Paulo Luís culpa antecessor pela saída da entidade

A Casa Pietá de Três Pontas, que cuida da recuperação de dependentes químicos foi “despejada” do local onde montou toda a estrutura para atender dependentes químicos: o Parque Vale do Sol, em Três Pontas. A decisão, segundo o presidente da Casa Pietá, Marcelo de Paula Lopes, foi tomada pela juíza Dra. Raissa Figueiredo Monte Raso Araújo, que fez cumprir um decreto que protege aquela área tombada pelo patrimônio ambiental e histórico. Com isso, a Pietá teve até o sábado, dia 09 de abril, para desocupar completamente o local, o que foi feito.

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Atualmente a Casa Pietá está atendendo em um local improvisado cedido provisoriamente por um servo desse trabalho importante acompanhado pela Igreja Católica.

Nossa reportagem conversou com exclusividade com a Juíza Dra. Raíssa Figueiredo Monte Raso Araújo e com o Prefeito Paulo Luís Rabello sobre o caso:

Paulo Luís Rabello – Prefeito Municipal

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“Primeiramente eu quero dizer que vejo com muita tristeza e preocupação a saída da Casa Pietá do Parque Municipal Vale do Sol. Mas quero lembrar que isso só aconteceu devido a um grande erro cometido por quem estava sentado na cadeira de prefeito antes de mim, por ter cedido o Parque Vale do Sol à Casa Pietá apesar de o mesmo não pertencer a Prefeitura.

Como que alguém pode dar uma coisa, um local que não lhe pertence, sem pensar nas consequências que isso pode acarretar? E deu no que deu. E muitos vereadores da época que votaram favoravelmente a essa situação, ou seja, autorizando essa suposta doação estão sendo processados. Hoje, na minha gestão, nenhum vereador está sendo processado. É a diferença da forma de se conduzir as coisas.

Eu sempre procuro fazer as coisas com correção, evitando qualquer tipo de problema, principalmente no campo jurídico. Por fim, quero informar aos leitores do Conexão Três Pontas que estive reunido com o Padre Ednaldo Barbosa, Pároco da Matriz, para tratar desse assunto. Foram oferecidos vários locais para a Casa Pietá, mas não houve aceitação de nenhum deles devido a distância. A Prefeitura está tentando fazer o que pode para ajudar nessa questão a Casa Pietá e espero conseguir encontrar uma solução, corrigindo um erro do passado, que não é meu”, pontuou.

Dra Raíssa – Juíza de Direito da Comarca de Três Pontas

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“Na verdade o que aconteceu foi que o Município entrou na Justiça pedindo uma reintegração de posse, requerendo aquele imóvel, por se tratar de uma área tombada e que teriam ocorrido alterações naquele local sem devidas autorizações. Inclusive houve por parte da Prefeitura uma manifestação dizendo que a Pietá não poderia estar lá da forma como estava. Na verdade não houve uma decisão judicial para que houvesse a desocupação, porque foi marcada uma audiência de conciliação e naquela oportunidade, 29 de outubro de 2014, o então presidente da Pietá, Norian Marcelino, acompanhado por seu advogado, fez um acordo com o Município se comprometendo a desocupar o local até 20 de abril de 2015.

Então foi concedido esse prazo para a desocupação mediante acordo assinado pelo então presidente. Como não houve a desocupação no prazo que eles mesmos acordaram, a Casa Pietá veio pedindo algumas prorrogações, que acabaram sendo aceitas. Eu não teria autonomia para mexer nisso. Mas o Município foi concordando com as prorrogações, assim como o Ministério Público.

Mas, infelizmente agora, nem o Ministério Público e nem a Prefeitura concordaram mais com a prorrogação. Em razão disso fez-se cumprir o acordo que a própria Pietá, através de seu antigo presidente, firmaram”, explicou.

O TRABALHO DA CASA PIETÁ

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Marcelo Lopes, presidente da Casa Pietá, disse ao Conexão que a situação era irremediável, já que o despacho da Juíza foi em caráter improrrogável. “Nós estamos muito tristes. Nós pegamos o Vale do Sol completamente abandonado, servindo para uso de drogas e orgias. Cuidamos e revitalizamos tudo. Montamos até uma capela para as orações diárias, já que o nosso trabalho tem um fundo religioso, ligado a Igreja Católica. Infelizmente a situação chegou nesse ponto. Lutamos durante três anos para tentar reverter esse quadro, mas não foi possível. Tentamos ajuda e apoio de várias pessoas, entidades e órgãos públicos. O prefeito Paulo Luís até disse que arrumaria um outro local e que pagaria o aluguel para a Pietá, mas não se encontra imóveis disponíveis. E então a realidade é essa”,  desabafou, bastante emocionado.

A Casa Pietá estava atendendo 13 dependentes químicos, lhes oferecendo moradia, alimentação e acompanhamento espiritual. Depois das notícias do “despejo”, a entidade parou de abrigar novos assistidos e algumas pessoas inclusive deixaram o local. Atualmente são apenas 7 pessoas que se tratam e que dependem da Pietá para sobreviver.

A Casa Pietá se mantem com muitas dificuldades. Recentemente conseguiu através de um projeto de Ministério Público o recebimento de R$8.000,00 para a compra de utensílios e equipamentos. A entidade conta esporadicamente com a ajuda de 18 cooperados. Mas as despesas são grandes e o dinheiro arrecadado quase sempre é insuficiente.

As visitas na Casa Pietá acontecem aos domingos e os internos precisavam ficar pelo menos 5 meses reclusos, sem contato com a rua para obterem um resultado esperado no tratamento de desintoxicação de álcool e drogas. Ou seja, ter um espaço é fundamental para que essas pessoas, muitas abandonadas pela própria família, consigam lutar contra o vício e tentar a cura através da fé, do trabalho e dos pensamentos positivos.

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