Covid-19 tem atingido pessoas de praticamente todas as faixas etárias

“A Covid-19 é uma doença de todos, mas que mata mais os velhos!”. Esta afirmação muito difundida nos meses iniciais de transmissão do coronavírus em todo mundo está cada vez mais se tornando uma verdade absoluta. Isso porque a pandemia tem contaminado pessoas de praticamente todas as faixas etárias. Aqui em Três Pontas a maioria dos infectados não está no chamado “grupo de risco dos idosos”, embora, segundo especialistas a amostragem seja ínfima, insuficiente para se chegar a alguma conclusão mais precisa.

Mundo

China

A Covid-19 não é uma doença de idosos, mas é um problema que atinge com maior gravidade as pessoas mais velhas, que possuam outras doenças, as chamadas comorbidades.

De acordo com um relatório do mês de março do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) americano, pacientes com mais de 65 anos estavam entre os mais afetados por sintomas graves e pela necessidade de internação e cuidados na UTI. A maior parte das mortes naquele país aconteceu com pessoas acima dos 85 anos.

Esse também foi o cenário da China, em que 80% dos pacientes que morreram pela covid-19 estavam acima dos 80 anos. A taxa de mortalidade nessa faixa etária, aliás, chegou a 18% naquele país, de acordo com as autoridades sanitárias chinesas.

Embora o coronavírus tenha efeitos mais graves em pessoas mais velhas, isso não quer dizer que não tenhamos pessoas jovens na lista de óbitos. Recentemente, a OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou que havia muitas crianças e jovens adultos entre os mortos pela pandemia.

Brasil

São Paulo – SP

No mês de abril, a maioria dos infectados pelo coronavírus no estado de São Paulo tinha menos de 60 anos, segundo levantamento da Secretaria da Saúde.

O coronavírus infectou, principalmente, pessoas entre 20 e 39 anos. Mas as principais vítimas fatais da Covid-19 no estado paulista tinham mais de 60 anos.

Ao todo, Minas Gerais tem 8.011 casos confirmados de coronavírus, sendo 240 mortes por Covid-19. Conforme a secretaria, 3.865 pessoas já estão recuperadas da doença.

Mais 55 casos de Covid-19 foram confirmados no Sul de Minas pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) em novo boletim divulgado nesta quarta-feira (27). Com as novas confirmações, o Sul de Minas passa a ter oficialmente 892 casos da doença, com 31 mortes confirmadas.

Com as novas confirmações, segundo os números da SES-MG, Pouso Alegre lidera a lista de casos no Sul de Minas com 102 registros, sendo três mortes. Extrema tem 77 casos, com três mortes. Varginha aparece com 59 casos e duas mortes e Três Corações tem o mesmo número de registros, mas com uma morte.

“Sete em cada 10 vítimas do novo coronavírus em Minas não são idosos!”

Se a infecção pelo novo coronavírus representa mais risco para a população idosa, em Minas Gerais os mais atingidos pela COVID-19, em números absolutos, são os jovens e adultos entre 20 e 59 anos. Conforme a Secretaria de Estado de Saúde (SES) 76% dos diagnosticados com a enfermidade estão nessa faixa etária no estado.

Três Pontas

De acordo com os números apresentados pela Secretaria Municipal de Saúde, Três Pontas acompanha o “perfil” dos contaminados pela Covid-19 em Minas Gerais, tanto, em relação à sexualidade (maioria homens), quanto à idade, embora, vale reforçar, a amostragem seja muito pequena, em decorrência da falta de testes e de resultados neste momento.

Conforme o Boletim Epidemiológico divulgado na manhã da quarta-feira (27 de maio), Três Pontas tinha registrado 19 casos. Este total inclui uma morte, justamente de uma mulher acima dos 60 anos de idade. A divisão na cidade ficou assim até o fechamento desta reportagem:

Por Sexo: 11 homens e 08 mulheres.

Por idade: Nenhum caso de 0 a 9 anos; 02 casos de 10 a 19 anos; 04 casos de 20 a 39 anos; 10 casos de 40 a 59 anos e apenas 03 casos em idosos com mais de 80 anos.

Boa Notícia

Prefeito Marcelo Chaves Garcia, criador dos “espanta bolinhos” (organizadores de filas), que ganhou elogios e destaque em todo Brasil e até no exterior.

As políticas de prevenção e controle do coronavírus da cidade de Três Pontas, orquestradas pela Prefeitura Municipal, através da Secretaria Municipal de Saúde e envolvimento de profissionais e órgãos que fazem parte de um comitê de enfrentamento à pandemia, tem surtido efeito. A doença no município está, até aqui, aparentemente sob controle. São 19 casos confirmados para uma população de aproximadamente 57 mil habitantes. Médicos falam que, a exemplo de todo Brasil, infelizmente também há subnotificação. Com uma maior testagem, os números podem ser bem maiores.

”Também destaca-se o número de curados. Dos 18 positivados que continuam vivos, 12 já foram oficialmente declarados curados pela SMS.”

Visão dos Especialistas

Mesmo assim, as autoridades reforçam a preocupação para o agravamento do quadro já que muitas pessoas seguem sem respeitar o isolamento social e as aglomerações seguem acontecendo. A falta de uso de máscaras por um percentual ainda grande da sociedade trespontana também liga o sinal de alerta. “Também não se pode descartar o forte frio que já chegou. Isso agrava os problemas respiratórios e leva mais pessoas ao Pronto Socorro, agravando o risco de contaminação do coronavírus. Por isso todo cuidado é pouco”, disseram algumas autoridades de saúde.

Sobre a realidade distorcida de que apenas os idosos estariam sendo contaminados pela Covid-19, nossa reportagem conversou com um dos médicos que está na linha de frente do combate ao vírus chinês. Dr. Eduardo Vasconcelos Camargo disse que o que se tem oficialmente é insuficiente para se chegar a qualquer conclusão, em termos de números ou percentuais. “Como avaliar 19 casos oficiais diante de uma população de 57 mil pessoas e de uma testagem muito pequena? Não dá pra fazer um diagnóstico preciso. São poucos exames ainda que chegaram. O grosso da população não segue o protocolo de cuidados e precisaríamos de muitos outros casos, milhares de pessoas testadas para se chegar a uma estatística mais segura. Muitas pessoas estão assintomáticas. Os mais jovens geralmente tem sintomas mais leves, alguns nem percebem qualquer alteração. E esse perfil de acometimento dos idosos se deu em outras pandemias. Geralmente as complicações são maiores nos idosos”, revelou.

Outro médico consultado pelo Conexão Três Pontas, Dr. Geovanni Barros Pereira, também membro do comitê de enfrentamento, disse que o coronavírus chegou em Três Pontas e felizmente não se alastrou severamente neste primeiro momento. “Quem trouxe o vírus pra cá foi o profissional que circula por outros lugares, como um motorista, um empresário, um engenheiro, pessoas que viajam para outros países e que normalmente estão na faixa etária entre 35 e 40 anos. As primeiras pessoas que vão manifestar são os jovens. Os jovens circulam mais. O vírus não vai escolher ninguém. Todos estão propensos. Mas, claro, os idosos normalmente podem apresentar mais complicações por conta de comorbidades. E toda precaução do idoso pode ajudar a manter esses dados atuais, em relação a essa faixa etária, mais baixos na cidade.”.

Dr. Luiz Roberto Dias, com grande experiência em saúde pública, também abordou o tema: “O idoso tem uma imunidade mais baixa e isso é o principal complicador. Ele tem mais doenças crônico-degenerativas. O jovem e as pessoas que precisam trabalhar ficaram mais expostas e assim têm mais contato, já que boa parte dos idosos ficou em casa. Poucos saíram, muitos seguem orientados e cuidados pelos filhos sem sair à rua. Isso explica porque os jovens estão sendo mais infectados. O vírus não prefere ninguém. Sobre os próximos dias e semanas, acredito que o pico possa piorar nos próximos dois meses por conta do frio nos grandes centros. Pode ter uma tendência de aumento nos casos. A desaceleração pode acontecer dependendo da carga viral. Se essa carga viral for menor poderemos ter contaminações sem gravidade. Mas se a carga for alta, a situação pode realmente se agravar bastante”, declarou.

Dr. Lucas Erbst, diretor clínico do Pronto Atendimento Municipal, já recuperado da Covid-19, falou ao Conexão que essa não é, definitivamente, uma doença de idoso. “É uma doença grave no idoso. O jovem apresenta reações mais brandas. O processo de infecção não varia muito com a idade. Os mais jovens se complicam menos. O número maior de jovens infectados se deve ao isolamento de grande parte dos idosos e ao fato do jovem ter que circular mais, ter que trabalhar. Nem o lazer foi abandonado totalmente. Eu enxergo que a tendência seja que aumente os casos em Três Pontas e em todas as regiões atingidas pelo frio. Temos vários complicadores. Primeiro é o frio, todas as doenças de transmissão respiratória no frio se agravam facilmente, temperaturas baixas pioram situações de doenças virais. Com isso aumentará as notificações. Segundo que chegarão mais testes no SUS e os particulares. Atualmente são 2 casos em média por semana em Três Pontas e pode ser que tenhamos daqui a pouco 2 por dia. Penso que ainda não atingimos o pico. Isso é opinião pessoal minha.”, ponderou.

Com a chegada do frio, Dr. Lucas lembra que alguns cuidados podem ajudar. “A ingestão de líquidos quentes, evitar aglomerações, deixar janelas abertas para que possa haver circulação do ar são fundamentais. Aquela mania de deixar tudo fechado é prejudicial.”, concluiu.

Independente de sexo e de idade, o fato é que todos os cidadãos precisam se cuidar, seguir os protocolos de prevenção. A tendência é que nos próximos meses surja algum tratamento mais eficaz ou até mesmo a tão sonhada vacina. Até lá, todo cuidado é pouco!

Setor de atendimento dos infectados pelo coronavírus no Hospital de Três Pontas.

Curta a página do Conexão Três Pontas no facebook

www.facebook.com/conexaotrespontas

12729255_119502638436882_132470154276352212_n

Roger Campos

Jornalista

MTB 09816

#doadorsemfronteiras

Seja Doador de Médicos sem Fronteiras

0800 941 0808

OFERECIMENTO

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *