir uma quantidade aumentada dos chamados andrógenos, hormônios que estimulam ou controlam o desenvolvimento e a manutenção das características masculinas, sendo também precursores de todos os estrógenos, que são os hormônios sexuais femininos. Os andrógenos induzem a hipertrofia das glândulas sebáceas e o aumento da produção de sebo, que em pacientes com predisposição genética levam ao quadro da acne

 As manifestações da doença (cravos e espinhas) ocorrem devido ao aumento da secreção sebácea associada ao estreitamento e obstrução da abertura do folículo pilossebáceo, dando origem aos comedões abertos (cravos pretos) e comedões fechados (cravos brancos). Estas condições favorecem a proliferação de bactérias que provocam a inflamação característica das espinhas, sendo o Propionibacterium acnes o agente infeccioso mais comumente envolvido.

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A acne é classificada de acordo com a gravidade das lesões.
Grau I: Acne comedônica, composta por “cravos” abertos ou fechados.

Grau II: Acne pápulo-pustulosa, apresentando lesões dolorosas, avermelhadas e elevadas, podendo ter pus no seu interior.

Grau III: Acne nódulo-cística, mostrando lesões nodulares, podendo também ter no seu interior a presença de material purulento e fétido.

Grau IV: Acne conglobata, com lesões que se intercomunicam por fistulas, drenando material amarelado e com odor desagradável. Neste caso, ocorre grande tendência a cicatrizes inestéticas, devendo, por isso, ser introduzido tratamento adequado o mais precocemente possível.

Grau V: Acne fulminante, de início abrupto, com grande componente inflamatório, febre, fraqueza, perda de apetite e de peso, com grande tendência cicatricial.

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Para o tratamento da acne é necessário verificar a gravidade da doença.

Em formas leves o tratamento pode ser apenas local, com inúmeros produtos existentes no mercado isolados ou combinados: ácido salicílico, peróxido de benzoíla, retinoides,antibióticos e ácido azeláico.

Quando o quadro não evolui bem ou as lesões são de moderada gravidade associa-se o tratamento por via oral, utilizando-se antibióticos específicos, sempre associados ao tratamento local.

O tratamento hormonal, com anticoncepcionais orais, é útil para as mulheres, desde que não existam contraindicações.

Quando não há uma boa resposta aos tratamentos anteriores e se percebe uma tendência para cicatrizes ou um importante impacto negativo na qualidade de vida, deve ser indicada, desde que não existam contraindicações, a isotretinoína oral, um retinoide sistêmico que age diretamente da glândula sebácea, reduzindo seu tamanho e a produção de sebo.

 É um medicamento absolutamente contraindicado quando há possibilidade de gravidez, porque pode causar danos graves ao feto, por isso é necessário fazer um exame de gravidez antes do início do tratamento e métodos contraceptivos eficazes são obrigatórios para a mulher que irá tomar a medicação.

Os efeitos colaterais mais comuns são os que acontecem na pele e mucosas (ressecamento dos lábios, nariz, olhos, pele do corpo), aumento do colesterol, triglicerídeos e enzimas hepáticas. Portanto, são necessários exames de sangue antes e durante o tratamento, além de cuidados específicos para hidratar lábios e pele principalmente.

É importante lembrar que a isotretinoina, apesar dos efeitos colaterais e riscos é um medicamento usado há quase 30 anos no Brasil e nunca foi retirado do mercado, o que mostra que quando bem indicado e com devido acompanhamento é uma droga eficaz e segura.

Outro ponto importante no tratamento da acne inclui a alimentação; durante muitos anos acreditava-se que a relação entre alimentação e acne era um mito, mas estudos recentes têm comprovado que em pessoas com tendência genética e com quadro de acne ativa essa relação alimentação x acne tem papel relevante. Alimentos com alto índice glicêmico e o chocolate levam a um quadro de aumento de insulina, que por sua vez aumentam os níveis de andrógenos piorando o quadro de acne.

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Ressalto a seguir algumas recomendações para controle da acne:

Lavar a pele com sabonetes específicos é importante, porém não deve ser feito em excesso, pois pode irritar a pele ou causar um efeito rebote e aumentar a oleosidade da pele.

O paciente com acne, não deve de maneira nenhuma, “cutucar” ou “espremer” os cravos e espinhas, pois isso pode gerar mais inflamação, manchas e cicatrizes.

O estresse, período menstrual, alguns medicamentos e épocas do ano podem piorar o quadro.

A acne não é contagiosa e não se relaciona a “sujeira” da pele ou do sangue.

O tratamento da acne leva um tempo para surtir efeito, e esse tempo depende da gravidade das lesões e da resposta individual.

A limpeza de pele quando bem indicada por dermatologista e bem executada por esteticista pode ser uma boa aliada ao tratamento de alguns tipos de acne.

Alguns de tipo de peelings também podem ajudar em casos selecionados.

Os pacientes com acne devem ser tratados assim que a lesões surgirem, a fim de evitar piora da inflamação, cicatrizes inestéticas e possíveis traumas psicológicos e sociais.

Procure sempre um dermatologista de sua confiança para saber qual o tratamento ideal.

 

 

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Dra. Carolina Reis Carvalho – Dermatologista

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