Desde o início da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), os organismos de saúde de todo o mundo apontam uma relação de gravidade maior nos casos de infecção em pessoas com diabetes e outras condições pré-existentes, como as cardiovasculares. Conexão tira as dúvidas nesta reportagem, com a participação do o médico endocrinologista do Hospital Santa Lúcia, Fernando Martins Alves, que atua na Emergência na área de Clínica Médica e no acompanhamento endocrinológico de pacientes.
1 – Que relação já foi cientificamente apontada entre a diabetes e maior risco de letalidade por conta do Covid-19?
Pessoas com diabetes não têm maior probabilidade de contrair Covid-19 do que a população em geral. O problema que elas enfrentam é, principalmente, a gravidade da doença. Esses pacientes têm apresentado taxas muito mais altas de complicações graves e morte do que as pessoas sem diabetes. Além disso, quanto mais condições pré-existentes de saúde alguém tem, a exemplo de doenças cardíacas, maior a chance de complicações graves.
Se a diabetes for bem gerenciada, o risco de ficar gravemente doente com o Covid-19 é quase o mesmo que a população em geral. Já quando o problema não é bem controlado e os indivíduos experimentam açúcar no sangue flutuante, correm o risco de sofrer uma série de complicações relacionadas porque a capacidade do corpo de combater uma infecção no diabético está comprometida.
As infecções virais podem aumentar a inflamação ou inchaço interno em pessoas com diabetes. Isso também é causado por açúcar no sangue acima da meta e ambos podem contribuir para complicações mais graves. Quando doentes com uma infecção viral, esses pacientes enfrentam um risco aumentado de cetoacidose diabética (CAD), que pode tornar difícil gerenciar a ingestão de líquidos e diminuir os níveis de eletrólitos, fundamentais no gerenciamento da sepse (infecções).
2 – O que pacientes diabéticos devem fazer caso suspeitem de infecção pelo coronavírus?
Os pacientes diabéticos devem ficar mais atentos quanto aos sintomas, que são os mesmos da população em geral, porque podem evoluir de forma mais grave. Se sentirem febre, cansaço com atividades corriqueiras, queda da oxigenação e elevação da pressão arterial, frequência cardíaca e frequência respiratória, devem procurar imediatamente a Emergência de um hospital ou o seu médico para uma avaliação.
3 – Os efeitos mais intensos da Covid-19 também são sentidos por quem tem diabetes controlada?
Qualquer pessoa pode apresentar os efeitos mais intensos da contaminação pelo coronavírus. Todavia, quem tem diabetes controlado corre o mesmo risco das pessoas sem diabetes.
4 –O Santa Lúcia está preparado para atender a esse perfil de pacientes?
Com certeza o Santa Lúcia está preparado. Temos o melhor corpo clínico e a melhor estrutura do Centro-Oeste e, mesmo antes da confirmação dos primeiros casos no Distrito Federal, o Hospital já tinha uma área com mais de 20 leitos com médicos específicos e equipe de enfermagem somente para esse tipo de pacientes. Além disso, se for necessário, a infraestrutura do Santa Lúcia permite que mais leitos de UTI sejam constituídos.
5 – Ao que a população precisa estar mais atenta?
Estamos em uma crise sem precedentes e precisamos ter todo o cuidado. Está na hora de ficarmos em casa. O número de casos já está aumentando e ainda estamos no início. Temos uma guerra pela frente e temos que estar preparados para ela.
A Covid-19 está provando ser uma doença mais séria do que a gripe sazonal em todos, incluindo pessoas com diabetes. As precauções de segurança recomendadas são as mesmas da gripe, como lavar as mãos com frequência e cobrir tosses e espirros com um lenço de papel ou com o cotovelo. Não é recomendado o uso de máscaras faciais por pessoas que não estão infectadas.
6 – O que fazer para cuidar de um membro da família infectado?
Para pessoas com condições de saúde subjacentes, incluindo diabetes, os membros saudáveis da família devem se comportar como se representassem um risco significativo para eles. Por exemplo, devem lavar as mãos antes de alimentá-las ou cuidar delas. Se possível, deve ser disponibilizado um espaço protegido para os membros vulneráveis da família e todos os utensílios e superfícies devem ser limpos regularmente.
Se um membro da sua família estiver doente, dê-lhes o próprio quarto, se possível, e mantenha a porta fechada. Tenha apenas uma pessoa cuidando deles e considere fornecer proteções adicionais ou mais cuidados intensivos para aqueles acima de 65 anos ou com condições de saúde subjacentes.
7 – Quais os sinais de alerta de emergência?
Se você desenvolver sinais de alerta de emergência para Covid-19, procure atendimento médico imediatamente. Nos adultos, eles incluem:
• Dificuldade para respirar ou falta de ar;
• Dor ou pressão persistente no peito;
• Confusão ou incapacidade de despertar;
• Lábios ou rosto azulados.
Fonte Hospital Santa Lúcia
www.facebook.com/conexaotrespontas
Roger Campos
Jornalista
MTB 09816
#doadorsemfronteiras
Seja Doador de Médicos sem Fronteiras