Maioria dos prefeitos de cidades assistidas pelo HSFA não comparece e deixa claro falta de interesse em dar a contrapartida necessária.

Conforme anunciado em primeira mão pelo Conexão, a situação gravíssima do Hospital, anunciada pelo provedor Michel Renan Simão Castro, foi confirmada em reunião importante ocorrida na noite desta quinta-feira (01º) no Plenário da Câmara Municipal, envolvendo diversas autoridades. O fechamento da Santa Casa  de Misericórdia do Hospital São Francisco de Assis não foi descartado e parece cada vez mais próximo.

Inicialmente Michel Renan apresentou um vídeo que mostrou a situação precária das santas casas que, além de repasse atrasado por parte do Governo do Estado de Minas Gerais, enfrenta a absurda tabela de repasses do SUS onde, por exemplo, o hospital recebe apenas 11 reais (menos que um saco de arroz) para internar um paciente.

A reportagem feita pelo Conexão parece que interessou mais aos canais de televisão da região, que entraram em contato com o provedor Michel Renan para também fazer suas reportagens, como Globo e Record, do que à população trespontana. Apesar das centenas de comentários nas redes sociais, o Plenário da Câmara Municipal não esteve sequer com suas cadeiras totalmente ocupadas, já que se esperava a presença da população em grande número para pressionar e cobrar uma solução por parte das autoridades.

E por falar em autoridades, dos sete prefeitos, cujas cidades enviam pacientes para Três Pontas, sendo, claro, a própria Três Pontas e outras seis, apenas um prefeito de fora compareceu, o de Ilicínia, Edvaldo Belineli, que esteve acompanhando a reunião junto do presidente da Câmara de sua cidade. Um representante de Santana da Vargem também compareceu. Outros faltaram, talvez demonstrando a falta de interesse em ajudar a Santa Casa, a mesma que eles usam ao enviar seus doentes.

Membros da diretoria do HSFA, o prefeito de Três Pontas Luiz Roberto Dias e seu vice Marcelo, Chaves, o representante do Ministério Público Dr. Arthur Foster, vereadores, representantes de setores diversos participaram das discussões.

Apesar de tudo que foi dito, pouco foi obtido como resposta clara do que será feito. Ajudar como se deve, como seria a obrigação, pelo menos moral, por parte das outras cidades, parece que não vai acontecer.

A situação é gravíssima. O Conexão mostrou ontem que os números, segundo Michel Renan, estavam sendo mascarados. A dívida que se acreditava ser de 14 milhões é de quase 20 milhões. O deficit mensal beira os 500 mil reais. Pra se ter uma ideia, só para a Cemig a dívida é de 2,4 milhões de reais. A companhia de energia ofereceu um desconto grande cuja dívida cairia para 1 milhão, podendo ser paga em 100 parcelas. Mesmo assim a Santa Casa não consegue honrar.

A consultoria foi contratada e depois de dois meses apresentou esse balanço que fez com que o provedor Michel Renan anunciasse que, caso nada seja feito de verdade, de peso e em caráter urgente, fechará o Hospital por não ter condições de tocá-lo, praticamente sozinho. O prefeito Luiz Roberto Dias se mostrou preocupado em ajudar. Aumentou a subvenção mensal e explanou sobre a busca por saídas.

E a questão não é política ou politiqueira local. Ou seja, não adianta, segundo a diretoria do HSFA, culpar esse ou aquele prefeito, etc. Na verdade todos que usam o Hospital, população e cidades vizinhas deveriam fazer mais. O Governo de Minas também precisa cumprir seu compromisso. Mas a irresponsabilidade insiste em imperar na política do Estado que põe a saúde na UTI.

Só de repasses do Governo de Minas a Santa Casa  de Misericórdia do Hospital São Francisco de Assis tem quase 2 milhões de reais a receber. E não recebe! Médicos e funcionários continuam com vencimentos atrasados.

A Prefeitura Municipal de Três Pontas repassa 120 mil por mês de subvenção, além de outros 104 mil da chamada gestão compartilhada. Segundo informações, todos os pagamentos estão rigorosamente em dia.

Outro exemplo da crise é o fornecimento de gás. A empresa que presta esse serviço tem quase 700 mil para receber e nem através da Justiça está conseguindo e o fornecimento deverá ser interrompido já na próxima terça-feira.

O promotor Dr. Arthur Foster, representante do Ministério Público sugeriu que os prefeitos e deputados usem de suas influências para conseguir a liberação dos repasses junto ao Governo de Minas e alertou que o nosso Hospital pode ser rebaixado de nível, o que cancelaria vários procedimentos. Fora o eminente risco de fechamento.

Médicos estiveram presentes, preocupados com a situação da Santa Casa.

Enfim, a situação é gravíssima e somente, pelo que foi dito na reunião que durou quase três horas, a junção de forças pode salvar a Santa Casa. Várias ações e campanhas estão sendo feitas. A atual direção tem se esforçado dia e noite para encontrar soluções para equilibras as contas. Mas é preciso menos discurso e mais ação, mais ajuda por parte de todos.

 

 

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Roger Campos

Jornalista

(MTB 09816)

 

 

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