Uma das formas mais comuns e tristes de se enfeiar, estragar patrimônios públicos e privados, é a pichação, escritos, muitas vezes ofensivos, que se faz em muros, fachadas, paredes, estátuas, etc. Muito comum nas capitais, onde há uma verdadeira guerra por um espaço em branco para ser ocupado, a pichação também é uma realidade em cidades pequenas. Três Pontas não escapou. Aliás, há décadas isso acontece. E novamente parece que a “onda” das pichações vem crescendo, tirando um pouco da beleza da cidade.

Nossa reportagem recebeu um e-mail de um leitor indignado com uma pichação feita sobre Jesus Cristo no muro entre a Praça Esporte e Escola Jacy Gazola, próximo ao Centro Cultural Milton Nascimento, no centro de Três Pontas, como mostram as fotos abaixo:

IMG-20160223-WA0002

“Olha o tamanho da blasfêmia. Nunca vi nada tão ofensivo. É um absurdo! Eu tenho que passar todos os dias por esse caminho e dou de cara com essa pichação. Já fui até na polícia, mas eles não fizeram nada. Por isso, sabendo da repercussão do Conexão Três Pontas, resolvi pedir a ajuda de vocês”, pontuou o leitor L.G.M.

IMG-20160223-WA0001

Ainda conforme o leitor, não se trata de concordar ou discordar com a homossexualidade de quem quer que seja, pois cada um é livre e dono das suas escolhas. (o Conexão três Pontas respeita as liberdades de escolha e expressão).

Nossa reportagem conversou com o coordenador da ONG católica Fé com Obras, Piter Vagner de Jesus. Ele se mostrou profundamente entristecido com a pichação e comentou:

“Prezado servo de Deus Roger Campos, a paz de Cristo! Nós do Grupo de Oração FÉ COM OBRAS soubemos com profunda tristeza da pichação que foi feita no muro da Praça Esporte. Mas não ficamos tristes pelas palavras em si que foram escritas (“gay”)… mas, sim, pela conotação pejorativa que a elas foi dada. Tanto depreciativas a Jesus, quanto aos nossos irmãos gays: atacou-se os dois lados (zombou-se de Deus e ainda associou-se “gay” a um xingamento, o que não é certo).

Jesus não tem absolutamente nada contra os gays… Ele os ama da mesma forma que ama a todas as demais pessoas. Uma coisa é o pecado que Ele condena (a ditadura gay, as práticas homossexuais, a falta de castidade, o desvirtuamento do propósito original dele “homem-mulher”, a libertinagem)…; outra coisa são os filhos Dele que são gays, os quais Ele ama muito e os convida a viverem uma vida conforme o que Ele ensina (assim como Ele convida a todos as pessoas).

Assim também a Igreja Católica prega. Neste sentido, acreditamos que Jesus ficou muito triste ao ler aquele muro. Tanto triste pela recriminação implícita aos irmãos gays, quanto pelo ataque à santidade inquestionável e incorrupta Dele. Outra análise tange à pichação em si, que demonstra uma intolerância religiosa de quem a fez. Fica claro que o pichador não quis atacar apenas a Jesus em si, mas também aos cristãos que o seguem, amam e respeitam. Em tempos onde o amor ao próximo e a tolerância se mostram cada vez mais como os remédios capazes de curar as chagas deste mundo doente espiritualmente, tal escrito foi contra o que toda a sociedade (e o próprio Jesus) anseiam.

Mais do que uma crise de corrupção, de dengue ou financeira, o Brasil vive uma crise de falta de amor (todas as outras crises têm origem nesta)… está cada vez menor o “estoque” de pessoas que amem ao próximo, que defendam os bons valores cristãos, que estejam dispostas a deixar marcas não nos muros, mas, sim, marcas boas no coração dos outros… A nós do grupo Fé com Obras não nos interessa saber quem foi o pichador… Não buscaremos a sua punição, mas, sim, a sua conversão… Rezaremos por ele (que é nosso irmão em Cristo), para que tenha um encontro pessoal com esse Jesus que ele atacou. Porque se ele se abrir e esse encontro com o Rei acontecer, ele terá a vida tão profundamente transformada, que ele irá querer sair pichando outros muros da cidade novamente, mas agora com declarações de amor a Jesus… Cristo chega como um furacão na vida dos que a Ele se abrem… nada que Ele toca permanece igual….

‘Eis que faço novas todas as coisas’ (Apoc. 21, 5). O Fé com Obras irá voluntariamente repintar, com recursos próprios, o muro da Praça Esporte ou da Escola, onde ela estiver pichada. Não como recriminação a quem o pichou, nem por simples ativismo social, e menos ainda por moralismo… mas, sim, por amor a Jesus e ao irmão pichador. Aos poucos, nós do grupo Fé com Obras temos buscado iniciar uma cura do mundo (ainda que, por enquanto, apenas do nosso mundinho aqui chamado “Três Pontas”). Que cada um de nós trespontanos comecemos a ser nós mesmos a mudança boa que queremos ver na cidade! Seja você a diferença!

Do seu irmão em Cristo, Piter, Grupo de Oração Fé com Obras, desde 2006, semeando caridade, amor e palavras de Vida Eterna”, comentou.

Outros casos, outras pichações foram flagradas por nossa reportagem. Além de muros, até com mensagens de amor em alguns casos e em outro com ataque à polícia, patrimônios como a Praça Centenário e o símbolo que dá nome ao local foram atacados pelos pichadores.

Pichação com os dizeres “Policiais Bastardos” foi apagada, mas ainda se nota a ofensa.

A Praça Centenário é um cartão postal da cidade de Três Pontas. A população, em diversas frentes, sempre cobra (e tem mesmo que cobrar) ações e providências por parte do poder público municipal. Mas essa mesma população, ou pelo menos uma fatia dela, composta de verdadeiros marginais, parece não entender que se está destruindo algo que é de todos e para todos. Sem contar que pichação é crime!

DSC08751

DSC08750

DSC08748

DSC08747

DSC08746

A Origem da pichação

Desde os primórdios, o homem se destacou em se expressar por meio de desenhos e escritos, nos rochedos e paredes das cavernas onde habitava. Muitos sítios arqueológicos preservados apontam que, desde a época da Pedra Lascada, os artistas pintavam animais, preferencialmente cavalos, mamutes, bisões e seres humanos, com destaque para as mulheres. Utilizavam-se de ferramentas feitas de ossos, pedra e marfim, que serviam tanto para os desenhos, como para a caça e a luta entre grupos inimigos.

Talvez resida aí uma das explicações da origem da pichação e da grafitagem, técnicas que realizam uma intervenção urbana visando expor a arte de rua (street art).

635-630x410-4

O crime da pichação

A legislação brasileira que trata da aplicação de sanções penais e administrativas em decorrência de atividades lesivas ao meio ambiente (artigo 65 da Lei nº 9.605/ 1998), pune aquele que “pichar, grafitar ou, por outro meio, conspurcar edificação ou monumento urbano”. A pena é de três meses a um ano e aumenta de seis meses a um ano se o ato for praticado contra monumento ou coisa tombada em virtude de seu valor artístico, arqueológico ou histórico.

1447285146_631301_1447334452_noticia_normal

Tanto a pichação como o graffiti foram lançados na vala comum e considerados condutas penalmente reprováveis, pelo dano que causam ao ambiente, em razão da poluição visual. Ocorre que, lentamente, a própria avaliação estética proporcionou uma separação e uma nova definição para as duas modalidades. A pichação despe-se de qualquer referência artística e, inerente à sua vocação clandestina, invade as ruas com palavras hostis e símbolos agressivos de uma cultura de transgressão. A grafitagem, por sua vez, estruturada por grupos comprometidos com a arte, busca o espaço urbano para trabalhar com sua tinta spray e criar paisagens, gravuras e painéis harmônicos, extremamente coloridos. É muito frequente o pedestre parar e admirar a arte exposta na rua, sem falar do interesse interpretativo dos críticos especializados na modalidade, que já conseguiram entronizar a street art nos grandes museus.

(Fonte JusBrasil)

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *