Conexão explica medidas de saúde que devem ser adotadas após mordida de cães ou gatos e também explica a questão legal (jurídica). Cabe processo?

De acordo com apuração do Conexão Três Pontas, a criança mordida por um cachorro no centro de Três Pontas, onde as imagens foram captadas por uma câmera de vigilância eletrônica e repercutidas ontem, quinta-feira, 03 de fevereiro, felizmente passa bem. Ela tem aproximadamente 4 anos de idade e foi socorrida junto ao Pronto Atendimento Municipal. Nesta reportagem especial o Conexão explica as providências tanto no âmbito da saúde (socorro) quanto na questão jurídica (cabe processo ao dono de um animal que morde alguém?).

Nas imagens que viralizaram nas redes sociais é possível ver a criança, na companhia de sua mãe,  sendo atacada pelo animal, que, tudo indica, tem dono, mas o mesmo não foi localizado. Outras pessoas, que presenciaram a cena, correram para ajudar. Um professor de jiu-jitsu ouviu os gritos e correu para salvar a criança. “Nunca vi o cachorro ali. Mas ele estava bem tratado e parece ter dono. Sou faixa preta e professor de jiu jitsu. Não pensei duas vezes, os treinamentos me ajudaram a socorrer a menina, dei um ‘mata leão (golpe tradicional da modalidade) no cachorro e a medida que ele amoleceu, ficou mais fácil fazê-lo largar a região da costela da menininha”, contou Felipe Reis Santos.

O animal da raça pitbull foi encontrado pela Polícia Miliar, amarrado, mas sem ferimentos. Foi levado à zona rural, mas teria fugido. A garotinha foi encaminhada por populares ao PAM local. O dono do cachorro ainda não foi identificado. A PM registrou a ocorrência.

O médico e Diretor do PAM, Dr. Lucas Erbst disse para nossa reportagem que a criança, que não teve a identidade revelada, “não precisou ficar internada e que felizmente não sofreu lesões com gravidade”.

“Nós seguimos todo o protocolo de atendimento que é preconizado pelo Ministério da Saúde em casos de mordida de cachorro, como o ocorrido em questão. Além do atendimento fizemos a completa vacinação contra a raiva. Ela recebeu todo suporte necessário aqui no Pronto Atendimento. E o que podemos dizer, tranquilizando as pessoas que viram o vídeo e a todos, é que a menininha, graças a Deus, passa bem”, disse Dr. Lucas.

Imagem Redes Sociais

Entenda a Raiva

A raiva é uma doença grave e pode levar à morte em quase 100% dos casos. Os principais sintomas em humanos são: coceira, dor de cabeça e coma.

Nos animais, pode haver muita salivação, mudança de comportamento (que deve ser observado por dez dias após a mordida), fuga ou morte. Caso o animal seja desconhecido, é preciso se vacinar. Se tiver com a dose em dia, apenas observe os sintomas e, caso haja alguma mudança, procure um médico ou veterinário.

Segundo a infectologista Rosana Richtmann, os dentes do gato são mais afiados e podem, além de raiva, transmitir tétano e outras bactérias. Se os cortes forem pequenos, não se devem fazer pontos, para evitar complicações.

De acordo com o Ministério da Saúde, o governo federal distribui a todos os estados lotes da vacina antirrábica para animais. A liberação prioriza as regiões com o maior número de casos: o Nordeste, Pará e Mato Grosso do Sul. Em seguida, vêm a Região Norte e algumas cidades do Centro-Oeste.

As doses são aplicadas por agentes dos estados e municípios, que também promovem campanhas de acordo com a necessidade.

Cachorro com a doença da raiva.

Primeiros Socorros em caso de Mordida

Os primeiros socorros em caso de mordida de cachorro ou gato são importantes para evitar o desenvolvimento de infecções no local, pois a boca destes animais normalmente contém um elevado número de bactérias e outros microrganismos que podem causar infecções e até doenças graves, como a raiva, que afeta o sistema nervoso.

Sintomas da Raiva Humana

A raiva humana, também conhecida como hidrofobia, é uma doença viral em que o sistema nervoso central (SNC) fica comprometido e pode levar à morte em 5 a 7 dias, se a doença não for devidamente tratada.

Esta doença pode ser curada quando a pessoa procura ajuda médica logo que é mordida por um animal infectado ou quando surgem os primeiros sintomas.

O agente causador da raiva é o vírus rábico que pertence à ordem Mononegavirales, família Rhabdoviridae e gênero Lyssavirus. Os animais que podem transmitir raiva aos humanos são principalmente cães e gatos raivosos, mas todos os animais de sangue quente também podem ser infectados e transmitir ao homem. Alguns exemplos são os morcegos que consomem sangue, animais de produção, raposa, guaxinim e macacos.

Os sintomas da raiva em humanos começam aproximadamente 45 dias após a mordida do animal contaminado, já que o vírus precisa chegar no cérebro antes de provocar qualquer tipo de sintoma. Assim, é comum que a pessoa já tenha sido mordida há algum tempo antes de apresentar qualquer sinal ou sintoma.

No entanto, quando surgem, os primeiros sintomas costumam ser semelhantes aos de uma gripe e incluem:

_Mal estar geral;
_Sensação de fraqueza;
_Dor de cabeça;
_Febre baixa;
_Irritabilidade.
_Além disso, no local da mordida também podem surgir algum desconforto, como a sensação de formigamento ou picadas.

À medida em que a doença vai se desenvolvendo, começam a aparecer outros sintomas relacionados com a função cerebral, como ansiedade, confusão, agitação, comportamento anormal, alucinações e insônia. Quando surgem sintomas relacionados com a função cerebral, geralmente a doença é fatal e, por isso, a pessoa pode ser internada no hospital apenas para fazer medicação diretamente na veia e tentar aliviar o desconforto.

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Como acontece a transmissão?

A transmissão do vírus da raiva acontece por contato direto, ou seja, é preciso que a saliva do animal ou da pessoa infectada entre em contato com uma ferida na pele ou com as membranas dos olhos, do nariz ou da boca. Por esse motivo, a causa mais comum de transmissão de raiva é através da mordida de um animal, sendo mais raro que a transmissão aconteça através de arranhões.

Como identificar um animal com raiva?

Numa primeira fase da infecção, os animais infectados pelo vírus da raiva podem se apresentar sem forças, com vômitos constantes e perda de peso, no entanto, esses sintomas acabam progredindo para salivação excessiva, comportamento anormal e automutilação.

Como prevenir a infecção?

A melhor forma de se proteger da raiva é vacinar todos os cães e gatos com a vacina antirrábica, porque assim, mesmo que seja mordido por um destes animais, como estes não ficarão contaminados, a pessoa, se mordida, não ficará doente.

Mordida de Cão ou Gato: procure ajuda médica urgentemente!

Em caso de mordida de cachorro ou gato, o Ministério da Saúde recomenda que as pessoas procurem logo um posto de saúde ou o pronto socorro para tomar a vacina contra a raiva. São aplicadas até cinco doses, dependendo do caso.

Quais os riscos de uma mordida de cachorro?

As mordidas de cachorro podem causar quatro tipo de lesões, sendo elas: arranhão, dilaceração, perfuração ou esmagamento. Todavia, a gravidade da lesão vai depender da raça, força e intensidade do ataque. Assim, cada tipo de lesão exigirá um tipo de tratamento, pois causam diferentes complicações.

Quanto tempo depois de ser mordida por cachorro posso tomar a vacina?

Se a vacina estiver indicada, deve ser dada o mais rápido possível mas pode ser feita até 72 horas da exposição. Se o soro estiver indicado, ele deve ser aplicado o mais rápido possível, antes da vacina e se não for, deve ser feito até 7 dias após o acidente.

Precisa tomar antitetânica para mordida de cachorro?

Na maioria dos casos, o médico recomendará uma vacina antitetânica após uma mordida de cachorro, se você não tiver tomado a vacina antitetânica nos últimos cinco anos.

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Devemos lavar a ferida após ser mordido?

Assim que acontecer a mordida, você deve lavar a ferida com muito sabão e água corrente por um período mínimo de cinco minutos. Depois, estanque o sangue com uma toalha limpa e procure ajuda médica. No hospital, o médico vai fazer uma limpeza na ferida e receitar antibióticos, para combater a infecção.

Como denunciar cachorro violento na rua?

As denúncias podem ser feitas pelo telefone 0800 61 8080 (gratuitamente) ou pelo e-mail para [email protected]. O IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) as encaminhará para a delegacia mais próxima do local da agressão.

Se um cachorro atacar alguém, o dono é obrigado a indenizar?

Tido como melhor amigo do homem, companheiro fiel, protetor e afetuoso, o cachorro certamente não goza do mesmo conceito entre os carteiros. Ele é um dos principais causadores de acidentes de trabalho para os funcionários dos Correios.

CARTEIRO ATACADO POR CACHORRO

Recentemente, o Superior Tribunal de Justiça – STJ analisou um caso que envolveu o ataque de cão da raça pit bull a um carteiro. Enquanto o carteiro trabalhava, o cachorro pulou o muro da casa onde vivia e atacou o homem de 63 anos, o deixando gravemente ferido. A vítima teve a perna direita muito machucada e precisou passar por cirurgia, e em decorrência das lesões, o carteiro foi aposentado por invalidez.

As despesas médicas – que totalizaram R$ 17.784,15 – foram custeadas pelo plano de saúde dos Correios.

Na tentativa de reaver os valores, os Correios ajuizou ação contra o dono do animal, mas o Tribunal Regional Federal da 4ª Região julgou o pedido improcedente, e a empresa recorreu então ao STJ. O ministro Luis Felipe Salomão, relator do REsp 1.379.885, explicou não ser possível modificar a decisão porque o pedido de ressarcimento dos valores não deveria ter sido feito pela empregadora do carteiro – no caso, os Correios –, e sim pela pessoa jurídica do plano de saúde.

Imagem Ilustrativa

A RESPONSABILIDADE DO DONO DO ANIMAL

Cumpre lembrar que o art. 936 do Código Civil de 2002 descreve a responsabilidade que o dono tem pelos danos e prejuízos causados por seus animais:

Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior. Por exemplo, se um animal atacar alguém, ou destruir algo de outra pessoa, o dono deverá ressarcir o prejuízo.

A responsabilidade referida no mencionado artigo trata-se de responsabilidade objetiva, ou seja, não há necessidade de prova da culpa do proprietário do animal, basta que o animal cause um prejuízo que seu dono responde.

A lei permite que, se o proprietário provar que houve culpa da vítima, ou que o fato decorreu de força maior, ele não seja responsabilizado.

É importante esclarecer, que no caso analisado pelo STJ, o legitimado para propor a ação de ressarcimento seria o Plano de Saúde, que é o sujeito que realizou as despesas médicas, e não os Correios.

Na linha desse entendimento, cumpre anotar que os Correios, enquanto empregadora, ocupa a posição de estipulante, a quem cumpre, entre outras funções, a fiscalização do serviço prestado pela operadora do Plano, e que sua obrigação tem razão preventiva e assistencial, conforme a legislação de regência (art. 458, § 2º, e IV, da CLT), não se confundindo com a figura do segurador/operador do plano.

CONCLUSÃO:

Portanto, a ação de ressarcimento dos valores despendidos com gastos médicos no caso visto acima, deveria ter sido ajuizada pelo Plano de Saúde, e não pelos Correios.

Mas fique atento, ocorrendo o previsto no art. 936 do Código Civil, é plenamente possível que o dono do animal que causou o dano seja obrigado a repará-lo, salvo se provar culpa da vítima ou força maior.

(Fonte STJ)

Qual a mordida de cão mais forte do mundo?

Kangal. O cachorro com a mordida mais forte do mundo tem origem turca. A força da sua mandíbula pode chegar a 743 PSI, o dobro, por exemplo da mordida de um rottweiller. Há a possibilidade de apresentar até 60 kg e sua altura varia de 65 cm a 78 cm.

*Vale lembrar que cães e gatos são animais dóceis e sobre o comportamento deles pesa fundamentalmente a criação dada pelos seus tutores. Sim, nem todas as raças são iguais, umas mais difíceis que outras, mas os especialistas são categóricos em afirmar que a forma como se educa um cão, independente da raça, definirá sua índole, perfil e comportamento. Enquanto donos, somos responsáveis pela saúde, cuidado e por todas as situações preventivas que envolvem a presença do animal, principalmente em lugares públicos.

SIM!!! Vale muito a pena ter um cão ou um gato, eles preenchem nossas vidas com amor e companheirismo. Desde que tenhamos amor e RESPONSABILIDADE!

Fontes de Pesquisa: JusBrasil, STJ, TuaSaúde, Ministério da Saúde e G1

 

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Roger Campos

Jornalista

MTB 09816

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