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A vocação é uma palavra muito significativa em nosso idioma. Um dos seus sentidos mais importantes é o que expressa o chamado que recebemos para experenciar a vida: dom de Deus que nos coloca em contato com o mundo, que nos faz pertencer a uma família e a uma comunidade e que nos dá a chance de construir a nossa própria história. Por isso podemos dizer que existir é a mais importante vocação.

Como dom inestimável de Deus, a vida não pode ser encarada nem vivida de qualquer forma. É preciso que ela seja um projeto que parta do próprio projeto divino, isto é, que ela seja vivida a cada dia com intensidade, com dignidade e com amor. Sem dúvidas, poderíamos comparar essa vocação essencial que temos à parábola evangélica do tesouro no campo (Lc 13, 44). Quando descobrimos algo valioso, damos tudo o que temos para possuí-lo. Esse bem essencial, pela misericórdia de Deus, já nos foi concedido. Todos nós possuímos o tesouro valioso, cabendo-nos, assim, o dever irrenunciável de cuidar dele e desenvolvê-lo da melhor forma possível.

Por não darmos uma justa valorização à vida, existem hoje muitas posturas e “filosofias” que apequenam a nossa existência e tentam apagar a beleza e a importância dessa vocação essencial. Os meios de comunicação social são, em parte, promotores de uma visão deturpada da vida quando incentivam o consumismo, o erotismo do corpo, a exclusão de pessoas, o abuso da liberdade e propagam uma cultura de morte, que é o oposto radical da que promove a vida digna para todos. A religião também poderá ser um mecanismo não vocacional se ela deixar de contribuir para a formação integral de uma pessoa humana consciente e que viva em harmonia com as “coisas da terra e do céu”. Alienar a pessoa de sua vida presente é tirar-lhe o direito de construir história e de realizar-se vocacionalmente.

Família e vocação à vida são duas concepções inseparáveis. Ninguém poderá fazer a experiência do mundo se antes não for acolhido no seio de uma família. Podemos, desse modo, afirmar contundentemente que a família é onde essa vocação essencial é promovida, incentivada, amada e desejada com intensidade. Toda vez que pessoas decidem se unir em família, acontece a construção de pontes para a promoção e surgimento da vocação essencial ao existir. Ora, nessa lógica pode-se dizer que, ao se atacar e ferir a família, consequentemente se estará imprimindo fortes golpes à vocação à vida.

A comunidade autêntica e humanizada é também um local privilegiado para a concretização da vocação existencial. Pensadores antigos já afirmaram que nós somos seres comunitários, por isso dependemos uns dos outros para que a nossa vida seja melhor e ganhe mais sentido. Pessoa alguma se realizará profundamente enquanto ser que existe no mundo da vida se optar pelo isolamento, pelo egoísmo e pela renúncia às relações interpessoais. Jesus afirma que ninguém acende uma lâmpada para colocá-la embaixo da cama (Mt 5, 15), ou seja, possuir o dom maravilhoso e deixá-lo trancafiado dentro de um mundinho irrestrito e de pouco acesso é um desperdício. Viver significa também conviver!

Reconciliar-nos com a vida é uma meta a que todos deveríamos visar, pois vida bem vivida é sinônimo de felicidade, de realização e  de vocação autêntica. O mês de agosto é um ótimo tempo para refletirmos sobre como está a nossa vida e sobre o que podemos fazer para torná-la melhor e mais humana. Uma boa dica é nos aproximar de Jesus, pois poderemos encontrar Nele o verdadeiro sentido da existência, tesouro valioso, que não se desgasta com o tempo, porque Ele mesmo nos diz: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. (Jo 14, 6). Uma vez encontrado esse sentido, nada de egoísmo, temos uma comunidade inteira que espera ser vocacionalmente realizada também. E essa é a nossa segunda vocação: cuidar dos outros!

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Padre Ednaldo Barbosa

Pároco da Matriz – Três Pontas

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