Na vida não existe conquista sem lutas. Nós, seres humanos, somos resultados de como defendemos nossos interesses.

Para isto é necessário que tenhamos armas suficientes para nossas guerras diárias.

Quando crianças, possuímos brinquedos representativos, e na maturidade, devido a seriedade em que a vida toma, aprendemos a manusear estes perigosos instrumentos, para nos proteger e depois atacar.

A espontaneidade nascida da simplicidade, onde existe um campo de dádivas que não precisa de armas, pois há uma reciprocidade mágica e uma convivência saudável, o que vêm desaparecendo com a entrada deste novo milênio.

O homem moderno só é domado pela racionalidade. Sua pungência desafiadora nos ameaça a todo instante. A persuasão e a sedução são balas polidas para enfrentar nossas guerras diárias.

Hoje o homem não se entrega ao voluntarismo; suas vidas são guiadas pela bússola que  leva ao arsenal. Nesta oficina onde somos doutrinados a sobrepor o semelhante a todo instante, aprendemos a ser eternos artífice de armas demolidoras.

Destruir o apego ao semelhante e fazer dele instrumento de nossas conquistas é a grande escravidão contemporânea. O elo humano está fragilizado, pois está amarrado por interesses materiais.

Tudo vale a pena se no jogo dos resultados acrescentarmos a nossa ambição, algo que nos projeta socialmente.

Quando mais nos protegemos da segurança de nossa sobrevivência, mais fragilizados e faminto ficamos da vida sutil e abstrata, e daquelas dádivas e sorrisos espontâneos.

A arrogância moderna nos destrói para a felicidade verdadeira. Hoje a sensação de ser feliz nos é impostas por estereótipos contemporâneo. Não nasce de nossa fonte intima. Não se procura da sensação extasiante de felicidade abstrata e sim do acréscimo cada vez maior de nosso artesanal.

Ninguém entra mais no intimo humano, pois no seu átrio  existe barreira intransponível impedindo os forasteiros de infiltrar. Não existe  mais coadjuvante na construção da felicidade alheia, e o que o homem moderno busca na atualidade é se isolar para aperfeiçoar.

E neste isolamento aprimorar seu poder a todo instante como também fechar para si.

Hoje não cativamos nosso semelhante; o raptamos para fazer dele instrumento eficaz na construção nosso poderio intimo.

O que  preocupa é insaciabilidade humana na construção de armas cada vez mais requintadas e de potencial redobrado. A entrega espontânea e a convivência recíproca está contaminada pelo espírito contemporâneo.

Sabemos que sendo surrealistas, há humanos que nascem mais armados, mas ninguém nasce desarmado.

O que aprendemos em nossa maturidade é que não existe arsenal completo capaz de nos defender e atacar em todas situações vivenciais. Nossa vulnerabilidade é explicita e por isto não existe colete à prova de bala nos protegendo integralmente. E têm alvos imunes aos poderios de nossas armas, por mais fortes que elas sejam.

Juarez Alvarenga é Advogado e Escritor

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