Cerca de 5,7 milhões de estudantes estão inscritos para as provas nos dias 17 e 24 de janeiro
Mesmo em meio a pressões por um novo adiamento e à notícia da morte por complicações de Covid-19 do diretor responsável pela elaboração do exame, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou, nesta terça-feira (12), que as datas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) estão mantidas.
Cerca de 5,7 milhões de estudantes estão inscritos para as provas nos dias 17 e 24 de janeiro, apesar de uma votação, no ano passado, ter apontado que a maioria preferia novas datas em maio. A nova onda da pandemia, com nova variante do vírus e hospitais lotados, tornou-se uma ansiedade a mais para quem vai fazer o exame, além de um obstáculo ainda maior para quem é de baixa renda.
De acordo com Ribeiro, os pedidos pela postergação do exame são de uma “minoria barulhenta”. A declaração do ministro, junto com a garantia, segundo ele, de que as medidas de prevenção estão asseguradas, torna improvável, até o momento, uma nova postergação, mesmo com pressões de entidades científicas, estudantis – como União Nacional dos Estudantes (UNE) e União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) -, das redes sociais e o pedido da Defensoria Pública da União (DPU) à Justiça Federal da 3ª região.
Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Associação de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped) e outras entidades escreveram uma carta com abaixo-assinado expressando preocupação com a realização do Enem. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) também solicitou um novo adiamento.
Os estudantes diagnosticados com o vírus, com sintomas de Covid-19 ou de outras infecções contagiosas terão direito a segunda chamada nos dias 23 e 24 de fevereiro. Para isso, é preciso comunicar a situação ao Inep pela Página do Participante e ou pelo 0800 616161.
Especialistas têm avaliado como frágeis os protocolos do Inep e reclamado da falta de informação e da necessidade de uma campanha de comunicação mais eficaz sobre os riscos.
Como reduzir os riscos
Aqui reunimos as principais orientações do físico e engenheiro biomédico Vitor Mori, que atua no Observatório Covid-19 BR, uma iniciativa independente fruto da colaboração entre pesquisadores com a missão de disseminar informação de qualidade baseada em dados, e também indicações do próprio observatório.
Também trazemos orientações do Wearing is Caring (Vestir é Cuidar, em tradução livre), um grupo de cientistas da Universidade de Columbia que compartilham diretrizes de uso de máscara no combate à Covid-19 com base em evidências científicas.
Locais de prova
As provas ocorrerão em locais fechados, o que representa maior risco. Por isso é importante que as salas mantenham todas as portas e janelas bem abertas. O uso de ventiladores só é recomendado quando ele é posicionado perto das janelas, funcionando como exaustores.
O ideal é que, mesmo com o ar condicionado ligado, se mantenha alguma ventilação natural.
Manuseio da máscara
Antes de mais nada, é importante reforçar as vias de transmissão do SARS-CoV 2. Apesar do grande enfoque na transmissão por superfícies de objetos no começo da pandemia, essa via é muito menos prevalente do que a transmissão pelo ar.
Nas salas, que o Inep afirma que estarão com bancas distanciadas, a máscara é obrigatória e só poderá ser retirada na hora da identificação do participante, para beber e comer. É preciso o máximo de atenção para evitar tocar na parte frontal do Equipamento de Proteção Individual (EPI), higienizando sempre as mãos, antes e depois, com álcool próprio que o candidato pode levar ou fornecido por quem estiver aplicando a prova. O mesmo vale para ir ao banheiro.
A máscara de pano funciona principalmente como controle da fonte, ou seja, reduz a emissão de partículas potencialmente contaminadas por parte de quem a está usando. Ela também protege, em certo grau, quem está usando, mas isso depende de uma série de fatores. O mais importante deles é a capacidade de vedação da máscara, ou seja, de não inalarmos uma grande quantidade de ar que entra pelos vãos nas laterais ou por cima.
Máscaras faciais são uma das ferramentas mais importantes no combate à pandemia e uma enorme variedade de estilos e modelos de máscaras de pano estão disponíveis no mercado. Como avaliar a qualidade de uma máscara?
Antes de mais nada, o ponto mais importante é o ajuste da máscara ao rosto. A máscara deve estar bem presa no rosto, minimizando a quantidade de vazamentos, especialmente pelos lados e por cima.
Ela também deve ser confortável de forma que não seja necessário ficar mexendo nela constantemente. Além disso, o ideal é que ela não se mova nem saia do rosto quando falamos.
Por último, você pode borrifar um spray de água através da máscara e verificar a quantidade de gotículas que passam pela máscara. Se ela conseguir reter a maioria, é sinal de que ela é de boa qualidade.
A melhor forma de beber água
Uma garrafa com canudinho ajuda a tomar água só levantando a máscara por baixo. Dá para tirá-la rapidamente só para tomar água.
Evite comer
Tente ir bem alimentado, é melhor evitar comer ou sair da sala para isso.
Depois que tirar a máscara para beber ou comer, ajuste-a bem novamente, mantenha-a bem vedada ao rosto.
Transporte público
Já vá com a máscara.
Nem sempre é possível, mas, se o ônibus, estiver mais livres, busque sentar ou ficar perto da janela e mantenha a janela aberta, garantindo que ar fresco exterior esteja constantemente entrando no ônibus.
Também evite ficar próximo de pessoas sem máscara e que estejam falando alto dentro do transporte público.
Contaminação pelos olhos
É possível se contaminar pelos olhos, mas a principal pergunta que temos que fazer é o quão provável isso é. Apesar de ainda termos poucas evidências, elas indicam que essa não é uma rota tão prevalente.
Isso faz bastante sentido físico. Inspiramos ar pelo nariz e pela boca, ou seja, estamos ativamente movendo o ar para dentro do corpo e trazendo partículas potencialmente contaminadas.
Levando em consideração que a principal via de transmissão é por aerossóis, a contaminação pelo olho aconteceria apenas com a deposição de aerossóis nos olhos, que é bem menor do que a quantidade que inspiramos quando estamos sem máscara.
Para pessoas que trabalham em ambiente hospitalar, na linha de frente, com alta exposição a esses aerossóis, é válido usar óculos de proteção. Para uso cotidiano, talvez seja um pouco de exagero.
Pensando na contaminação pela deposição de aerossóis nos olhos, óculos normal e face shield já ajudariam, mas ainda não parece ser algo tão crítico assim.
De qualquer forma, mal não faz, então, se quiser usar óculos de proteção ou face shield, sem problema desde que você também esteja usando uma máscara.
Fonte Marco Zero
www.facebook.com/conexaotrespontas
Roger Campos
Jornalista
MTB 09816
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