A internet virou palco da intolerância. Nas redes sociais se vê e lê de tudo um pouco. Mas parece que o cenário foi desvirtuado, a cena foi toda forjada, adulterada. Ao invés de se aglutinar conhecimento e se trocar boas e enriquecedoras experiências o que se vê e lê aos montes são acusações, ofensas, desafios ridículos, erros crassos de português e até a prática de muitos crimes, como a calúnia, a injúria e a difamação, sem contar coisas ainda piores.
Há registros de pessoas, adolescentes principalmente, que atentaram contra a própria vida por conta de mentiras, chantagem e exposição de fotos nuas ou até de vídeos eróticos da pessoa, sem autorização. No facebook há milhões de perfis falsos apenas para pregar o ódio, o traiçoeiro, o dúbio, o errado.
Santos Dummont quando viu que sua maior criação, o avião, que ele criara para transportar pessoas de um país para outro, interligando nações e aproximando pessoas, se viu desesperado quando o avião foi usado para bombardear outros povos.
E assim a internet e suas redes “insociais” se consolidam, crescem e ao mesmo tempo diminuem as pessoas. Tanto por conta das acusações e comportamentos vis, mas também por tirar das famílias o convívio, a roda de conversa. Em todos os lugares as pessoas já não conversam tanto. Fica cada uma no seu canto, no seu mundinho particular do Facebook e afins no celular.
Eu mesmo já fui vítima de muitos ataques nas redes sociais, principalmente por ter a coragem de opinar, de expressar minhas opiniões. Mas hoje muitas minorias distorceram a concessão de seus direitos e ao mesmo tempo que querem e gritam por igualdade não conseguem respeitar a visão alheia. Ninguém respeita nada. Como diria Martin Luther King Jr “Para declarar guerra não precisa de armas, basta se dizer o que pensa…”.
E no episódio da explosão dos caixas eletrônicos da Caixa Econômica Federal em Três Pontas, essa semana, foi a mesma coisa. Centenas de comentários nas redes sociais e até nos nossos grupos do whatsapp recriminando, julgando e condenando a esmo todos os policiais que não puderam enfrentar os bandidos. Vamos aos pontos diante dessas palavras descalibradas:
É preciso lembrar que estamos falando de seres humanos. Os policiais são nossos servidores, nossos representantes, cuidadores de nossa segurança. Mas já pararam pra pensar quem é que cuida da deles? Pois é! Ninguém!!! O Estado não está nem aí. Não os remunera de forma decente e não oferece o mínimo de garantias para que eles deixem suas casas e famílias e, de peito aberto, enfrentem a criminalidade para nos defender.
Ah, mas eles ganham pra isso… Mentira! Eles não ganham pra morrer. Aliás, o que eles ganham não dá pra viver, imagina se compensa morrer…
E querer que eles, subpreparados, submunidos, em subviaturas, cheguem feito super heróis e acabem com toda bandidagem é utopia, devaneio, viagem pura. Como alguém com 38 enferrujado pode enfrentar alguém com AR15, Escopeta, Submetralhadora e até Fuzil que derruba helicóptero?
Claro que a sociedade clama e espera uma polícia eficiente e combativa. Mas crucificar os policiais porque não trocaram tiros de frente com aquela quadrilha fortemente armada, armada até os dentes, certamente composta por ex-militares ou algum policial rebelado (devido a experiência até pra atirar com apenas uma das mãos), é uma tremenda injustiça ou ignorância da realidade.
Duvido se esses militares fossem filhos, irmãos ou pais desses que tanto criticaram, se seriam a favor deles colocarem a cabeça e o peito a prêmio. Pra quê? Para em seus funerais comoventes os parentes escutarem que eram corajosos e terminar com uma medalha de honra ao mérito ou de bravura?
O crime, essa semana provou aqui, que está muito bem organizado. Já os homens da lei não. Não gozam de nenhuma estrutura e nem do respeito da sociedade que eles tanto tentam defender. Claro que há os corrompidos, os bandidos fardados infiltrados nas corporações. Mas em toda profissão, inclusive na minha e na sua tem os bons e os maus profissionais. Não é?
Acho que o mundo está do avesso. A banana está comendo o macaco. Como pode um país que julga seus policiais ter, por exemplo, Neymar como herói? Como pode um Faustão, na principal emissora e formadora de opinião do pais, dizer que a Thammy Gretchen é um exemplo de lutas e de garra? Ah, me poupem!!!
Heróis são nossos professores que também ganham salário de fome e os nossos policiais e socorristas. Esses sim mereciam ganhar salário de senador. Heroínas são as mulheres que apanham café e criam seus 5, 8 ou 10 filhos com uma miséria de salário. Está tudo errado!
Os políticos roubam o trabalhador todos os dias e não vejo tantos manifestos nas redes sociais.
Vamos lembrar que se houvesse um confronto entre a PM de Três Pontas e os bandidos profissionais muito sangue seria derramado, inclusive de pessoas que nada teriam a ver com a história, vítimas das chamadas balas perdidas, mas que nada têm de perdidas, afinal sempre acham algum coitado. Como medir força entre um 38 obsoleto ou coisa do tipo e do outro lado o que há de mais forte, poderoso e destruidor do armamento militar?
Reclamam tanto do nosso Pronto Atendimento. Já pensou como seria ter que transportar dezenas de pessoas feridas a bala? Isso se houvesse ambulância. Se a do SAMU (que faz um maravilhoso trabalho) não estivesse quebrada mais uma vez.
O que vivemos ali foi um cenário de guerra. Eu fui o primeiro a entrar na agência após as explosões. Aí me exaltaram pela coragem. Mas será que na verdade eu não fui um irresponsável? Afinal poderia ter algum explosivo ali ainda e me matar. Tudo pela notícia, inclusive eu mesmo, morto, virar capa de jornal e ganhar a fama de herói. Bobagem…
Precisamos confiar mais e julgar menos. Precisamos cobrar dos governantes que nós elegemos que apoiem as nossas polícias, que deem a eles todas as condições de nos salvar sem morrer.
Gostaria de ver esses valentões de internet (lugar ideal onde muitos covardes se escondem atrás de fakes para bancar os justos juízes) enfrentar os bandidos ao invés de falar de forma descalibrada tudo que falaram. Claro que temos a liberdade de expressão e ela deve ser respeitada. Mas precisamos medir e pensar no que estamos falando. Afinal pedra lançada e palavra dita não voltam mais…
Não fujo de citar um caso de um anônimo que, por defender arduamente a polícia, desferiu termos e comentários baixos, tristes e imundos contra uma mulher em um dos meus grupos do whatsapp a ponto dela se sentir ameaçada. O que ela disse eu não concordo, mas é a opinião dela e devemos todos respeitar, inclusive essa pessoa que não atendeu minhas ligações e só me respondeu depois que viu que o bicho iria pegar, afinal de contas um Boletim de Ocorrência ou uma Sindicância Interna poderiam acabar ou manchar a reputação desse profissional. Justificar um erro cometendo um pior é uma grande burrice. Afinal quem deve nos defender com ação não pode nos atacar com o verbo… Não é mesmo cara pálida?
Mas, enfim, faço questão de defender a instituição chamada Polícia Militar. Temos aqui a melhor polícia de Minas Gerais e uma das melhores do Brasil. Já ouviram falar em corrupção aqui? Não, claro que não.
Precisamos de mais policiais nas ruas sim, isso é fato. A criminalidade está aparentemente fora de controle. Estamos vivendo um cenário de terror nos últimos dias. Tomara que isso não vire moda. Precisamos de mais viaturas, melhores armas, leis que punam os bandidos e os deixem trancados. Muitas vezes a PM prende e a justiça injusta (devido as leis arcaicas) os solta no dia seguinte.
A força da PM está descalibrada. O julgamento que fazemos deles está descalibrado. O reconhecimento que deveriam ter está sem munição. Enquanto muitos batem no peito nas redes sociais (mundo de ilusão, ironia e glamour) e acusam nossa polícia e fazem até apologia ao crime eu fico do lado do bem, do lado da lei, do lado dos homens de bem. Sou da lado da Polícia Militar sempre!
Aliás está nas mãos deles, na minha opinião, a solução definitiva para o nosso país… E não adianta me colocarem num paredão de fuzilamento por expressar o que penso. Vamos calibrar nossos pensamentos e procurar, juntos, transformar o mundo real e também o ilusório (internet) num lugar ideal para se viver, com segurança e respeito…
Termino deixando uma pergunta: Você será mais um a continuar fazendo uma roleta russa, a colocar e disparar uma arma contra a cabeça de um policial???
Roger Campos
Jornalista
(MTB 09816)