Conversamos com diversas gestantes nos últimos dias que relataram o quanto a estrutura da maternidade melhorou e melhorou muito. Elas, claro, se mostraram apreensivas com o fechamento provisório já resolvido, temem que isso novamente ocorra, mas destacam a qualidade do serviço ali prestado.

Após alguns dias de fechamento, o que provocou não apenas preocupação, mas também a necessidade de locomoção de algumas gestantes para outras cidades da região, o atendimento em Três Pontas foi normalizado.

A Santa Casa de Misericórdia do Hospital São Francisco de Assis comunicou que a maternidade Ignez Chaves de Figueiredo Paiva retomou os atendimentos no último dia seis de novembro, às 7 horas da manhã. Ainda conforme a unidade de saúde, referência para diversas cidades da região, foram inúmeros esforços para o preenchimento da escala médica no mês de novembro para aquela maternidade que finalmente foi completamente preenchida possibilitando a sua reabertura com total segurança.

O HSFA também informou que antes da normalização da situação na maternidade as gestantes continuaram sendo encaminhadas ao pronto atendimento Municipal de Três Pontas e os casos de necessidade onde as gestantes apresentavam algum risco, foram direcionadas para a maternidade de Três Corações. E os casos de alto risco para o Hospital Regional em Varginha.

O provedor da Santa Casa de Misericórdia do Hospital São Francisco de Assis, o empresário Michel Renan Simão Castro, esteve na última segunda-feira à tarde no plenário da Câmara Municipal de Três Pontas durante sessão ordinária. A secretária de saúde Tereza Cristina Rabello e o vice-prefeito Luís Carlos da Silva também estiveram presentes. Ele foi sabatinado e tirou muitas dúvidas.

“Quero dizer que o fechamento provisório da maternidade entre as pontas ocorreu por falta de profissionais G.O., ou seja, ginecologistas e obstetras. Essa situação de dificuldade de preenchimento dos cargos não é um problema recente. Profissionais médicos das áreas de ginecologia e obstetrícia da pediatria e também da cirurgia plástica sofrem muita pressão e estão sempre envolvidos com pedidos de indenização e/ou reclamações judiciais. Na grande maioria dos casos os processos judiciais são totalmente infundados. Esses profissionais são raros e esse problema de falta de plantonista já vinha acontecendo anteriormente. Eu fiz uma reunião com os profissionais no dia 25 de outubro e disse, inclusive com a presença da secretária de saúde Tereza Cristina, que se a escala de plantonistas não tivesse preenchido até o dia 31 e infelizmente a maternidade teria que ser provisoriamente fechada”, revelou.

Ainda segundo Michel Renan, os profissionais informaram a direção da Santa Casa que não poderiam fazer o plantão de 12 horas na sexta-feira dia 3 de novembro E também o plantão de 24 horas do sábado dia 04. Isso acabou motivando a tomada de decisão de fechamento provisório da maternidade local.

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“Caso, naquelas datas chegasse uma gestante em trabalho de parto fatalmente ela poderia estar em risco por conta da falta desses profissionais. E essa situação de risco acabaria caindo sobre as minhas costas Já que eu não posso manter uma unidade aberta sem os devidos profissionais atendendo. Nós então comunicamos a todos os interessados que a unidade seria provisoriamente fechada. Foi ventilada possibilidade de se fazer um plantão à distância, mas eu não estou na função de provedor para burlar, para enganar. Poderia ser feito? Poderia, assim como outras unidades fazem mas eu não acho isso legal. Todos aqueles que confiam no nosso trabalho merecem respeito e eu não estou ali para quebrar a confiança de ninguém” emendou.

Durante os dias de fechamento da maternidade de Três Pontas 10 atendimentos de gestantes acabaram sendo realizados no Pronto Atendimento Municipal local, sendo que desses 10 atendimentos 4 foram avaliadas e liberadas, outras quatro foram para o Hospital Regional em Varginha e duas para maternidade de Três Corações.

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“Será que os três dias que a maternidade esteve fechada tiveram mais impacto do que os sete anos em que ela permaneceu aberta? Falo isso porque quando eu assumi a maternidade estava fechada! Eu não penso apenas nos três dias mas sim nos sete anos. Quando assumimos a maternidade estava sucateada, num estado deplorável, com incubadoras precárias e um estado muito preocupante. Equipamentos que não ofereciam o mínimo de segurança. Hoje nós temos uma das melhores maternidades, com todos os equipamentos novos, a área física todinha reformada… Durante esses sete anos ela ficou com as portas abertas e todas as responsabilidades nesses 7 anos plantões, é minha. Quando eu assumir a Santa Casa há 7 anos atrás eu não fazia ideia da situação. Para vocês terem uma ideia nem detergente tinha na farmácia, não tinha remédio na farmácia. Eu e minha diretoria lutamos muito. E hoje a situação é completamente diferente. Eu nunca fui um provedor que apenas assinava documentos, meu objetivo sempre foi melhorar os processos. Com apoio dos nossos deputados que acreditaram, também da prefeitura e da população, conseguimos reverter todo aquele quadro caótico. Em agosto de 2017 nós tínhamos vários meses de salários atrasados dos médicos. muitas pessoas que não tem o que fazer acabam se tornando críticos e vorazes nas redes sociais e eu sugiro que elas se habilitem ao fazer alguma coisa em favor do município. Eu já fiz a minha parte e se cada um fizer a sua teremos uma cidade muito melhor. Cada um precisa assumir a sua responsabilidade”, concluiu.

Conversamos com diversas gestantes nos últimos dias que relataram o quanto a estrutura da maternidade melhorou e melhorou muito. Elas, claro, se mostraram apreensivas com o fechamento provisório já resolvido, temem que isso novamente ocorra, mas destacam a qualidade do serviço ali prestado.

O fato é que a direção vem fazendo e concluindo um grande trabalho a frente da Santa Casa e apesar de todas as dificuldades hoje a situação do HSFA, incluindo a maternidade, é muito melhor do que quando assumiram o leme desse grande ‘navio’. A tormenta, tudo indica, já passou, embora navegar num mar de calmaria quando o assunto é saúde pública no Brasil, é quase impossível, uma verdadeira utopia.

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Roger Campos

Jornalista / Editor Chefe

MTB 09816JP

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