Ações on-line chamam a atenção dos homens para a saúde, já que 50 mil brasileiros deixaram de receber o diagnóstico de câncer na pandemia

Neste ano em que os olhares estão voltados para a pandemia pelo novo coronavírus, muitas doenças continuam existindo e afetando a vida de milhares de brasileiros, entre elas o câncer de próstata. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), somente para 2020 são esperados 65.840 novos casos, porém podem não ser diagnosticados a tempo por conta do isolamento social. No Brasil houve uma queda de 70% das cirurgias oncológicas e uma queda de 50% a 90% das biópsias enviadas para análise, estimando-se que entre 50 mil a 90 mil brasileiros deixaram de receber diagnóstico de câncer nesse período.

Em relação à próstata, dados do laboratório Mont’Serrat (RS) mostram uma queda de 38% nos pedidos de PSA no período de março a junho de 2020 comparados a março a junho de 2019. Outro grande laboratório de alcance nacional apresentou queda de 18% no mesmo período de comparação.

Pensando nessa realidade que envolve a importância da obtenção do diagnóstico precoce e da continuidade do tratamento, mesmo em tempos pandêmicos, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) segue realizando no mês de novembro mais uma edição do Novembro Azul, que visa conscientizar os homens sobre a sua saúde.

É muito importante que os homens tenham acesso à informação se são do grupo de risco, quando devem procurar o médico e quais problemas podem acometê-los por meio de campanhas educativas como o Novembro Azul.

O secretário-geral da instituição, Dr. Alfredo Canalini, ressalta que a campanha tem aspectos positivos que vão além do alerta para a necessidade do diagnóstico precoce do câncer de próstata. “É um processo que lentamente vêm mudando o comportamento do homem em relação aos cuidados com a saúde masculina como um todo. Desde 2008, através da publicação do Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, o governo federal reconhece a necessidade de investir no atendimento dos homens, que têm expectativa de vida inferior aos das mulheres que, desde há muito tempo, têm o hábito de rotineiramente fazerem exames preventivos”, apontou.

CÂNCER E OUTRAS DOENÇAS DA PRÓSTATA

Do tamanho de uma castanha e localizada abaixo da bexiga, a principal função da próstata é produzir uma secreção fluida para nutrição e transporte dos espermatozoides. Ao longo da vida a glândula pode desenvolver três doenças: a prostatite (inflamação), a hiperplasia prostática benigna – HPB (crescimento benigno) – e o câncer.

A prostatite chega a atingir cerca de 30% dos homens. Pode causar ardor ou queimação ou um desconforto durante o orgasmo, esperma de cor amarelada, vontade frequente para urinar etc. A principal causa para a doença são uretrites, como a gonorreia, após relacionamentos com parceiras com infecções ginecológicas e ainda após relação anal sem preservativo.

A doença pode atingir cerca de 50% dos homens acima de 50 anos e provoca aumento da frequência urinária diurna, diminuição da força e do calibre do jato urinário, demora para iniciar a micção, sensação de urgência para urinar, entre outros sintomas. “Além de prejudicar a micção, a HBP pode afetar o funcionamento da bexiga e dos rins, demonstrando a importância de se fazer uma identificação precoce dos sintomas, bem como o tratamento imediato.

O câncer, por sua vez, não costuma apresentar sintomas em fases iniciais, quando em 90% dos casos pode ser curado se diagnosticado precocemente. Ao apresentar sintomas significa já estar numa fase mais avançada e pode causar vontade de urinar com frequência e presença de sangue na urina ou no sêmen.

Não existe modo melhor de enfrentarmos uma doença do que diagnosticá-la no início, as opções e a efetividade dos tratamentos aumentam, podendo-se obter a cura. A introdução dos exames de detecção precoce do câncer prostático, há mais de vinte anos, resultou em queda da mortalidade pela doença em vários países.

Alguns fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de próstata são: histórico familiar de câncer de próstata em pai, irmão ou tio e homens da raça negra. A recomendação é que os homens, a partir de 50 anos, e mesmo sem apresentar sintomas, devem procurar um profissional especializado, para avaliação individualizada tendo como objetivo o diagnóstico precoce do câncer de próstata. Os homens que integrarem o grupo de risco (raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata) devem começar seus exames mais precocemente, a partir dos 45 anos.

* Fonte: Dados levantados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e Sociedade Brasileira de Patologia (SBP)

Dr. Fernando Gouvea – Médico Urologista

 

 

 

 

 

 

 

 

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