Infelizmente as mulheres continuam sendo vítimas frequentes da selvageria e agressividade de muitos homens. Todos os dias ocorrências de agressão contra a mulher são registradas em Três Pontas. E pra piorar, nem todos os casos de socos e pontapés contra as mulheres chegam ao conhecimento das autoridades policiais, devido ao medo e a dependência que a vítima tem do seu agressor.

Maria da Penha participa da campanha homem de verdade não bate em mulher.

Chega a impressionar a quantidade de chamadas que a Polícia Militar de Três Pontas recebe, principalmente no período da noite ou madrugada dando conta de novos episódios de agressão e lesão corporal contra as mulheres. Praticamente não se passa uma noite sequer sem registro. E na grande maioria dos casos, que confira crime dentro da lei maria da penha, são os companheiros ou maridos os grandes algozes. mas também há registros de filhos, principalmente sob o efeito de drogas, agredindo suas mães.

Na madrugada desta segunda-feira (15) mais um caso chamou a atenção da nossa reportagem. Um trespontano que reside no Rio de Janeiro, veio à Três Pontas e se abrigou na casa de familiares. Agrediu fisicamente uma prima e em seguida fugiu, inclusive acreditando-se que o agressor tenha voltado ao Rio de Janeiro. A vítima registrou o Boletim de Ocorrência e não foi necessário o exame de corpo delito.

A cada 1h, duas mulheres sofrem algum tipo de violência no Sul de MG

Caso Edvânia Nayara, agredida brutalmente em um clube por Felipe Neder (marido de uma delegada da mulher em Três Corações) ganhou repercussão nacional. Conexão esteve em TC cobrindo o caso.

Um estudo sobre violência doméstica e familiar, divulgado esta semana pela Secretaria de Estado de Segurança Pública de Minas Gerais, aponta que, a cada 1h, duas mulheres sofreram algum tipo de violência no Sul de Minas. A média vem se mantendo nos últimos dois anos, mesmo com um leve aumento nos números absolutos em relação a 2015 e uma pequena redução no comparativo com 2014. O documento ainda mostra que 46,43% dos casos correspondem a violência física e que ao menos duas mulheres foram mortas por mês no último ano na região.

O “Diagnóstico da violência doméstica e familiar em Minas Gerais” analisou registros feitos nos 853 municípios do estado pela Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros nos anos de 2014, 2015 e 2016. A natureza dos crimes contra a mulher foi dividida em seis categorias: física (que envolve agressão, lesão corporal, homicídio e tortura), psicológica (como abandono, maus-tratos e ameaça), sexual (considerando não apenas o estupro, mas o assédio e qualquer manifestação que agrida a intimidade da vítima), patrimonial (extorsão, dano, roubo, estelionato), moral (calúnia, injúria e difamação) e casos em que a violência sofrida não foi tipificada.

Por se basearem em boletins de ocorrência, os dados possivelmente estão aquém da realidade enfrentada pelas mulheres no Estado, conforme indica a Secretaria de Segurança Pública, mas são uma referência para as políticas públicas nos municípios. O relatório traça um perfil de vítimas e agressores.  Elas estão em todos os grupos étnicos e sociais e 73% das agredidas têm entre 18 e 44 anos. Eles são, em sua maioria, companheiros e maridos (38% das denúncias) ou ex-companheiros (o que corresponde a 31% dos casos).

Lucila de Gois Vasconcelos, Delegada da Mulher em Pouso Alegre: ‘O problema vai além da questão policial’

“Na maior parte dos casos, a vítima nos procura quando há uma agressão física, mas a violência doméstica é progressiva e cíclica. Isso é um fato. Começa com uma ofensa verbal, vai para uma ameaça, depois progride para um empurrão, para uma lesão um pouco maior e, depois, eventualmente, para um homicídio ou uma tentativa de homicídio”, observa a delegada da mulher Lucila Vasconcelos.

“E é um ciclo porque, logo após o crime, o autor vai pedir perdão para a vítima, vai se retratar, ele vai falar que nunca mais vai fazer aquilo e que vai mudar o comportamento. Aí tem aquele período de ‘lua-de-mel’. Aí ela volta aqui, retira a queixa (nos casos em que a lei permite) , daí eles passam por esse período. Depois vai acontecer outro período crítico e vai acontecer outro crime”, aponta a delegada.

Conforme dados da Sedese, 492 mulheres com idades entre 18 e 59 anos foram atendidas em unidades do Creas no Sul de Minas em 2016. Em janeiro, 39 mulheres buscaram apoio, apresentando-se como vítimas de violência dentro da família.

 

Com informações do G1

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Roger Campos

Jornalista

(MTB 09816)

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