Conexão TP_a1

“Enquanto o assassino está foragido meu filho chora a falta do pai.”

77e5403c-0647-4a7b-903f-e8b8125779e1

Nove meses praticamente se passaram. Novas vidas enfeitaram os lares trespontanos. Mas nesse tempo a dor de uma mãe que viu seu filho ser covardemente assassinado continua sangrando. Renato Batista foi morto com um tiro na nuca por Alessandro Pereira dos Reis, que segue foragido. Uma criança, Davi, filho de Renato com Eliane Castelari, que tinha seis meses quando o crime ocorreu, sofre e chora a falta do pai. E é sobre esse enfoque que o Conexão volta ao caso.

Nossa reportagem conversou com Eliane Castelari, que viveu um rápido relacionamento com Renato Batista e que acabou engravidando. Ela falou de tudo que vem ocorrendo nesses 9 meses de dor, saudade e impunidade:

84f90525-7769-4dac-a086-09a68faa83b8

Conexão – Como tem sido a sua vida, criando o filho do Renato sozinha? Como a criança reagiu a isso tudo, a falta do pai?

Eliane – Nada fácil, minha vida  mudou muito, eu não tenho mais ajuda e nem o apoio do Renato para me ajudar na criação do Davi. Meu filho sente a falta do papai dele. Tadinho, ele não pode ver uma moto, um capacete, um boné, que acha que o pai dele tá chegando. As lembranças que ele tem do Renato são coisas que me deixam muito triste.

Ele sente muito a falta do pai. O Davi tinha contato todos os dias com o pai dele. Eu falo que o papai dele foi morar com o Papai do Céu, porque ele ainda não entende as cousas.

Conexão – Como você cria o Davi?

Elaine – Sozinha, não tenho ajuda de ninguém, nem da família e nem dos amigos que me disseram que nunca iam deixar faltar nada para o Davi.

Conexão – O autor do crime, Alessandro Reis, ainda não foi preso. Como você vê isso?

Elaine – Acho muita injustiça tudo isso, um absurdo! Esse monstro ainda está solto e ainda tem pessoas que me falam que ele está lá na própria casa dele, escondido. Cadê as autoridades que não podem ir lá e dar uma busca na casa ou seguir a mulher dele, os parentes ou fazer rastreamento dos telefones?

f4d7441d-af7c-4567-9c2e-fae01c95c24a

Conexão – Você tem acompanhado o caso e cobrado providências por parte da polícia?

Elaine – Tenho sim, eu vou até na promotoria, sempre cobro. A morte dele não pode ficar em vão. Fui na polícia várias vezes  para  saber como está o caso. Eles me disseram que quando eu souber o endereço que o assassino está que é para eu ligar e informar que eles vão prendê-lo. Isso é um absurdo.

Conexão – Quais as novidades do caso?

Elaine – Tudo está do mesmo jeito, como se nada estivesse acontecimento.

Conexão – A motivação do crime foi absolutamente banal: som alto. O que você pensa sobre isso?

Elaine – Não gosto nem de ouvir som mais. Fiquei com trauma, acho que todos deveriam se respeitar, mas não chega e tira a vida de uma pessoa por causa de som não. Meu Deus, onde estamos? Isso é uma monstruosidade, um absurdo.

Conexão – O que você diria ao assassino do pai do seu filho, caso ficasse frente a frente com ele?

Elaine – Nossa, eu acho que a única coisa que eu faria era mostrar meu filho, o filho do Renato para esse assassino. Que direito você teve de tirar a vida de um pai que tinha o sonho de ver o filho crescer? Perguntaria isso a ele.

O Crime

Um crime brutal foi registrado pela Polícia Militar de Três Pontas no início da madrugada da quarta-feira, 27 de julho de 2016. Renato Batista, de 28 anos de idade, foi assassinado com um tiro na cabeça na entrada de sua casa, no bairro Bom Pastor, em frente a Maçonaria, atrás do Cemitério Municipal. O acusado é Alessandro Pereira dos Reis, um comerciante de 44 anos que teria envolvimento com o jogo do bicho, segundo a Polícia Militar.

O crime aconteceu por volta das 00:30. Tudo teria acontecido porque Alessandro, residente na Rua José Gonçalves da Costa nº 93, que já teria um histórico de desentendimento com o vizinho Renato, residente ao lado, no número 103, estaria incomodado com o som alto vindo da casa debaixo.

81

Alessandro, transtornado, saiu de sua casa e teria ido até a casa de Renato. Teria se deparado com a mãe da vítima, pedindo para chamá-lo. Foi quando Renato apareceu na entrada de sua casa e ao perceber que Alessandro estava armado se virou para retornar ao interior da casa, sendo alvejado friamente com um tiro na nuca, ao lado de sua mãe. Alessandro fugiu e Renato acabou sendo socorrido, mas já teria chegado ao Pronto Atendimento Municipal sem vida.

A entrada da casa ficou cheia de sangue. Renato ainda teria pedido para que o socorressem e não o deixassem morrer.

9
Sangue de Renato derramado na entrada de sua casa.

“O assassino não teve amor por um ser humano. Ele deu um tiro na nuca do Renato que estava ao lado da mãe dele.”

44

Três Pontas não registrava homicídio por arma de fogo desde 2010

Três Pontas estava entre as 10 cidades brasileiras com mais de 40 mil habitantes que não registrava uma única morte por arma de fogo desde 2010. Mas essa estatística foi quebrada no início da madrugada de uma quarta-feira (27 de julho de 2016), quando Renato Batista de 28 anos acabou sendo assassinado com um tiro na cabeça dado pelo vizinho Alessandro Pereira dos Reis.

No ano passado, o Conexão conversou com o Tenente Bruno Neves que explicou essa boa estatística de, até então, 5 anos sem um homicídio sequer por arma de fogo em Três Pontas:

1-3-860x450

Saiu uma reportagem na site da Revista Exame abordando sobre estas cidades, com mais de quarenta mil habitantes, que não registraram nenhum homicídio com arma de fogo nos últimos anos. Destas cidades a única mineira é Três Pontas e no Brasil são dez. Na minha opinião isso é uma questão cultural, também a localização que a cidade se encontra, da tranqüilidade, e também do trabalho constante que a polícia faz, principalmente no acompanhamento criminal, na área de geoprocessamento, área de referenciamento, da inteligência de segurança pública aplicada diretamente na questão de polícia preventiva, porque o fato de não ter homicídio com arma de fogo, não quer dizer, que isso é aleatório, isso é em virtude do trabalho da Polícia Militar, pela quantidade de armas que são apreendidas, a quantidade de problemas envolvendo a criminalidade, principalmente o trafico de drogas”, explicou.

Mas infelizmente isso agora é passado e mais uma vida se foi por causa de discussão banal e um homem armado, com arma de fogo, que preferiu resolver na bala sua diferença.

ONDE ESTÁ O ACUSADO DE ASSASSINATO?

Nossa reportagem conversou com pessoas próximas ao acusado de ter matado Renato. essas pessoas comentaram que havia a possibilidade de Alessandro Reis se entregar no início deste ano, o que acabou não ocorrendo.

De acordo com informações apuradas junto a Polícia Civil várias denúncias sobre o paradeiro de Alessandro Reis chegaram até a sede de Delegacia da Polícia Civil. Elas teriam sido checadas, mas Alessandro continua foragido.

A última informação levantada é de que Alessandro estaria escondido numa propriedade rural ou fora do estado de Minas Gerais.

Esse caso não pode ficar impune e o Conexão Três Pontas continuará cobrando! Quem ver esse homem DENUNCIE! Ligue para o 190. Não é preciso se identificar.

12729255_119502638436882_132470154276352212_n

Roger Campos

Jornalista

(MTB 09816)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *