Em 2019, o cantor só deixou mulher sair da casa dele depois que ‘ela se acalmasse’, segundo relato da vítima à Justiça. Ele vai poder recorrer em liberdade. Vítima afirma que sofreu agressões na casa do artista.

A princípio, escatologia é uma teoria relativa aos acontecimentos do fim do mundo e da humanidade, ou seja, as últimas coisas que devem acontecer antes e depois da extinção da vida na Terra. Na língua portuguesa, há outro significado da palavra escatologia: ato de analisar excrementos (fezes), sendo um sinônimo de cropologia, nome dado no ramo da medicina aos exames laboratoriais de dejetos humanos, especificamente as fezes.

O Caso Lehart

“Quem tem que ter vergonha não sou eu, é ele”, afirmou a vítima à Globo. A relação de Rita e Leandro iniciou-se em 2017, quando Rita enviou uma mensagem elogiando o trabalho de Leandro e foi convidada à casa do cantor, na zona norte de São Paulo, para tocar piano e conhecer seu estúdio de som.

Rita revelou que havia tido relações sexuais consentidas com Leahrt. Entretanto, a última teria ocorrido de uma forma diferente das demais. Ela acusa de ter sido imobilizada e foi submetida a “um ato escatológico de violência”.

A situação escatológica em questão foi ele estuprar a vítima forçando-a a abrir a boca para receber esperma enquanto o sambista se masturbava.

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Condenado na semana passada por ter estuprado e mantido em cárcere privado uma mulher em outubro de 2019, o cantor Leandro Lehart, de 50 anos, líder do grupo Art Popular, falou à vítima que, se ela “não tivesse gostado [da situação escatológica por qual passou], iria se acostumar nas próximas vezes”. Em relato à Justiça, a vítima afirmou que o artista disse na ocasião que outras mulheres já haviam passado por aquilo.

Segundo o Ministério Público, o artista compareceu a todas as audiências, mas negou a acusação. Nas redes sociais, ele divulgou uma nota na sexta-feira (16) e afirmou ser “vítima de uma grande injustiça”. Mensagens que mostram a confissão de Lehart foram encaminhadas pela vítima à Justiça (leia mais abaixo).

A condenação pela 17ª Vara Criminal de São Paulo foi publicada na terça-feira (13) e previa regime inicial fechado, mas o juiz decidiu que Lehard pode recorrer em liberdade.

O Fantástico entrevistou Rita de Cássia Corrêa, a mulher que denunciou o músico. Ela contou que sofreu um abuso grotesco e que teve a vida destruída. A mulher e Lehart se conheceram em 2017 e tiveram um relacionamento. Em 2019, a vítima passou por uma situação violenta na casa do artista.

Rita afirmou que, na noite do crime, ficou com hematomas e rouca de tanto gritar de desespero quando foi trancada no banheiro da residência. Ela declarou ao Fantástico que Leandro foi agressivo, a imobilizou e, então, cometeu um ato grotesco e escatológico de violência:

“Na minha boca. Eu já comecei a me debater e pedindo para ele parar. E tentando tirá-lo de cima de mim, mas eu não conseguia. Ele ainda se masturbou até chegar ao orgasmo”.

Nos autos do processo, Rita disse: “[Eu] não tinha forças para tentar sair dali, pois estava com medo e abalada. Pois lutei com o autor tentando evitar tudo aquilo”. Ela foi libertada ao amanhecer, quando indagou o cantor sobre as agressões sexuais. Depois que a vítima foi solta, o cantor pediu que a ela que “se acalmasse”.

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Rita passa por tratamento psicológico. Ela trabalhava no sistema público de transporte da capital paulista e saiu do emprego por ter ficado abalada com a situação. A mulher teve diagnóstico de estresse pós-traumático e chegou a tentar suicídio.

Como a vítima ficou sem renda e estava passando problemas financeiros, o cantor chegou a encaminhar a ela cestas básicas. O caso foi registrado meses depois de Rita ter procurado uma rede de apoio que ofereceu ajuda psicológica e jurídica.

Mensagens mostram confissão

Mensagens que mostram a confissão de Lehart foram encaminhadas pela vítima à Justiça. O cantor alegou que enviou as mensagens, mas negou o crime: “falou tal frase, apesar de tal fato não ter ocorrido, para deixá-la ‘mais à vontade’ e ela esquecer naquele instante da vontade de se matar” (veja um trecho abaixo).

  • 30/08/2020 – 15:30:34: “de qq maneira somos adultos.. se vc se sentir no direito de me denunciar, faça. Não ficarei chateado.”
  • 30/08/2020 – 15:30:57: “posso até fazer uma declaração pra vc. (…) eu assumo isso, com muita vergonha mas assumo (…) tá ai… guarda esse nosso papo que é a sua prova definitiva.”
  • 30/08/2020 – 15:50:27: “já deixei aqui minha confissão (…) tenho que fazer uma auto critica, e se eu errei, vou pagar.”

A condenação

“Condeno o réu Paulo Leandro Fernandes Soares [Lehart] pelos crimes de estupro e cárcere privado, previstos nos arts. 213, caput, e 148, § 2º, do CP, à pena de 9 anos, 7 meses e 6 dias de reclusão e 24 dias-multa, em regime inicial fechado, nos termos da fundamentação supra. Condeno o réu ao pagamento das custas processuais. O réu poderá apelar em liberdade”, escreveu o juiz.

Priscila Pamela Santos, advogada criminal e representante da vítima, divulgou uma nota em que disse:

“O caso é repugnante! Um dos piores com o que tive contato durante quase 17 anos de profissão. É a síntese do horror, da subjugação e do ódio dos homens às mulheres.”

O que diz Leandro Lehart

Cantor, compositor e multi-instrumentista, Lehart também foi diretor do Centro Cultural São Paulo, da Prefeitura da capital, em 2021.

Em comunicado, Lehart escreveu: “Estou sendo vítima de uma grande injustiça, mas a verdade vai prevalecer em breve. São 40 anos de carreira e 50 anos de vida acreditando na justiça, e mesmo que ela tarde, ela não falha. E a maldade não prevalecerá nunca. Obrigado por tudo.”

A nota da defesa diz:

“A defesa técnica de Leandro Lehart, em atenção aos pedidos da imprensa por comentários, informa que o caso corre em segredo de Justiça e ainda pende de decisão final, o que impede maiores considerações quanto aos fatos. De toda sorte, Leandro e seus advogados seguem confiantes no Poder Judiciário e que a verdade prevalecerá, com sua consequente absolvição.”

Multi-instrumentista e autodidata, o artista toca mais de 30 instrumentos e foi ao longo de 10 anos (no final da década de 1990 e início dos anos 2000) o maior arrecadador de direitos autorais do Brasil.

Fonte G1

 

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Roger Campos

Jornalista / Editor Chefe

MTB 09816JP

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